_
_
_
_
_

Viagem à origem do ser humano

Pedaço de mandíbula pode mudar para sempre o que sabemos sobre nossos ancestrais Esta é a história de uma aventura em busca dos rastros da origem do gênero ‘Homo’

Mandíbula humana de 2,8 milhões de anos encontrada em Ledi-Geraru (Etiópia). Seu nome científico é LD350-1.
Mandíbula humana de 2,8 milhões de anos encontrada em Ledi-Geraru (Etiópia). Seu nome científico é LD350-1.Bernardo Pérez (EL PAÍS)

No dia 29 de janeiro de 2013, sobre uma colina perdida em meio às planícies da Etiópia, alguém deu um grito:

- Achei um homem!

- Que tipo de homem? –perguntaram de lá de baixo.

- O hominídeo! O hominídeo!

A descoberta, mais ou menos casual, pode mudar para sempre aquilo que sabemos sobre o alvorecer do gênero humano. Esse “homem” é, na verdade, uma mulher, e, provavelmente, o membro mais antigo do nosso próprio gênero, o Homo. A datação de seus vestígios é, até o momento, totalmente desconhecida. Não se conhecem fósseis humanos daquela época capazes de explicar por que hominídeos anteriores desapareceram sem deixar rastros, nem como, centenas de milhares de anos depois, surgiram nessa região da África os primeiros humanos. O pequeno fóssil encontrado naquele dia de janeiro e apresentado publicamente em março deste ano pode finalmente solucionar o mistério.

Mais informações
O triunfo do homem-macaco
Vala com ossos de uma nova espécie humana é encontrada na África
A viagem da primeira pessoa que pisou na América
Os neandertais podem estar no centro da grande cadeia dos seres?
Um retorno à mãe África
Genoma mais antigo de nossa espécie mostra cruzamento com Neandertais
A herança do neandertal contra o frio

Numa tarde de agosto passado, dois homens descem de um Toyota Land Cruiser branco e se dirigem ao local da descoberta. Atravessaram quilômetros e quilômetros de terras ermas seguindo por um caminho enganoso que aparecia e desaparecia sem deixar rastros. Antes disso, ainda na rodovia, perto da cidade de Mille, o que mais chama a atenção é a fila de caminhões parados que chegam de Yibuti, causando congestionamentos gigantescos. Eles aguardam com seus motores ligados, a altas temperaturas, para passar pela alfândega, onde se diz que o exército possui um equipamento de raio X para combater o contrabando e o terrorismo. Depois de uma guerra civil cruel com a Eritreia, a Etiópia ficou sem saída para o mar, e esse caminho que atravessa a região desértica de Afar rumo à capital, Adis Abeba, é a principal rota de entrada de mercadorias.. Vários contêineres, rodas e caminhões desmontados enchem as valetas.

A partir do momento em que não se pode mais continuar o caminho com o carro, os dois homens avançam a pé pelo leito de um riacho seco onde só florescem algumas poucas árvores e arbustos. Seus espinhos são tão duros que furam as solas dos calçados. Nas duas margens há cabras e camelos mortos esturricados pelo sol, testemunho da preocupante ausência de chuva que castiga a região de Afar por esses dias. Depois de descer por uma elevação, os dois param diante de uma colina coberta de terra marrom em que se destacam várias pedras esbranquiçadas, com todas as formas possíveis. Vistas de mais perto, percebe-se que são, em sua maioria, fósseis. Dentes de babuínos, presas de elefantes, mandíbulas de hipopótamos, ossos de búfalos, girafas, ungulados... São tantos, que os pastores os utilizam para construir cercados a fim de proteger seus cabritos dos ataques de hienas.

