Morre o toureiro Ivan Fandiño depois de tomar uma chifrada na França
O hábil basco, de 36 anos, foi chifrado nas costas ao escorregar quando tentava fazer um movimento de defesa
O hábil toureiro Iván Fandiño (Orduña, País Basco, 1980) morreu no sábado, dia 17 de junho, à tarde depois de uma chifrada na praça Aire-Sur-l’Adour, situada no sudoeste da França. O toureiro escorregou ao tentar fazer um movimento de defesa com a capa contra o touro de seu colega Juan del Álamo, caiu no chão e ali o animal, pertencente à criação espanhola de Baltasar Ibán, o chifrou na lateral direita. Imediatamente, foi transportado a um hospital de Mont de Marsan, onde os plantonistas não puderam fazer nada para salvar sua vida. De qualquer forma, os plantonistas não quiseram confirmar a notícia e encaminharam-no a um corpo médico próximo.
Iván Fandiño tinha cortado uma orelha de seu primeiro touro e atuava ao lado do colega Juan del Álamo e do toureiro francês Thomas Dufau.
"Estou morrendo"
"Que se apressem para me levar ao hospital porque estou morrendo." Essas foram as últimas palavras pronunciadas por Iván Fandiño antes de falecer no fim do trajeto da ambulância da cidade francesa de Aire Sur L'Adour para o hospital Layné de Mont de Marsan.
Essas palavras, segundo jornal francês Sud-Oest, foram ditas ao toureiro francês Thomas Dufau, colega de Fandiño na corrida de 17 de junho, e um dos responsáveis por carregá-lo à enfermaria da arena.
De forma trágica acaba a vida de um grande toureiro, que chegou à glória e há alguns anos passava por uma fase de ostracismo da qual não conseguiu sair, apesar de seus intensos esforços.
O momento culminante de sua vida de toureiro foi vivido em 29 de março de 2015, quando se fechou sozinho na arena de Las Ventas, com seis touros das chamadas ganaderías duras, as fazendas de criação de segunda linha: Partido de Resina, Adolfo Martín, Cebada Gago, José Escolar, Victorino Martín e Palha. Pregou o cartaz de não há ingressos, e protagonizou a página mais brilhante de sua carreira, registrando uma tarde para a história da tauromaquia.
Não obteve sucesso porque os touros não permitiram, mas saiu da arena com passo firme e convencido de que tinha realizado uma das grandes proezas da festa de touros.
Mas aquela tarde lhe passou a fatura pessoal e profissional. Desde aquele 29 de março, Fandiño nunca foi o mesmo. Perdeu seu semblante de toureiro entusiasmado, as empresas lhe deram as costas e não chegou a recuperar o prestígio que tinha ganho heroicamente na arena.
Iván Fandiño tinha 36 anos, era o único toureiro basco na ativa. De caráter sério e poucas palavras, abriu caminho na profissão à base de coragem e com uma técnica bem aprendida.
Sua biografia revela que, sem tradição taurina em sua família, chegou a se destacar como jogador de pelota basca quando ainda era adolescente, mas seu gosto pelos touros levou a melhor. Vestiu-se de luzes pela primeira vez em Llodio em 1999, e debutou com picadores em seu povoado natal em 2002. Cortou uma orelha em sua apresentação em Madri, em 12 de setembro de 2004, quase um ano antes de destacar-se em Bilbao em 25 de agosto de 2005, com El Juli como padrinho e Salvador Vega como testemunha.
Chegaram, depois, alguns anos de aposentadoria forçada, até que se garantiu em Las Ventas em 2009 e, algumas temporadas depois, começou a sequência de feiras importantes. Em 2011, apresentou-se em Madri em quatro ocasiões, cortou quatro orelhas e foi declarado vencedor da feira de San Isidro.
Em 2013, foi premiado como autor da melhor tourada do ciclo madrilenho diante de um touro de Parladé, que lhe inferiu uma forte chifrada, e no ano seguinte abriu a Porta Grande em 13 de maio depois de cortar as duas orelhas de outro touro da mesma criação.
Iván Fandiño viveu seus anos de grandeza até 2015, nos quais se tornou um toureiro imprescindível em todas as feiras e vencedor em algumas delas.
Por isso, atreveu-se com o que havia de difícil, com seis touros de criações mais duras, e registrou seu nome na história.
Nos dias 18 e 29 de maio passado atuou na feira de San Isidro e não conseguiu recuperar o sucesso que tinha lhe escapado.
Agora, devido aos mistérios do destino, o toureiro basco descansa em paz depois de uma chifrada mortal em uma arena francesa.
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