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O desemprego nos Estados Unidos cai ao nível mais baixo dos últimos cinco anos

A economia americana cria 203.000 empregos e levou a taxa de desocupação a 7% em novembro, o que pode levar o Federal Reserve a rever sua política de estímulos

Um candidato recheia um pedido, em uma feira de emprego em Columbia.
Um candidato recheia um pedido, em uma feira de emprego em Columbia.Ty Wright (Bloomberg)

A economia dos Estados Unidos criou 203.000 empregos em novembro e a taxa de desemprego recuou três décimos, até os 7%, o que supõe o nível mais baixo em cinco anos, marco do inícioda crise financeira, segundo divulgou nesta sexta-feira o Departamento de Trabalho. O dado era esperado com impaciência porque sua leitura deveria esclarecer algumas coisas sobre o que fará a Federal Reserve (Fed) dentro de duas semanas, já que a incerteza sobre qual será sua decisão sobre os estímulos à economia é geral.

Wall Street antecipava a criação de 180.000 empregos e que o desemprego baixaria uma décima. Desta forma, o balanço que Washington apresentou é melhor do que o esperado e sugere um rendimento sólido da economia no final de ano. A leitura de outubro mostrou  um saldo de 200.000 ocupados,  um resultado muito apropriado, frente à cifra de 203.000 no mês passado. O dado de emprego privado publicado no começo da semana mostrou a criação de 215.000 postos em novembro.

A próxima reunião do Federal Reserve celebra-se no dia 17 e 18 de dezembro. É provável que nela se decida já um primeiro ajuste nos incentivos  que regularmente o Fed injeta na economia, embora seja um pouco menor. O banco central está comprando há um ano 85.000 milhões de dólares ao mês em dívida pública e hipotecária. Desde então, criaram-se empregos nos Estados Unidos numa média de 190.000 postos ao mês. A taxa de desemprego está agora a níveis de novembro de 2008.

Mas, como no conjunto da economia, há muitas peças em movimento no mercado de trabalho. A mais preocupante é o desemprego de longa duração, que afeta 37,3% dos desempregados. A segunda, a baixa taxa de participação trabalhista, que com 63%, está em seu nível mais baixo em três décadas e meia e o desemprego juvenil está em 20,8%. Some-se, ainda, os 7,7 milhões forçados a trabalhar em tempo parcial porque não têm outra opção.

Ao todo há 10,9 milhões de desempregados nos EUA, a primeira vez que esse número fica abaixo dos 11 milhões em cinco anos. A queda explica-se porque 365.000 servidores públicos voltaram a ter um trabalho depois da interrupção temporária das atividades do Governo federal, pelo efeito do debate fiscal em Washington. Além disso, 455.000 pessoas voltaram ao mercado de trabalho, o que explica por que a taxa de ocupação subisse dois décimos.

O desemprego ficou 60 meses seguidos acima dos 7%, algo que só aconteceu depois da recessão de começo dos anos 1980. Se além disso têm-se em conta os 2,1 milhões que estão apartados do mercado de trabalho por desmotivação e os que não são capazes de fazer um contrato em tempo integral, a taxa de subemprego está ligeiramente acima do 13%.

A recuperação do mercado trabalhista está sendo, além de lenta, complexa. Precisa-se um crescimento da economia mais robusto. No terceiro trimestre foi de 3,6%, mas deveu-se a um rearranjo dos estoques, o que antecipa que o quatro trimestre será moderado. Além disso, está a questão da qualidade do emprego que se gera baixos salários e com poucos benefícios sociais.

A questão fiscal foi também um problema para o Fed em setembro e outubro, na  hora de decidir o primeiro passo da estratégia de abandono dos estímulos. O problema é que esse assunto não está também resolvido de um todo, o que poderia ser um convite a atrasar qualquer movimento até a reunião de março, que será a primeira presidida por Janet Yellen.

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