Um conservador estuda a mandíbula nos laboratórios do Museu Nacional de Etiópia.
Um conservador estuda a mandíbula nos laboratórios do Museu Nacional de Etiópia.Bernardo Pérez

Mohamed Ahmedin, de 60 anos, um homem baixinho escondido atrás de um boné verde e de uns óculos escuros, é guia oficial do Governo regional de Afar e viaja há muitos anos com as equipes de pesquisadores, em sua maioria norte-americanos. Ele próprio é um bom caçador de fósseis e diz ter encontrado, inclusive, restos de hominídeos, embora quase nunca lhe atribuam o devido crédito por isso, segundo afirma. O outro homem se chama Ali Yasen, é parente de dirigentes afares da região e também trabalha para os paleantropólogos norte-americanos. Do alto da colina, Ahmedin aponta para o montículo de fósseis de elefantes e outros animais. “Foi aqui que o encontraram”, diz ele. Ao redor, pode-se observar uma área de colinas nuas, que parecem algo de um outro planeta. Seu nome é Ledi-Geraru.Estamos no vale do rio Awash, provavelmente o melhor lugar do mundo para se entender como nos transformamos em humanos. As águas marrons do leito pintam uma franja de vegetação em meio a um território árido, abrasador de noite e de dia. Na margem oeste, vivem os afares, pastores que moram em aldeias com poucas cabanas de palha, usam celulares 3G e defendem ferrenhamente suas terras armados com facas e metralhadoras Kaláshnikov, quando é necessário. Do outro lado, ficam os isa, com os quais os afares vem se enfrentando há séculos na disputa por campos de pastagem e água para suas vacas, cabras e camelos, igualmente esquálidos nessa época do ano.

Uma caravana de camelos atravessa a região de Lee Adoyta, onde, em janeiro de 2013, um estudante encontrou a mandíbula.
Uma caravana de camelos atravessa a região de Lee Adoyta, onde, em janeiro de 2013, um estudante encontrou a mandíbula.Erin Dimaggio/Penn State University

Ao longo de dezenas de quilômetros, nas duas margens do rio, existem jazidas que permitem percorrer mais de cinco milhões de anos de evolução e presenciar, por meio dos fósseis, como foram surgindo as características que nos fazem sermos humanos. Até agora, achava-se que esse gênero surgiu na África há cerca de 2,5 milhões de anos. O grupo ensejou um importante número de espécies, ensaios evolutivos mais ou menos bem-sucedidos, dos quais permaneceram vivos apenas os Homo sapiens, ou seja, nós.O que define um ser humano? Andar sobre duas pernas, por exemplo. Ora, nessa região, há 5,8 milhões de anos, viveu o Ardipithecus ka­dabba, que já era capaz de caminhar de pé cerca de três milhões de anos antes do surgimento do primeiro Homo. Usar ferramentas também parece ser algo bastante típico do ser humano. Em Dikika, na margem oeste do Awash, viveram os Australopithecus afarensis, que usavam pedras afiadas para cortar carne e obter um alimento que muitos, hoje em dia, acreditam ter sido crucial para a formação de um cérebro cada vez maior. Isso aconteceu há mais de três milhões de anos, cerca de 500.000 anos antes dos primeiros humanos.

“Este fóssil mostra que todos nós, seres humanos de hoje – inclusive Donald Trump -, estamos conectados e temos uma mesma origem Zeray Alemseged, palentrólogo

Lucy é o A. afarensis por excelência. Trata-se do esqueleto bastante completo de uma fêmea que pesava cerca de 30 quilos e tinha cerca de um metro de altura. Viveu em Hadar, uma região do Afar, há 3,2 milhões de anos. Era muito parecida com um chimpanzé, a não ser por uma característica bastante humana: suas ancas e pernas eram já bem diferentes e lhe permitiam andar de pé.

Em um meio-dia de agosto, Mohyamed Ahmedin atua como guia em direção ao local onde Lucy foi encontrada. Para chegar até ali, é preciso descer pela encosta de uma das várias colinas acinzentadas que dominam a paisagem, com o rio Awash ao fundo. Nessas encostas, com cerca de 200 metros de altura, é possível observar perfeitamente as diferentes camadas de terreno que abrangem mais de meio milhão de anos. No leito seco de outro riacho, sob um calor infernal, voltam a aparecer presas de elefantes, restos enormes de búfalos ou patas de hipopótamos saindo da terra como se alguém os tivesse enterrado ali. No topo de uma colina há um pequeno monumento que sinaliza o local exato onde, em 1974, uma equipe liderada pelo norte-americano Donald Johanson encontrou o esqueleto, que recebeu seu nome em homenagem à canção Lucy in the sky with diamonds, dos Beatles.

