_
_
_
_
_

EUA mediam acordo para reduzir tensão entre israelenses e palestinos

Netanyahu aceita submeter a videovigilancia o statu quo da Esplanada das Mesquitas

Juan Carlos Sanz
Rei Abdullah, da Jordânia, recebe o secretário de Estado John Kerry
Rei Abdullah, da Jordânia, recebe o secretário de Estado John KerryR. Adayleh (AP)

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está disposto a anunciar nesta noite medidas para supervisionar a manutenção do status quo vigente na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, cuja disputa está na origem da atual onda de violência em Israel e Palestina. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, anunciou na tarde deste sábado em Amã que o Governo de Netanyahu aceitou a colocação de câmeras de vigilância no recinto, o terceiro local mais sagrado do Islã. O acordo forjado com a mediação de Washington trata de desativar uma escalada de ataques que, desde o início de outubro, já custou as vidas de 52 palestinos, metade dos quais considerados como agressores pelas forças de segurança, e de nove israelenses.

Mais informações
Netanyahu culpa um líder islâmico de convencer Hitler do Holocausto
Palestino mata colono judeu ao atropelá-lo com caminhão
Quatro palestinos são abatidos a tiros ao tentar esfaquear israelenses
Três israelenses mortos e 30 feridos em quatro atentados consecutivos
Bombardeio de Israel em Gaza mata palestina grávida e sua filha

Ocupada pelo Exército de Israel desde 1967, junto ao restante da Cidade Velha de Jerusalém, a Esplanada—que inclui a mesquita de Al-Aqsa e a dourada Cúpula da Rocha— pode receber cultos islâmicos e a presença, em horário restrito, de visitantes de outras religiões, ainda que esses não estejam autorizados a rezar dentro do recinto. Coincidindo com as festividades judaicas de setembro, houve um aumento no número de visitas de grupos de judeus, escoltados por forças de segurança, ao chamado Monte do Templo pelos hebreus, já que lá estão restos de dois templos bíblicos deles.

O ministro da Defesa, Moshe Yaalon, também proibiu à época os chamados Guardiões de Al-Aqsa, uma organização integrada fundamentalmente por mulheres muçulmanas que protestava contra a presença de judeus no Nobre Santuário, como é chamada a Esplanada na tradição islâmica.

Autoridades palestinas suspeitaram que Israel pretendia alterar o status quo de Al-Aqsa, respeitado desde 1967 e referendando pelo tratado de paz de 1994 com a Jordânia, cujo monarca ostenta o título de custódia dos locais sagrados muçulmanos na Cidade Santa e comanda a Wafq, fundação islâmica que administra o local da Esplanada. O Governo israelense tem garantido que não iria mudar a regulamentação dos horários de visita nem autorizar orações dos judeus. Mas os palestinos insistiam que havia o risco de que se repetisse o que aconteceu em Hebron após a ocupação israelense, que levou à divisão da mesquita de Ibrahim, que os judeus denominam tumba dos Patriarcas.

A vigilância permanente por vídeo de Al-Aqsa será compartilhada por israelenses e jordanianos, segundo Kerry, que se reuniu separadamente em Amã com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e com o rei Abdullah 2º, a quem atribuiu a proposta de colocação de câmeras. O secretário de Estado, que se encontrou com Netanyahu na quinta-feira em Berlim, comunicou a ambos os dirigentes árabes que o primeiro-ministro israelense havia garantido a ele a manutenção do status quo da Esplanada.

Em um novo episódio de violência registrado neste sábado antes que fosse anunciado o acordo na capital jordaniana, um palestino foi morto a tiros quando tentava apunhalar um membro das forças de segurança israelenses em um posto de controle situado perto de Jenin, no norte da Cisjordânia.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_