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Casa Branca veta cinco grandes meios de comunicação

Repórteres do The New York Times, CNN, LA Times e Politico afirmam haver sido impedidos de participar de coletiva de imprensa

Sejam Spicer nesta quinta-feira
Sejam Spicer nesta quinta-feiraManuel Balce Ceneta (AP)

Vários grandes meios de comunicação norte-americanos –The New York Times, CNN, LA Times, Politico e Buzzfeed– afirmaram nesta sexta-feira que a Casa Branca os impediu de participar de uma coletiva de imprensa de rotina do porta-voz de Donald Trump, Sean Spicer, com os meios credenciados. A insólita decisão de vetar os veículos de comunicação aconteceu depois que estes relataram que a Casa Branca havia pedido ao FBI desmentir publicamente contatos entre o Kremlin e assessores do presidente norte-americano, uma informação que levou Trump a clamar contra os vazamentos, contra os agentes federais e contra os meios de comunicação –que já havia chamado de “inimigos do povo” em outras ocasiões.

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A realização de uma coletiva de imprensa diária em que se permite que veículos nacionais e internacionais façam todo tipo de perguntas sobre o Governo tem sido, tradicionalmente, um dos orgulhos das sucessivas administrações que ocupam a Casa Branca. No fim as contas, a liberdade de expressão está consagrada na Primeira Emenda da Constituição. Quando, por algum motivo, não é possível fazê-la diante das câmeras na sala de imprensa, é organizado um gaggle, que cumpre o mesmo princípio –os jornalistas perguntam ao porta-voz– mas, pelo fato deste não estar diante das câmeras, pode ter um caráter mais informal. Em qualquer caso, se um jornalista credenciado pela Casa Branca está presente, tem garantido o acesso à coletiva com o porta-voz, neste caso Sean Spicer. Assim foi até agora.

Segundo o Times e a CNN, quando seus repórteres compareceram à coletiva com Spicer, assistentes do porta-voz “só permitiram a entrada de um grupo de veículos escolhido a dedo que, disse a Casa Branca, havia confirmado previamente a presença”.

Não é por acaso, disse a CNN, que entre os “confirmados” estivessem veículos conservadores que habitualmente informam de forma favorável sobre Trump, como o portal Breitbart News –cujo antigo chefe, Stephen Bannon, agora é o conselheiro de Trump–, o The Washington Times e a One America News Networks. Outros veículos que puderam participar da coletiva foram as redes ABC, CBS e Fox News, além de jornais como o também conservador The Wall Street Journal. Dois veículos, a agência AP e a revista Time, decidiram não participar, apesar de terem sido “selecionados”, em protesto contra o veto aos colegas das outras empresas de informação.

O diretor do New York Times, Dean Baquet, denunciou uma situação inédita na história recente do país, a qual, advertiu, atenta contra a transparência do Governo.

“Protestamos fortemente pela exclusão do The New York Times e outras organizações. O acesso livre dos meios de comunicação a um Governo transparente é, obviamente, algo de interesse nacional fundamental”, disse num comunicado.

O presidente da Associação de Correspondentes da Casa Branca, Jeff Mason, disse num comunicado que a organização está protestando intensamente pela forma como foi tratado o “gaggle” de hoje e prometeu discutir o assunto com os funcionários da Casa Branca até que a questão seja esclarecida.

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