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Polícia alemã busca tunisiano de 24 anos por suspeita de ligação com atentado de Berlim

Ministério Público oferece 100.000 euros por qualquer informação que leve à prisão do suposto terrorista

Luis Doncel
O suspeito tunisiano procurado pela polícia alemã.
O suspeito tunisiano procurado pela polícia alemã.AP
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A Alemanha aperta o cerco na caça ao terrorista que na segunda-feira matou 12 pessoas. As suspeitas da polícia se concentram em Anis A., um requerente de asilo tunisiano com vínculos com setores islamistas. Depois de comparecer a uma reunião de uma comissão parlamentar a portas fechadas, o ministro do Interior, Thomas de Maizière, apenas confirmou a procura de “um novo suspeito”, mas não quis comentar as “especulações” publicadas pela manhã em diversos órgãos da mídia. “Desde a noite passada seguimos todas as pistas para localizar o suspeito, que não é obrigatoriamente o autor do atentado, tanto na Alemanha como em toda a Europa”, disse o ministro. O suspeito, que tem 24 anos, segundo as autoridades, foi preso com documentos falsos em agosto e posto em liberdade, segundo a CNN, que citou uma fonte policial. O Ministério Público alemão ofereceu 100.000 euros (350.000 reais) por qualquer informação que leve à prisão do suposto terrorista.

O ministro não confirmou, mas meios de comunicação como o Spiegel online, afirmam que o suspeito estava na lista de pessoas que deveriam ser submetidas a “controles intensos” por suas atividades islamistas. A pista do tunisiano Anis A, –também registrado com outros nomes e nacionalidades– surgiu depois de encontrado um documento com seu nome no caminhão que atingiu uma feira de Natal no coração da parte oeste de Berlim.

Trata-se do documento que as autoridades alemãs expedem para as pessoas que tiveram sua solicitação de asilo rejeitada, mas cuja expulsão do país foi suspensa por algum motivo. Assim, se as suspeitas forem confirmadas, a pressão sobre o Governo de Angela Merkel vai crescer, bem como os pedidos para endurecer a política de asilo e os controles dos requerentes.

Os detalhes que pouco a pouco vão sendo conhecidos tendem a alimentar a polêmica. O suspeito foi preso em agosto em Friedrichshafen, no sul da Alemanha, com documentos falsos, quando se dirigia à Itália, mas foi absolvido por um juiz, de acordo com o relato da fonte policial à CNN. Dois meses antes, em junho, o pedido de asilo do suspeito tinha sido rejeitado pelas autoridades alemãs. Mas, segundo informou Ralf Jaeger, o ministro do Interior do Estado da Renânia do Norte-Westfália, não pôde ser expulso do país por falta de documentos válidos. Sua documentação chegou da Tunísia precisamente nesta quarta-feira, afirmou Jaeger. Não há dúvida de que este caso vai causar impacto no debate imigratório na Alemanha e que aumentarão as pressões para facilitar as expulsões daqueles cujo direito de asilo não foi reconhecido.

O suspeito chegou à Alemanha em julho de 2015, segundo Jaeger, mas residia em Berlim desde fevereiro deste ano. Sua pista tinha sido perdida desde então –com exceção da breve prisão em agosto– e sabe-se que esteve em contato com Abu Walaa, um islamista detido recentemente. Walaa foi preso em novembro com outras quatro pessoas que integravam uma rede jihadista que encaminhava combatentes ao Estado Islâmico.

A rádio pública regional da Baviera informou que as forças de segurança estão fazendo investigações em “círculos salafistas” do oeste da Alemanha, onde se localiza o Estado federado da Renânia do Norte-Westfália. Além disso, a rádio pública regional de Berlim, a Rbb, indicou que a polícia acredita que o extremista pode ter ficado ferido durante a briga mantida na cabine do caminhão com o motorista polonês, que morreu após levar um tiro durante o ataque.

Os investigadores acharam restos de DNA na cabine do caminhão que apontam nessa direção e as forças de segurança estão em contato há horas com unidades hospitalares de Berlim e Brandemburgo, o Estado federado em torno da capital, em busca de suspeitos. A polícia de Berlim fez um chamado aos cidadãos alemães para que não façam comentários nas redes sociais que possam dar pistas aos terroristas sobre suas operações. Para isso publicaram um tuíte com a foto de um gato e a hashtag #AunsGruenden ("sem comentários").

Detido na Alemanha um marroquino vinculado aos atentados de Paris

O Ministério Público federal anunciou nesta quarta-feira a prisão de um marroquino de 24 anos acusado de pertencer ao Estado Islâmico e ligado ao grupo que perpetrou os atentados de novembro de 2015 em Paris. A detenção do suspeito, Redouane S., ocorreu na terça-feira por ordem do Supremo Tribunal alemão no Estado federado da Baixa Saxônia e foi seguida pela revista do imóvel que ele ocupava. Nesta quarta-feira foi encaminhado para prisão preventiva, segundo um comunicado das autoridades judiciais.

Redouane S. está sendo acusado de ter sido membro do Estado Islâmico entre 2014 e 2015 e ter pertencido a um grupo formado pelo líder jihadista Abdelhamid Abaaoud, o cérebro dos atentados de Paris. A suposta tarefa do detido era procurar apartamentos para esconderijo na Turquia e Grécia entre outubro de 2014 e princípio de 2015, usados na preparação dos ataques coordenados na capital francesa. Além disso, a polícia acredita que colaborou no planejamento e preparação do atentado frustrado de 15 de janeiro de 2015 em Verviers (Bélgica), obra também do grupo jihadista de Abaaoud. Depois de sua chegada à Alemanha, em maio de 2015, o detido manteve contato com esse grupo e se mostrou disposto a continuar colaborando com eles, de acordo com o Ministério Público alemão.

Alemanha ampliará a vigilância com vídeo em lugares públicos

Reuters, Berlim

O gabinete ministerial de Angela Merkel aprovou nesta quarta-feira um projeto de lei que facilita a instalação de câmeras de vigilância em lugares públicos. O projeto já havia sido endossado pelos aliados da coalizão de Governo de Merkel no mês passado, antes do atentado de segunda-feira em Berlim.

A vigilância com câmeras de vídeo é um tema sensível no país desde os tempos da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental, e a Gestapo, do regime nazista. Mas a preocupação com a segurança cresceu com os recentes atentados islamistas e as centenas de ataques sexuais na véspera do ano novo em 2015.

A nova legislação relaxará as restrições sobre a proteção de dados, no que diz respeito à vigilância por câmeras nas ruas, shopping centers, eventos esportivos e estacionamentos. O gabinete de ministros também decidiu permitir que os agentes da polícia federal levem câmeras junto ao corpo, uma medida adotada depois do aumento dos ataques contra policiais nos últimos meses.

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