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Seul assegura que Coreia do Norte eliminou um tio do líder Kim Jong-un

Segundo a espionagem sul-coreana, Jang Song-thaek foi destituído em novembro, o que pode "mudar dramaticamente" a estrutura de poder do país

Jang Song-thaek (esquerda), e seu sobrinho Kim Jong-um, em 2012.
Jang Song-thaek (esquerda), e seu sobrinho Kim Jong-um, em 2012.KYODO (REUTERS)

O tio do líder norte-coreano Kim Jong-un, considerado o poder real por trás de seu sobrinho e um dos homens mais poderosos do país, pode ter sido expulso e vários de seus colaboradores executados, no que pode ser uma continuação do processo de consolidação de poder de Kim.

Jang Song-thaek, que pode ter sido deposto de sua posição como vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional -o órgão máximo militar da Coreia do Norte-, desapareceu depois da execução pública de seus dois aliados mais próximos em novembro, declarou nesta terça-feira o legislador sul-coreano Jung Chang-rae, citando o Serviço de Inteligência Nacional, segundo o jornal Joongang Ilbo.

"Se é verdadeiro que Jang foi destituído, a estrutura de poder na Coreia do Norte vai mudar dramaticamente", disse Jung.

Não houve nenhuma menção de Jang, de 67 anos, na agência de notícias KCNA, a principal fonte de informação sobre a posição oficial da Coreia do Norte.

A expulsão de Jang poderia indicar que Kim ainda não foi capaz de consolidar seu poder e está tentando aumentar sua influência para tomar decisões políticas. Em outubro, Kim substituiu seu principal chefe militar pela terceira vez desde que começou sua liderança.

Jang, que está casado com Kim Kyong-fugi, a tia do jovem líder, foi a figura central no círculo de altos servidores públicos e membros da família Kim que asseguraram que o filho jovem e sem experiência de Kim Jong-il ascendesse ao poder quando o pai morreu em 2011.

Conhecido como defensor da reforma econômica, Jang foi expulso previamente em uma luta de poder em 2004, mas foi reinstaurado dois anos mais tarde. Jang expandiu sua influência rapidamente depois do derrame cerebral que Kim Jong Il sofreu em 2008 e foi nomeado vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional em 2010, o que muitos analistas consideraram um passo para solidificar a transição de poderes de pai para filho.

"Só posso supor que as funções desempenhadas por Jang causaram certa tensão no processo de consolidação do poder de Kim Jong-un", disse Kim Yong-hyun, professor de estudos norte-coreanos da Universidade Dongguk de Seul, segundo a agência France Presse. "Jang visitou uma vez Coreia do Sul e foi testemunha de muitas feições da sociedade capitalista, que incluem as mudanças que têm ocorrido na China. De modo que ele era a figura que mais tinha possibilidades de tentar realizar algumas reformas e abrir o sistema da Coreia do Norte".

Alguns experientes que estudam a estrutura de poder da Coreia do Norte dizem que a eliminação de Jang não poderia ter sido possível sem a aprovação do líder.

Aparte dos problemas políticos internos, a Coreia do Norte está envolvida em uma disputa prolongada por seu programa de armas nucleares e na recente detenção de um turista americano.

Neste ano, Kim Jong-un ameaçou os Estados Unidos com um ataque nuclear, declarou "estado de guerra" contra a Coreia do Sul e anunciou que reiniciaria um reator de plutônio na planta nuclear de Yongbyon, além de realizar uma terceira prova nuclear em fevereiro e lançar um foguete de longo alcance em dezembro passado.

Há um mês, Merril Newman, um americano de 85 anos, foi detido em Pyongyang depois de uma viagem turística de 10 dias por "atos hostis" contra o regime durante durante sua viagem e também durante a guerra da Coreia (1950-1953), da qual participou.

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