Um exemplar de 'Theropithecus gelada', um primata que vive nas pradarias de altas montanhas no centro e no norte da Etiópia.
Um exemplar de 'Theropithecus gelada', um primata que vive nas pradarias de altas montanhas no centro e no norte da Etiópia.Bernardo Pérez

Depois de Lucy, a evolução dos hominídeos passa por um túnel totalmente escuro. No fim desse túnel, novamente à luz, e novamente em Hadar, cerca de 700.000 anos depois, os A. afarensis desapareceram sem deixar rastros. Em seu lugar, surge o Homo habilis, considerado até hoje o primeiro membro do gênero Homo. Sua principal característica são as mãos hábeis, capazes de fabricar ferramentas de pedra, também encontradas em Hadar. A partir de então, a árvore da humanidade floresce com novas espécies e características. Por exemplo, um corpo com dimensões muito semelhantes às atuais e cérebros de tamanhos crescentes, como o do Homo erectus, o primeiro humano a deixar a África. Muito tempo depois, também no vale do Awash, viveram os primeiros membros da nossa própria espécie (Homo sapiens), por cerca de 160.000 anos. Há cerca de 70.000 anos, essa espécie, já com linguagem e capacidade de criar arte, ornamentos, símbolos... deixou a África e se espalhou pelo restante do mundo. Todos os seres humanos de hoje são seus descendentes.

A grande pergunta é o que ocorreu dentro do túnel. Nós, humanos, realmente viemos da estirpe de Lucy? O que mudou em Afar para que nossos possíveis ancestrais australopitecos fossem extintos e aparecesse o novo gênero Homo, com traços muito diferentes? É o maior mistério dessa história. Ou, pelo menos, foi até o dia 29 de janeiro de 2013. “Estávamos explorando um lugar chamado Lee Adoyta, e ali me vi diante de uma colina”, recorda Chalachew Seyoum, paleoantropólogo etíope que estuda na Universidade Estatal do Arizona. Ao chegar ao topo, viu um dente molar despontando na terra. “Quando o olhei mais de perto, vi que ainda estava intacto e incrustado a um pedaço de mandíbula. Depois encontrei o resto da mandíbula e vi que se encaixava perfeitamente com o outro fragmento. Desde o primeiro momento, eu soube que era um fóssil importante”, recorda.

Mohamed Ahmedin mostra o lugar exato onde foi encontrada a mandíbula humana mais antiga que se conhece.
Mohamed Ahmedin mostra o lugar exato onde foi encontrada a mandíbula humana mais antiga que se conhece.N. D.

O melhor que pode acontecer a um paleoantropólogo é que os animais caiam mortos perto da margem de um rio ou lago e que o nível de água suba de forma quase imediata. O cadáver logo será encoberto pela lama e pelas pedras arrastadas pela corrente. Com sorte, permanecerá assim durante milhões de anos, e a matéria orgânica será substituída por minerais pouco a pouco, até produzir um fóssil. A primeira coisa que esses caçadores de restos humanos faz é estabelecer a idade geológica dos terrenos. E, uma vez encontrado o período desejado, é preciso fazer buscas em uma área com encostas expostas. “As camadas puramente vulcânicas não servem para descobrir fósseis”, explica Berhane Asfaw, subdiretor do Awash Médio, a área de exploração paleoantropológica mais ampla dentre todas que existem em Afar. “Entre todos os terrenos, é preciso procurar sedimentos macios depositados por antigos rios e lagos”, diz.

