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Cerca de 19.000 civis morreram nos últimos dois anos de guerra no Iraque

As Nações Unidas alertam que o Estado Islâmico pode estar liderando um genocídio no país

Um grupo de iraquianos remove um cadáver dos escombros de um mercado em Bagdá, depois de um atentado em 13 de agosto de 2015.
Um grupo de iraquianos remove um cadáver dos escombros de um mercado em Bagdá, depois de um atentado em 13 de agosto de 2015.Karim Kadim (AP)
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As violações dos direitos humanos cometidas pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI) no Iraque configuram um "possível genocídio", segundo um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e pela Missão da ONU no país (UNAMI). "O EI continua cometendo, de forma sistemática e generalizada, violações e abusos contra a lei humanitária internacional e contra a lei internacional de direitos humanos. Esses atos podem representar, em alguns casos, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e possível genocídio”, diz o texto. A missão da ONU no Iraque também afirma que os combates entre o grupo jihadista, as forças do Exército iraquianas e milícias xiitas estão atingindo especialmente os civis. Segundo cálculos da organização, 18.802 civis morreram entre 1 de janeiro de 2014 e 31 de outubro de 2015.

O relatório denuncia que o EI assassinou e sequestrou "um grande número" de civis. "As vítimas incluem aqueles que se opõem ao EI, assim como pessoas ligadas ao Governo, como membros das forças de segurança, policiais e funcionários públicos; profissionais como advogados, médicos e jornalistas; e líderes religiosos", afirma o relatório. A UNAMI relata como o grupo jihadista aplica seu próprio sistema judiciário, que sentencia à morte inúmeras vezes, além de aplicar castigos desumanos, como amputações e apedrejamento.

Além disso, também há numerosos exemplos de execuções públicas, "com disparos, decapitação, queimando pessoas vivas ou atirando-as de um edifício". "Há também denúncias de assassinato de meninos-soldados que abandonaram o combate na província de Al Anbar", acrescenta o texto.

De fato, verificou-se que entre 500 e 800 crianças foram sequestradas em Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, para treinamento militar e educação religiosa. "O Estado Islâmico continua abusando sexualmente de crianças e mulheres”, declarou no documento, que destaca "particularmente a escravidão sexual". No relatório, também é denunciado que o conflito entre o Governo e os vários grupos jihadistas no Iraque está afetando os civis, com um total de mais de 18.800 vítimas fatais e 36.245 feridos entre janeiro de 2014 e outubro de 2015.

Além dos mortos e feridos, mais de 3,2 milhões de pessoas tiveram de se deslocar em seu próprio país, incluindo mais de um milhão de crianças. Do total de vítimas, 3.855 foram mortas e 7.056 ficaram feridas entre maio e outubro do ano passado, embora o texto da ONU alerte que os números podem ser muito maiores do que o registrado. Metade das mortes ocorreu em Bagdá, segundo o estudo, que também revela a descoberta de valas, algumas encontradas em áreas de ocupação do EI, mas outras onde provavelmente estão enterradas vítimas de Saddam Hussein.

Por outro lado, a UNAMI também acusa as forças iraquianas de segurança e seus aliados — milícias, grupos tribais epeshmergas (forças curdas) — de homicídios e sequestros. "Muitos desses incidentes estão relacionados com pessoas suspeitas de colaborarem com o EI", indica o documento, que lamenta que as forças de segurança não tenham protegido os civis como deveriam.

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