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Macri: “Os argentinos pararam de culpar o mundo por tudo que nos acontece”

Presidente da Argentina está em Madri para inaugurar o evento “Investir na Argentina”, organizado pelo EL PAÍS e o grupo PRISA

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, no evento 'Investir na Argentina' com o presidente do Grupo PRISA, Juan Luis Cebrián.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, no evento 'Investir na Argentina' com o presidente do Grupo PRISA, Juan Luis Cebrián.Bernardo Perez

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Data: 24 de fevereiro de 2017 a partir das 5h (hora de Brasília)

Como assistir? É possível acompanhar o evento ao vivo (em espanhol), numa transmissão por streaming no site do EL PAÍS.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, abriu na manhã desta sexta-feira o evento Investir na Argentina, organizado pelo EL PAÍS e o grupo PRISA. Após uma mudança de rumo, o país sul-americano encara 2017 com o objetivo de consolidar o crescimento e retornar como protagonista ao cenário internacional. Durante uma conversa com Juan Luis Cebrián, presidente do EL PAÍS e do grupo PRISA, Macri disse que a mudança ocorrida no seu país é de fundo, e não temporária, porque “veio de baixo para cima", num momento em que, após 13 anos de kirchnerismo, os cidadãos se decidiram por uma guinada. “Muitos me perguntam por que desta vez a Argentina não vai voltar a nos surpreender negativamente. É preciso entender o processo. Não é algo que eu inventei. Os argentinos disseram que chega de nos enganarmos, de culparmos o mundo pelo que nos acontece, de fazermos papel de vítimas, de nacionalismo autocomplacente. As pessoas disseram: temos capacidade, vamos desenvolver”, afirmou.

Macri também pediu tempo e paciência: “Não se sai do populismo de um dia para o outro. É um processo de purificação”. Mas ao mesmo tempo demonstrou uma enorme confiança na capacidade dos argentinos de superar as crises. “A Argentina mudou, sabemos que há talento, há inovação. Fizemos tanta bagunça por tantos anos que isso nos tornou mais criativos”, disparou, num tom irônico e irreverente, causando risos na plateia. Insistiu reiteradamente que o fim da crise vai demorar, mas que o país retomará o crescimento já neste ano. “Não é que as dificuldades acabaram, mas agora deixamos de lado a intolerância e colocamos a verdade sobre a mesa.”

O entusiasmo com que Macri foi recebido nos últimos dias em Madri contrasta com algumas dúvidas entre empresários sobre as perspectivas de continuidade dessa mudança, seja com o atual presidente ou com seu sucessor em anos vindouros. O presidente do banco BBVA, Francisco González, resumiu essa sensação generalizada durante sua participação no evento do EL PAÍS. “O importante é que este Governo tenha tempo suficiente para fazer as coisas. O estrago dos últimos anos foi muito grande e exige tempo. É importante que o próximo Governo, seja este ou outro, se incorpore a essa política”, afirmou o banqueiro.

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Durante a conversa com o presidente argentino, Cebrián quis saber qual a visão de Macri sobre Donald Trump, principalmente porque o argentino é "o único presidente do mundo que conhece Trump direito”, já que os atuais presidentes dos EUA e da Argentina fizeram negócios juntos quando Macri era muito jovem. O presidente disse que, de fato, ambos estabeleceram uma sólida relação e compartilharam muitas horas de golfe. Admitiu que se trata de um “personagem muito peculiar”, mas evitou criticá-lo. “É preciso dar-lhe tempo. É um homem de muito faro, muito pragmático. Vai agir conforme considerar que é possível. Ele sente algo que muitos norte-americanos sentem, isso de ‘Sou um país rico e todos querem se aproveitar de mim’. Ele quer encontrar um lugar novo a partir de onde negociar. Vamos ver se encontra. Há muita preocupação no mundo sobre o futuro do emprego, isso leva a muitos medos e a posições extremas. Mas o problema não é a globalização, é a revolução eletrônica. E não se pode pará-la, como não se parou a revolução industrial. É preciso se adaptar”, arrematou.

Se foi cauteloso quanto a Trump, sobre o Governo da Venezuela foi mais longe em suas críticas do que nunca antes. Quando Cebrián lhe perguntou se a Argentina estaria disposta a apoiar a aplicação contra a Venezuela da cláusula democrática da Organização de Estados Americanos, e se respalda a intenção do seu secretário-geral, Luis Almagro, de submeter essa proposta a votação, Macri foi muito claro: “Estou aqui para ajudar de todas as maneiras que forem possíveis. A Venezuela e a Espanha são os países que mais exilados receberam durante a ditadura militar argentina. Parece que na Venezuela sempre há outro degrau na direção do inferno. Todos os dias a situação piora. Nós fizemos enorme tarefa suspendendo a Venezuela do Mercosul. Era uma mensagem. Se a mensagem de aplicar a carta democrática na OEA se soma a isso, vamos lá, mas será preciso conseguir os votos. Há uma dependência de muitos países em relação à Venezuela e ao seu petróleo. Almagro tem o nosso apoio. Mas cada país é um voto. O fato é que o processo é dramático. Quem manifesta algo diferente vai preso, é uma loucura.”

O evento em Madri terá também a participação de quatro ministros argentinos: Francisco Cabrera, da Produção; Andrés Ibarra, da Modernização; Susana Malcorra, das Relações Exteriores e Culto, e Jorge Triaca, de Trabalho, Emprego e Seguridade Social. Também falarão os ministros espanhóis Alfonso Dastis (Relações Exteriores) e Luis de Guindos (Economia, Indústria e Competitividade), além de vários empresários dos dois países e membros do Executivo. O encontro, patrocinado pelas empresas Abertis, BBVA, Iberia, Indra e Telefónica, tem a colaboração da Rádio Continental e El Nueve e pode ser visto por streaming, ao vivo, no site do EL PAÍS.

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