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Ao menos 16 mortos em um atentado suicida em uma estação de trem na Rússia

Foram registrados pelo menos 40 feridos pela explosão provocada por uma mulher em Volgogrado

Ao menos 16 mortos e dezenas de pessoas ficaram feriadas em um ataque suicida em Volgogrado, causado, aparentemente, por uma mulher. A terrorista se explodiu na entrada da estação de trens Volgograd-1, quando os guardas não a permitiram passar e estavam registrando o caso. O fato ocorreu às 12h45, hora local, e da meia centena de pessoas que foi atendida pelos médicos, 27 foram hospitalizadas, várias em estado grave.

"O sistema de segurança na estação impediu que a suicida entrasse na sala de espera, o que fez com que se evitasse um grande número de vítimas", apontou Vladímir Markin, do Comitê de Investigação Russo. "Agora estamos concentrados em ouvir as testemunhas do crime e vamos fazer uma série de análises que permitirão aos investigadores estabelecer todas as circunstâncias do ataque, assim como identificar os mortos e a suicida", acrescentou. Concretamente, foi encontrada a cabeça da terrorista, na qual será feita a análise de DNA.

Os primeiros mortos, além da mulher, foram quatro pessoas do serviço de segurança da estação, que estavam registrando o caso na entrada do edifício. Alguns motoristas de ônibus que se encontravam estacionados fora da estação relataram que a explosão foi tão forte que algumas pessoas foram jogadas na rua, saindo pelas janelas. Havia vários mortos nas escadas de acesso à estação, segundo testemunhas. Especialistas  estimam que a carga explosiva da bomba equivalia a 10 kg de trinitrotolueno (TNT).

Imagens da televisão mostravam o momento da explosão, com uma gigantesca bola de fogo laranja enchendo a entrada da estação e muita fumaça saindo pelas janelas. A evacuação dos turistas, dessa importante estação ferroviária do sul da Rússia, foi feita rapidamente

O tenente geral Alexandr Krávchenko, chefe do ministério do Interior na cidade de Volgogrado, chegou em poucos minutos ao local da tragédia, para onde também voou Vladímir Ústinov, representante do presidente russo, Vladímir Putin, no Distrito Federal do Sul, local que faz parte da citada região.

Volgogrado —que antes se chamava Stalingrado e ficou famosa durante a II Guerra Mundial pela heroica resistência e vitória sobre as tropas nazistas— foi vítima de outro ataque suicida no dia 21 de outubro, quando uma mulher explodiu uma bomba em um ônibus. Na ocasião, a terrorista Naída Asiyálova, de 30 anos, natural do Daguestão, que forma a Federação Russa, causou sete mortes ao se explodir uma bomba. Seu marido, Dmitri Sokolov, um russo convertido ao islamismo, havia sido morto meses antes junto com outros fundamentalistas em um enfrentamento com a polícia na capital do Daguestão, Majachkalá.

O ataque de Volgogrado cria um sério problema para as autoridades, quando falta pouco mais de um mês para o início dos Jogos Olímpicos de Inverno. Agora que os islamistas radicais  levaram sua guerra terrorista foram do Cáucaso do Norte, surgem inquietudes sobre quão seguros serão os Jogos que começam em Sochi no próximo dia 7 de fevereiro.

Dokku Umárov, terrorista checheno que em 2007 anunciou a criação do separatista Emirado do Cáucaso, fez um apelo em julho passado a utilizar todos os métodos possíveis para fazer fracassar os Jogos de Inverno. No entanto, as autoridades russas afirmam que se tomaram todas as medidas necessárias para evitar que em Sochi se produzam atentados terroristas.

Os islamistas radicais são especialmente ativos na região: as principais formações fundamentalistas encontram-se nas repúblicas de Daguestão e Kabardino-Balkaria. Neste ano aconteceram 32 ataques terroristas, segundo o site Kavkazki Uzel (Nó do Caucáso).

A maioria das explosões suicidas em locais públicos são realizadas por mulheres, com frequência chamadas viúvas negras porque, geralmente, perderam seus maridos ou parentes próximos na luta separatista. Os pesquisadores acham que a que se explodiu no domingo é, como Asiyálova, oriunda de Daguestán.

As autoridades regionais entregarão uma recompensa de um milhão de rublos (cerca de 72.000 reais) a cada uma das vítimas do atentado e declararam luto na província entre os dias primeiro e 3 de janeiro; todas as festividades programadas em Volgogrado foram suspensas. Na Rússia a festa de ano novo é a principal do país e é nela quando se enfeita o pinheiro a cujos pés o 'Avô Inverno' -equivalente a San Nicolás, Papai Noel e Santa Claus de outros países-, deixa os tradicionais presentes.

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