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iPhone 7 incluirá o Home, aplicativo de controle do lar

Apple lançará nesta quarta um novo recurso que usará a Siri como assistente A ferramenta poderá ser baixada em modelos anteriores do smartphone

Home, aplicativo que será lançado junto com o iPhone 7Foto: reuters_live | Vídeo: EPV.

Abrir e fechar portas, subir e baixar persianas, acender e apagar as luzes, regular a temperatura… Ações simples, que até agora dependiam de botões ou interruptores, logo ficarão nas mãos da Siri, o assistente virtual da Apple. Também será possível fazer tudo isso na tela do iPhone ou do tablet. O iPhone 7, a ser apresentado nesta quarta-feira em San Francisco, chegará com uma surpresa na sua tela inicial, um novo aplicativo chamado Home, apurou o EL PAÍS. Serve para controlar o lar, e não será exclusivo do novo celular – mas os outros usuários precisarão atualizar seus aparelhos para o sistema iOS10, se quiserem usá-lo também.

A Apple passou mais de dois anos preparando o terreno para esse passo. Na conferência de desenvolvedores de 2014 a empresa apresentou o Home Kit, código necessário para começar a criar programas que permitissem a comunicação entre celular ou tablet e objetos da casa. Mais detalhes surgiram quando do lançamento do iOS 9, já em 2015. Neste ano, descobriu-se que a empresa de Cupertino considera essa função tão importante que merece um aplicativo próprio, instalado de fábrica. A Siri vai mudar e ficar muito mais poderosa. Logo será capaz de entender frases como: “Siri, já estou em casa”, “Siri, quero ver um filme”, “Siri, estou com frio”, “Siri, coloque uma música relaxante para mim”. Não vai mais se limitar apenas a procurar uma conversa, criar um compromisso no calendário ou dizer como está o tempo no seu destino de férias; ela também tomará decisões que se refletirão no mundo físico.

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Uma vez configurado o Home, segundo os equipamentos de cada casa, a Siri poderá elevar a temperatura da sala e reduzir a da cozinha, ou baixar as persianas quando você for dormir, para levantá-las de novo quando for a hora de se preparar para o trabalho.

Um dos entraves à popularização dos aparelhos conectados é o medo. Qualquer aparelho que estiver em rede se torna vulnerável. A Apple sabe desse temor e não deixou brechas. Criou um protocolo de segurança próprio, a ser seguido por qualquer dispositivo incorporado ao ecossistema (a empresa salienta que esse protocolo respeita a privacidade do consumidor). Uma segunda camada de segurança será física: todos os aparelhos certificados e compatíveis terão um chip de segurança que garante a criptografia das comunicações entre o iPhone ou iPad que servir de centro de controle e o dispositivo em questão. O Home conta com três abas para facilitar o uso: Home, com visão geral; Rooms, para configurar os cômodos do imóvel; e Automation, para programar as ações.

Painel de controle da ferramenta Home.
Painel de controle da ferramenta Home.

Outro empecilho para a massificação era a dificuldade de instalação. A Apple promete que não será uma tarefa apenas para amantes da bricolagem, e sim algo quase tão simples quando ligar um aparelho na tomada. Depois de introduzir um código para identificar o objeto no aplicativo, ele aparecerá como disponível na tela. Se for uma luz, será possível configurar sua intensidade conforme o desejado. Se for um porteiro eletrônico, determinar para quem deverá abrir a porta. Se for um alto-falante, em que cômodo está. De todos os aparelhos testados num apartamento-piloto criado sob medida para esta experiência em Nova York, o que mais chama a atenção é talvez um sensor que analisa a qualidade do ar, a poeira no ambiente e a saturação de dióxido de carbono.

A companhia está consciente de que atualmente os aparelhos conectáveis representam apenas 2% do mercado de consumo. Mas ela planeja ampliar o catálogo para mais de cem produtos ainda neste ano. É muito provável que, durante a apresentação desta quarta-feira, o executivo-chefe Tim Cook insista em alguns desses novos aparelhos. A Apple conseguiu algo que os dois gigantes da Internet ainda não haviam cogitado: criar uma rede de instaladores certificados, independentemente da compra de um produto específico. Já há uma lista de especialistas em automação doméstica capazes de transformar uma casa tradicional em um lar conectado e compatível com a Apple.

A intenção é que os produtos sejam fáceis de usar. Ao chegar a uma de suas lojas ou entrar no seu site, o usuário encontrará lâmpadas, alto-falantes e sensores compatíveis, mas eles também serão oferecidos em outros estabelecimentos. Como costuma acontecer com esses complementos, trarão uma etiqueta que identifica sua compatibilidade com o Home.

Ilustração mostra um cômodo controlado pela dupla Siri/Home.
Ilustração mostra um cômodo controlado pela dupla Siri/Home.

Para a Apple, foram dois anos de trabalho com os desenvolvedores e instaladores para abrir um ecossistema que chegará em breve ao consumidor. Os executivos da empresa sabem que sua adoção será um caminho longo e lento. Também que estes instaladores serão seus novos aliados, como os programadores de aplicativos, mas com um toque comercial.

Embora os analistas dessem como certo que o próximo passo da Apple seria o carro inteligente, a conquista da sala, cozinha e banheiro das nossas casas chegará antes que a solução de mobilidade. A Apple não está sozinha nesta batalha. São vários os competidores, mas também os aliados. A Amazon foi a primeira a entrar na sala de estar com Alexa, um assistente de voz que é capaz de recomendar séries, ler notícias, fazer compras ou dizer a previsão do tempo, mas que por enquanto não se conecta a outros aparelhos. O Google há bastante tempo mantém essa promessa, mas não chega a concretizar um ecossistema além do Chromecast, que permite usar o televisor como tela de vídeos e aplicativos. Usam os termostatos e alarmes de incêndio da Nest, empresa de um ex-funcionário da Apple que foi adquirida em janeiro de 2014 por 3,2 bilhões de dólares (10,4 bilhões de reais, pelo câmbio atual) e cuja divisão está há mais de um ano paralisada.

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