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Uruguai empata e garante a passagem para a Copa no Brasil

O 5-0 da ida, na Jordânia, foi mais do que suficiente para que a Celeste conseguisse se classificar. A partida terminou sem gols

Alejandro Rebossio
Hatem Aqel y Sharif Nassar disputam a bola com Edinson Cavani.
Hatem Aqel y Sharif Nassar disputam a bola com Edinson Cavani.M. ROJO (AFP)

A sorte já estava lançada. O Uruguai havia vencido a Jordânia fora de casa, por 5-0, na semana passada. Só um milagre poderia classificar o país asiático para a sua primeira Copa. Sete dos seus jogadores haviam inclusive pedido para não viajar a Montevidéu, mas seu treinador, Hossan Hassam, fez o time treinar cobranças de pênaltis, por via das dúvidas. Nem precisava. Uruguai e Jordânia empataram sem gols na quarta-feira, no jogo de volta da repescagem classificatória para a Copa de 2014 no Brasil.

Não foi um jogo amistoso, mas a Celeste o encarou com tranquilidade. A Jordânia precisava golear para se classificar, mas só se preocupou em evitar outra humilhação, e entrou em campo para não sofrer gols. Conseguiu. Num estádio Centenario lotado e com a certeza de que a partida terminaria em festa, o público uruguaio ovacionou antes do encontro o herói de 1950 no Brasil, Alcides Ghiggia, o único sobrevivente do Maracanaço. Ghiggia marcou o 2-1 contra a seleção local na partida final daquela Copa do Mundo, a segunda e última conquistada pelo Uruguai. Depois, os 40.000 torcedores se entregaram a uma partida que teve momentos tediosos, mas que foi dominada pelos comandados de Óscar Tabárez. Estiveram sempre perto de marcar, mas não conseguiram, por mérito e sorte dos jordanianos.

O empate não obscurece essa nova geração do futebol uruguaio, que devolveu a Celeste às semifinais de um Mundial, o de 2010, depois de 40 anos sem chegar tão longe. É também a seleção que ganhou a Copa América de 2011 na Argentina de Lionel Messi. O fato de o Uruguai ter precisado outra vez de uma repescagem para se classificar, como para 2002 e 2010, tampouco manchou o momento. Em 2006, perdeu da Austrália. A Celeste costuma chegar às Copas do Mundo com sofrimento, mas às vezes se revela com atuações como a da África do Sul.

URUGUAY, 0 - JORDANIA, 0

Uruguai: Martín Silva; Maximiliano Pereira, Diego Lugano, Diego Godín, Martín Cáceres; Egidio Arévalo Ríos, Nicolás Lodeiro (m.60 Diego Forlán), Christian Stuani (m.60 Gastón Ramírez), Cristian Rodríguez; Luis Suárez e Edinson Cavani (m.81 Abel Hernández).

Jordânia: Mohammad Shatnawi; Sharif Nassar, Tareq Khattab, Moh Dkhair Aljammal (m.59 Bani Ateyah), Adnan Hasan, Ahmad Ibrahim (m.90 Bawab), Oday Zahran, Abdallah Salim (m.86 Rawashdeh), Shadi Abu Hashhash; Hatem Aquel e Mohammad Aldmeiri.

Árbitro: o sueco Jonas Eriksson, advertiu Aldmeiri, Zahran, Hasan e Godín.

55.000 espectadores no Estádio Centenario de Montevidéu.

Essa geração de 2010 continua viva: a maioria das suas estrelas permanece, alguns titulares agora são reservas – como é o caso de Diego Forlán, substituído por Edinson Cavani –, e outros reservas se transformaram em titulares, como Nicolás Lodeiro. Também apareceram novos jogadores como o meio-campista Christian Stuani e Cristian Rodríguez, o “Cebolla”. Nestes três anos de Eliminatórias, a equipe de Tabárez teve altos e baixos, elogios e críticas, mas alcançou seu objetivo. Em 2014, será o momento de revalidar o prestígio, com os 3 milhões de uruguaios sonhando com um novo Maracanaço.

Antes do jogo contra a Jordânia, os uruguaios já especulavam sobre quais rivais terão de enfrentar na primeira fase no Brasil-14. No primeiro tempo, bastante soporífero, o Uruguai esteve muito próximo de marcar um gol. Luis Suárez bateu um escanteio, Cavani cabeceou na entrada da área e o zagueiro Diego Godín emendou, também de cabeça, mas a bola bateu no travessão.

No segundo tempo, o Uruguai teve mais méritos para vencer. A imprecisão nas finalizações de uma grande dupla de ataque, como a Suárez-Cavani, e a férrea retranca dos jordanianos – com Aqel, Zahran, Aldmeiri e Abu Hashhash – impediram o merecido tento. O fato é que os asiáticos também abusaram das faltas, mas tampouco foi por responsabilidade deles, por exemplo, que uma cabeçada de Diego Lugano dentro da área passou raspando pela trave esquerda. Depois entrou em campo Diego Forlán no lugar do meio-campista Lodeiro, mas nem com três atacantes o gol saiu. A Jordânia amontoou jogadores na sua área e não se distraiu. O Centenario queria um gol, uma vitória, para coroar a festa antecipada, mas não deu.

Não importa. Os uruguaios sabem que seu sonho já está na Copa. Eles sempre a levam muito a sério, acreditam na possibilidade de ganhar um terceiro título mundial. Em geral, a imprensa e as seleções dos outros países não os consideram entre os candidatos, mas os celestes sempre confiam nas suas virtudes, na sua garra, e também no seu poder de gol. Não importa o 0-0 com a Jordânia. A torcida e seus jogadores comemoraram como loucos no final do confronto. O Uruguai sabe quando é preciso ganhar. Está claro que as ambições celestes no Brasil-14 já estão em um patamar mais elevado do que seus torcedores poderiam esperar nas décadas de 1980, 90 e 2000.

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