Governo dos EUA investiga morte de afro-americano por tiros da polícia
Vídeo mostra a violência policial contra Alton Sterling ao ser detido por dois agentes
Dois uniformes pretos e uma camiseta vermelha. Dois policiais brancos e um homem negro. São as figuras que aparecem no mais recente vídeo a sacudir os Estados Unidos com as imagens de um afro-americano morto ao ser detido pela polícia. A gravação, de menos de um minuto, mostra como os agentes usam a força contra Alton Sterling, um homem negro de 37 anos que vendia CDs na porta de um supermercado na madrugada de terça para quarta-feira. O vídeo foi gravado por uma testemunha que se encontrava dentro de um carro no estacionamento.
Nas imagens se observa como os dois policiais avançam contra Sterling e, após usarem a força, o derrubam em frente a um carro cinza, diante da porta da loja Triple S Food Mart. Com Sterling no chão, um dos agentes apoia seu joelho contra o ombro do suspeito, saca sua pistola e aponta para Sterling. Nesse momento, a câmera vira para o interior do veículo. Ouve-se vários disparos e um “meu Deus, meus Deus”. Um homem sussurra e pergunta: “Ele atirou?”. Entre soluços, uma mulher responde: “Sim”.
Segundo afirmou o dono da loja, Abdullah Muflahi, Sterling tinha uma pistola em seu bolso, mas não a sacou nem mostrou resistência ante as ordens dos policiais. Após o ocorrido, a polícia recolheu as câmeras da loja. “Isso poderia ter sido resolvido de outra maneira”, disse Muflahi. “Os policiais foram muito agressivos desde o princípio”.
Durante a manhã desta quarta-feira, familiares, amigos e representantes da principal organização de defesa dos direitos afro-americanos do país, a NAACP, realizaram protestos pacíficos e concederam entrevistas coletivas cobrando a prisão dos policiais, que foram suspensos do emprego, mas sem perda de salário. “Se o sistema funciona para todos, então esses policiais deve ser presos e julgados, com seus advogados e tudo o que quiserem, mas julgados”, afirmou um representante da NAACP a jornalistas.
O governador do Estado de Louisiana, John Bel Edwards, convocou uma entrevista coletiva para esta mesma quarta-feira de manhã, em que afirmou que tanto as autoridades locais como a divisão de direitos civis do Departamento de Justiça dos EUA vão realizar uma investigação "detalhada, profissional e metódica" para averiguar a causa dos fatos. “As imagens são perturbadoras, para dizer o mínimo”, afirmou Edwards, que também pediu unidade e calma à população.
Após a autópsia, William Beau Clark, legista de East Baton Rouge, disse que as provas iniciais mostram mais de dois ferimentos de bala no peito e nas costas, e que Sterling morreu devido a esses disparos, segundo afirmou ao jornal local The Advocate.
Esse incidente representa o mais recente caso de violência policial contra a comunidade negra, fenômeno que chamou a atenção de todos os norte-americanos quando, em agosto de 2014, Michael Brown foi morto a tiros por um policial de Ferguson, no Estado do Missouri. Há quase dois anos, em 17 de julho de 2014, Eric Garner morreu sufocado por vários agentes de polícia que tentavam detê-lo na porta de uma loja de Nova York. Desde então, a comunidade afro-americana dos EUA tem liderado centenas de protestos por todo o país. Ainda que os incidentes não tenham acabado, foram implementadas medidas que garantem uma maior responsabilidade policial, como o uso de câmeras nos uniformes policiais.
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