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Alerta olímpico devido ao zika vírus

EUA e Quênia colocam em questão os Jogos Olímpicos do Rio, preocupados com o vírus

David Rudisha celebra sua vitória em Londres 2012. / Vídeo: Quênia propõe não ir aos Jogos Olímpicos pelo zika.Foto: atlas | Vídeo: MICHAEL STEELE / ATLAS
Carlos Arribas

Zika é uma região florestal de Uganda, na qual há muitos anos um mosquito picou um macaco febril e depois transmitiu a um humano o vírus que infectava o primata. Décadas depois, o zika vírus saiu do coração da África para ocupar, como palavra temida, um espaço de destaque no vocabulário olímpico e, como apelido de um vírus epidêmico no Brasil, nas preocupações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

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As autoridades sanitárias temem que a grande concentração de turistas, mais de dois milhões, esperados no Rio em agosto possa contribuir, quando voltarem a seus países de origem, para a disseminação de uma epidemia concentrada até o momento na América. Relembram, além disso, que o vírus, que se acreditava estar concentrado na Micronésia, onde ocorreu o primeiro caso em 2007, tenha chegado à América Latina levado por fãs das ilhas que foram à Copa do Mundo do Brasil em 2014.

Apesar de os organizadores das Olimpíadas do Rio, que finalmente instalaram ar condicionado na Vila Olímpica para que os atletas possam dormir com as janelas fechadas, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tentar evitar o pânico e pedir prudência, alguns importantes comitês olímpicos nacionais, como o dos Estados Unidos e o do Quênia, apertaram o botão de alarme, tão contagioso quanto o vírus transmitido pelas fêmeas, que picam várias pessoas, do mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a febre amarela, a dengue e o chikungunya em países tropicais e subtropicais.

Os Estados Unidos, a grande potência olímpica, concedeu a seus esportistas, pela primeira vez explicitamente, a liberdade de decisão. “Quem tiver medo, que não vá”, disseram a eles às autoridades olímpicas do país que boicotou os Jogos de Moscou em 1980 devido à invasão soviética do Afeganistão. O Quênia, vizinho de Uganda e da região de Zika e grande potência do atletismo, anunciou, por meio de seu lendário campeão da Olimpíada do México de 1968, Kip Keino, que está cogitando não ir ao Brasil. “A saúde de nossa juventude é mais importante do que os Jogos”, disse Keino, que também é presidente do Comitê Olímpico Queniano, temeroso também de devolver o vírus à África.

Outros países, porém, acompanham a evolução do vírus sem alarmismo, como a Espanha. “A doença se desenvolve em 80% sem sintomas, e estes não são graves: febre moderada, coceira, conjuntivite..., mas não os levamos muito a sério”, diz Helena Herrero, diretora dos serviços médicos da federação espanhola de futebol e coordenadora da comissão médica do Comitê Olímpico Espanhol. “A OMS decretou um alerta global e estamos esperando antes de tomar decisões, porque há possibilidades de complicações. Um aumento de casos de microcefalia no Brasil foi associado ao vírus em mulheres grávidas, mas não há comprovação científica.”

Repelentes de insetos

Herrero destaca que estão acompanhando pontualmente todos os relatórios de Saúde, da OMS e das autoridades e que acredita que a epidemia, que afeta atualmente um milhão e meio de brasileiros, perderá força. “Em agosto será inverno no Brasil e com o frio a população de mosquitos diminuirá”, diz. “Vamos recomendar medidas preventivas aos esportistas para evitar a picada do mosquito, pois não há vacinas: que usem um repelente de mosquitos com mais de 50% de DEET, que usem mangas e calças compridas, que não usem cremes nem perfumes, que evitem regiões pantanosas e alagadas, que usem preservativos em suas relações sexuais, que durmam com mosquiteiros impregnados de inseticida...”

A diretora espanhola explica que, para que o vírus se propague, devem coincidir em tempo e local os mosquitos e as pessoas infectadas postas em contato por uma picada do mesmo artrópode.

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