Cristiano é mundial
O atacante classifica Portugal para a Copa 2014 com uma atuação memorável com três gols Suécia jogou mal e foi eliminada, mas chegou a sonhar com o 2-1 graças a Ibrahimovic
Cristiano Ronaldo não perdoa quando tem um caminho para percorrer. A corrida emerge com naturalidade como o melhor atacante do mundo. Potente, veloz e certeiro, ontem à noite fez emudecer por três vezes o moderno estádio de Solna, atônito ante sua exibição brutal que deu a Portugal a passagem para o Mundial do Brasil.
Três avanços seus com liberdade, os temidos contra-ataques que tanto preocupava o treinador sueco, Erik Hamren, resultaram na classificação de Portugal. Foram três passos no vazio que o atacante do Real Madrid controlou a 30 metros da área. Desde ali imprimiu essas acelerações de velocista tão suas e culminou com dois contundentes chutes de esquerda e um de direita no gol de Isakson. Três gols que acabaram com as esperanças da Suécia, demasiada tímida e calculista durante a maior parte do partida. Quando se quis descobrir encontrou com o que temia, um jogador demolidor, seguro e letal diante do gol. O hat-trick o iguala a Pauleta como máximo goleador da história de Portugal com 47 e gols e de ainda consegue conquistar um país que lhe exigia a mesma produtividade apresentada no Real Madri.
A cada gol de Cristiano foi mais danoso pelo contexto em que se encontrava o jogo Suas aparições em frente a Isakson foram bombas que derrubaram um sueco depois do outro. O primeiro porque obrigava a Suécia a marcar três gols, o segundo porque apagou o vulcão local que se tinha gerado com os dois tentos de Ibrahimovic e o terceiro porque já fez dobrar o joelho de maneira definitiva a uma seleção que achou pouco em si mesma.
SUÉCIA, 2; PORTUGAL, 3
Suécia: Isaksson; Lustig, Nilsson, Martin Olsson, Antonsson; Larsson (Gerndt, m. 90), Elm (Svensson, m. 46), Kallstrom, Kacaniklic (Durmaz, m. 82); Ibrahimovic e Elmander. Não utilizados: Wiland, Nordfelt; Johansson, Granqvist, J. Olsson, Zengin, Wernbloom, Bentgsson e Toivonen.
Portugal: Rui Patricio; João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Coentrão (Antunes, m. 52); Veloso, Meireles (William, m. 73), Moutinho; Nani, Almeida (Ricardo Costa, m. 82) e Cristiano Ronaldo. Não utilizados: Beto, Eduardo; Neto, Ruben Micael, Eder, Varela e Helder Postiga.
Gols: 0-1. M. 50. Cristiano. 1-1. M. 68, Ibrahimovic. 2-1. M. 72. Ibrahimovic. 2-2. M. 77. Cristiano. 2-3. M. 79. Cristiano.
Árbitro: Howard Webb (ING). Amonestó a Olsson, Svensson, Kallstrom, Antonsson e Nani.
50.000 espetadores no Estádio Friends Arena de Solna.
Pese a sua condição de local, Hamren quis que seus atletas jogassem mais com o relógio que os portugueses. O plano sueco parecia ser aguentar o empate sem gols e apertar no segundo tempo. O que aconteceu é que a primeira vez que se destampou um campo para Cristiano, este não perdoou. Foi um gol natural por previsível, porque o jogo sempre esteve onde quis Paulo Bento, com a Suécia temerosa de início e desmontada quando quis abordar com mais ambição uma missão na que achou pouco desde o jogo. Aí cresceu o partido ideal para CR.
A ausência de Cristiano, monarca indiscutível do futebol mundial junto a Messi, seria uma má notícia para o Mundial. Também para a organização pelos laços históricos que unem Portugal ao Brasil. O atacante do Real Madrid governou a eliminatória por esforço e eficácia. Se em Lisboa tratou de ganhar o jogo surgindo na frente de ataque e inclusive acabou como centroavante, a posição que em seu clube se nega a ocupar, ontem à noite soube aguardar para correr os contragolpes.
Temerosa desses contra-ataques que terminaram por condenar, a Suécia calculou até o tédio no primeiro tempo. Foi asséptica, fria, sem transmitir em nenhum momento desse período que o que tinha por objetivo era o bilhete para um Mundial. Nada foi mais representativo dessa proposta fria que a imagem de Pepe, parado durante mais de dez segundos com a bola esperando que algum sueco decidisse lhe pressionar.
Hamren apostou finalmente pelos mesmos onze de Lisboa e ordenou jogar com o freio de mão puxado, com Ibrahimovic afastado da área, mais pendente de organizar do que de se aproximar do gol. Não incomodou Portugal nesse primeiro tempo.
Com o gol de vantagem que trazia, Paulo Bento preferiu prescindir de Helder Postiga como referência de ataque e apostar em Hugo Almeida. Não queria uma elaboração retórica, mas sim jogo direto para esticar a equipe com o corpulento atacante do Besiktas. Suficiente para dominar o primeiro tempo com bolas longas.
Nada fez a Suécia nesses 45 minutos e quando Hamren quis o fazer, colocando Svensson no lugar do apagado Elm, aconteceu o que ele temia. Cristiano não perdoou essa brecha. Castigou com contundência, sobretudo com o gol que igualou os dois tentos de Ibrahimovic, uma cabeçada e uma falta direta, as duas aparições mais decisivas do sueco em 180 minutos. Tudo o contrário que Cristiano, tenaz em Lisboa e demolidor em Solna. Um superdotado, um jogador mundial.
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