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Seca deixa à mostra uma igreja submersa no México

Falta de chuva deixa à vista um templo do século XVI em Chiapas

L. P. Beauregard
Vista da igreja de Quechula.
Vista da igreja de Quechula.David von Blohn (AP)

As caudalosas águas do sudeste do México guardam valiosos tesouros. A falta de chuva deixou descoberto o que resta do templo de Quechula, erigido no século XVI por frades dominicanos no norte do que hoje é o Estado de Chiapas. A igreja, de 61 metros de comprimento, está submersa desde 1966, quando foi terminada a construção da represa de Malpaso, no leito do rio Grijalva, o segundo maior do país.

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O Grijalva, de 600 quilômetros de comprimento, foi afetado em 2015 pelo fenômeno El Niño, que provocou menos da metade do nível normal de chuva em uma região do país de vegetação frondosa e habituada a generosas tempestades tropicais. Essa carência diminuiu desde maio os níveis do rio, que se encontram em estado crítico.

Quatro represas dependem do Grijalva. Uma delas é a de Malpaso, onde está uma importante hidrelétrica que abastece de energia vários Estados do sudeste do México. Em agosto estava onze metros abaixo dos seus níveis habituais. É possível que as águas tenham baixado mais desde então, já que os especialistas calculam que a igreja de Quechula só pode ser vista quando o nível baixa 25 metros. A última vez que isso aconteceu foi em 2002. Na época vários fiéis caminharam até o templo e realizaram uma missa entre as paredes cobertas de lama seca.

Carlos Navarrete, um arquiteto que elaborou um relatório sobre os vestígios da igreja para o Governo, afirma que o templo foi abandonado entre 1773 e 1776 por conta de uma série de doenças que afetaram as comunidades da região, que hoje é habitada por índios zoques.

Antes da represa ser terminada, em 1966, existia um pequeno povoado perto do templo. A comunidade era formada por quatro bairros, cada um deles com o nome de um santo. Os familiares dos antigos habitantes da área dizem que o templo era conhecido como a Igreja de Santiago.

Quando o nível de água baixa, os pescadores da região se transformam em guias. Transportam em seus barcos os curiosos que pretendem apreciar os restos do templo. Alguns afirmam que um terremoto na região derrubou um dos muros, de dez metros de altura, na década de quarenta do século passado. Nessa parte do país, a seca dá passagem ao turismo.

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