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Turquia prende suposto autor do atentado do Réveillon em Istambul

O suspeito, que foi treinado no Afeganistão, confessou a autoria do atentado, reivindicado pelo Estado Islâmico

Andrés Mourenza
O autor do atentado, em uma imagem gravada pelas câmeras de segurança
O autor do atentado, em uma imagem gravada pelas câmeras de segurançaEFE

"Um terrorista muito bem treinado". Com essas palavras o delegado Vasip Sahin, da polícia da Turquia, definira Abdulkadir Masharipov, suspeito de realizar o ataque contra a boate Reina no Réveillon em Istambul, em que morreram 39 pessoas, preso na noite desta segunda-feira. De acordo com o delegado, o homem foi capturado pela polícia em um bairro de Istambul e assumiu a autoria do massacre, reivindicado pelo Estado Islâmico. "Além disso, nossa investigação comprovou que as impressões digitais dele coincidem [com as encontradas no local do crime]", completou o policial, em entrevista à imprensa.

Masharipov, nascido em 1983 em Usbequistão, "recebeu treinamento no Afeganistão", tinha alto nível de experiência militar e sabe quatro idiomas", ainda de acordo com o delegado. A escolha dele por parte do Estado Islâmico uma mudança na estratégia e no modus operandi do grupo jihadista no Oriente Médio. Anteriormente, o ISIS (na sigla em inglês) vinha atacando concentrações políticas de opositores ao governo turco – grupos pró-curdos e esquerdistas –, mas, no ano passado, iniciou o que os especialistas consideram uma nova fase nos objetivos do grupo ao voltar-se contra a importante indústria turística do país com atentados contra estrangeiros e infraestruturas como o aeroporto de Istambul.

Abdulgadir Masharipov, após ser preso pela polícia turca, apontado como autor do atentado que deixou 39 mortos em uma boate em Istambul.
Abdulgadir Masharipov, após ser preso pela polícia turca, apontado como autor do atentado que deixou 39 mortos em uma boate em Istambul.REUTERS

A mídia local detalhou que o detido estava com o filho de 4 anos quando foi capturado em uma operação realizada no distrito de Esenyurt (na periferia da metrópole turca). Masharipov estava na casa de outro suposto militante – de nacionalidade quirguiz – que também foi detido, assim como três mulheres de nacionalidades somáli, senegalesa e egípcia, o que contrasta com a origem centro-asiática dos outros supostos militantes da célula.

Uma fonte de segurança consultada pelo EL PAÍS manifestou surpresa pelo fato de Masharipov não tentar imolar-se quando os agentes se preparavam para prendê-lo, como ocorreu em ocasiões anteriores em operações policiais contra as células do ISIS na Turquia. Em uma imagem da polícia turca, o suspeito aparece com marcas de golpes no rosto e manchas de sangue na camisa. Segundo a CNN-Türk, Masharipov passou por um exame médico antes de ser levado para as dependências da Direção de Segurança.

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Em declarações à mesma emissora, o especialista em segurança e professor da Universidade Kadir Has de Istambul, Ahmet Kasim Han, ressaltou a importância de “capturar vivo” o suposto terrorista para dissipar as “teorias da conspiração” sobre a autoria do atentado – vários meios de comunicação pró-governo falaram de participação da CIA norte-americana – e averiguar as conexões do Estado Islâmico dentro da Turquia. Alguns veículos de imprensa turcos apontam que, pelo menos em uma ocasião durante os últimos 16 dias, Masharipov teria escapado dos cercos policiais. Em um esconderijo que teria sido utilizado por ele foram encontrados 150.000 dólares (aproximadamente 500.000 reais).

A detenção acontece no mesmo dia em que foram postados, nas redes sociais, trechos do que aparenta ser um novo vídeo em que o ISIS ameaça a Turquia. Nele aparece um suposto militante da organização jihadista passeando por diversos lugares de Istambul como havia feito o autor do massacre da boate Reina em um vídeo gravado na praça central Taksim que os veículos próximos ao ISIS publicaram um dia depois do atentado.

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