Comitê dos EUA diz que atletas podem deixar de ir às Olimpíadas no Rio por causa do zika
Informação foi repassada em reunião com as principais entidades esportivas do país, diz 'Reuters'
O Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC, nas siglas em inglês) informou para as federações esportivas norte-americanas que atletas e membros das equipes que tiverem qualquer preocupação de saúde por causa do zika vírus podem reconsiderar a ida aos jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, em agosto, informa a agência de notícias Reuters. O Comitê negou, no entato, o fato e diz simplesmente "informar as recomendações do CDC", o Center for Disease Control (CDC). "Estamos tomando medidas para garantir que a nossa delegação e os membros da equipe americana estejam cientes das recomendações do CDC sobre viajar para o Brasil", disse o porta-voz Comitê Patrick Sandusky em um e-mail.
Participar dos Jogos Olímpicos no Rio é uma decisão "muito pessoal", disse nesta segunda-feira o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID), Anthony Fauci. "É muito difícil dar conselhos para aqueles que passaram os últimos anos de sua vida treinando para isso, é uma decisão muito pessoal", disse Fauci em uma conferência de imprensa da Casa Branca. O que os cientistas podem dar são "dados baseados em evidências e informações" disponíveis, e estes indicam que a principal preocupação são as mulheres grávidas, Fauci observou.
O Center for Disease Control (CDC) recomenda que as mulheres grávidas não viajem para áreas onde há muitos casos de zika. Também aconselha aos homens que se deslocam para esses países e tiverem uma parceira sexual a usar preservativos ou manter abstinência até o parto, para prevenir a infecção do feto.
O Brasil é o epicentro da epidemia do vírus na América. A estimativa é que, no ano passado, entre 500.000 e 1 milhão de pessoas tenham contraído a doença, que na maioria dos casos não provoca sintomas ou tem apenas manifestações leves. Mas que também está sendo ligada ao aumento de casos de microcefalia em bebês e da Síndrome de Guillain-Barré em adultos, que pode causar paralisia. Segundo o jornal O Globo, os casos da síndrome aumentaram no Estado neste ano. Estima-se que nos próximos meses, quando ocorre a temporada de chuva no país, os casos de zika aumentem. Quando acontecem os jogos, entretanto, a reprodução do mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença, é mais baixa porque chove menos.
A mensagem do USOC norte-americano foi dada no final de janeiro em uma conference call com os líderes das principais federações esportivas do país, segundo a agência Reuters, que afirma que a fala foi confirmada por duas fontes presentes na reunião. O comitê afirmou aos representantes que ninguém deveria ir ao Brasil “se não se sentisse confortável”, de acordo com Donald Anthony, presidente do time de esgrima norte-americano. O USOC não respondeu aos questionamentos da Reuters.
De acordo com Anthony, logo no início o representante do comitê afirmou que mulheres que podem estar grávidas ou pensando em engravidar e que estejam na lista de participantes das Olimpíadas não deveriam ir ao Rio. Will Connell, diretor esportivo da Federação Equestre dos Estados Unidos, disse que a entidade estava deixando a decisão para cada atleta e membro da equipe. “Eles afirmaram que ninguém que tem motivos para ficar preocupado deveria se sentir obrigado a ir”, disse ele. “Se os atletas se sentem desta forma, claro que eles podem decidir não ir”.
Os Estados Unidos ganharam a maior parte das medalhas nas Olimpíadas de Londres, em 2012. Por isso, a falta dos atletas do país pode impactar muito as Olimpíadas do Rio. Os dois entrevistados pela Reuters, entretanto, afirmam que em nenhum momento o comitê norte-americano indicou preocupação de que um grande número de atletas decidam evitar o Rio. Pelo contrário, expressou otimismo de que o risco vai ser minimizado pela cooperação entre diversos setores no combate ao mosquito e pelo fato de as Olimpíadas acontecerem no inverno e não no verão, quando a doença é mais preocupante.
O Rio espera receber 380.000 turistas para os Jogos Olímpicos. E, mesmo com os baixos efeitos da doença na maior parte das pessoas, o vírus pode assustar, especialmente pela falta de certezas existentes sobre a doença. Ainda não se sabe se ela, de fato, é a responsável pelo aumento de casos de microcefalia no Brasil, apesar de a associação ser bastante favorável. Não há vacinas ou um teste rápido eficiente, que possa detectá-la mais rapidamente.
O Comitê Olímpico Brasileiro já afirmou que tem tomado todas as precauções para evitar a proliferação do mosquito vetor. Os locais dos eventos serão inspecionados diariamente para evitar qualquer resquício de água parada onde o Aedes possa de reproduzir.
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