Uma vez encontrada uma área exposta com esse tipo de sedimento, “é preciso dirigir o mais rápido possível, caminhar sem descanso e encontrar os fósseis justamente quando eles começarem a ficar expostos”, afirma. Com sorte, como no caso de Lucy ou a mandíbula de Ledi-Geraru, haverá mais ossos sob a parte saliente. Em cinco ou 10 anos, qualquer vestígio, por mais importante que seja, pode se perder para sempre arrastados por chuvas. Por isso, em Afar, os buscadores de fósseis trabalham sob um permanente “estado de emergência”, reconhece Asfaw.

Escavações na colina de Ledi-Geraru.
Escavações na colina de Ledi-Geraru.Brian Villmoare

De todas as colinas, montes e sedimentos de Afar, os mais cobiçados são os que datam de 3 a 2,5 milhões de anos atrás, o período obscuro do túnel. “Acredita-se que nessa época ocorreu um fenômeno conhecido como desconformidade, ou seja, que houve apenas erosão e não depósito de sedimentos. E sem sedimentos, não há fósseis”, explica Zeray Alemseged, sentado em uma das grandes salas do terceiro andar de um edifício novo, parte do Museu Nacional da Etiópia, em Adis Abeba. Atrás dele, há uma fileira de caixas-fortes de cor creme, à prova de balas, fogo e água, acorrentadas ao chão. Elas mantêm sob temperatura e umidade constantes todos os fósseis excepcionais encontrados na Etiópia desde a descoberta de Lucy.

Quando ainda não tinha completado 30 anos de idade, Alemseged procurava seu próprio território como paleoantropólogo. Entre todos os sítios, escolheu o mais perigoso: uma faixa de sedimentos conhecida como Dikika, na margem oposta a Hadar e em pleno território isa. “Quando dirigi até ali em 1999, meu carro foi a primeira coisa a ter pisado naquela área”, afirma. O paleoantropólogo trabalhou sozinho, exercendo várias funções. “Eu era mecânico, cozinheiro, motorista, cientista e, principalmente, diplomata”. Para chega e sair de Dikika, tinha que cruzar o território afar. Por isso, os conflitos com ambas as etnias, bem nutridas de fuzis soviéticos, eram constantes. Atualmente tudo melhorou muito, e valeu a pena. Em Dikika, Alemseged encontrou Selam, o excepcional fóssil quase completo de uma menina de três anos da mesma espécie que Lucy, mas que viveu cerca de 120.000 anos antes. Ele também demonstrou que essa espécie já era humana em sentido amplo, pois manipulava ferramentas para cortar carne. O limite entre o que é humano e o que não pode ser distinguido. “O que é ser um humano depende sempre do contexto”, alerta Alemseged.

Missa em Lalibela.Foto: reuters-live | Vídeo: Bernardo Pérez

No fim de julho, retiraram Lucy de sua caixa-forte. Os restos foram transportados em vários carros oficiais para que ninguém soubesse em qual eles realmente viajavam. O deslocamento foi feito para mostrar o fóssil a Barack Obama, de visita à Etiópia. “Até deixamos que ele o tocasse com a ponta do dedo”, lembra Alemseged. Este paleoantropólogo etíope, que trabalha na Academia de Ciências da Califórnia, foi o encarregado de explicar ao presidente norte-americano por que Lucy é tão importante para entendermos nossas origens. “Este fóssil mostra que todos nós, seres humanos de hoje – inclusive Donald Trump -, estamos conectados e temos uma mesma origem”, iniciou o paleoantropólogo, arrancando uma gargalhada de Obama. Trump é o polêmico candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, famoso por seus comentários racistas e sexistas. Há alguns anos, ele exigiu que Obama apresentasse sua certidão de nascimento para provar que é realmente norte-americano. Um dia depois de ver o fóssil, em 28 de julho, em seu discurso na sede da União Africana, Obama citou Lucy e traduziu a ideia de Alemseged à linguagem politicamente correta: “Nessa árvore da humanidade, com todas os nossos ramos e diversidades, viemos todos da mesma raiz. Somos uma mesma família, uma mesma tribo. E ainda assim, grande parte do sofrimento deste mundo se deve a não nos lembrarmos disso e esquecermos como reconhecer a nós mesmos no outro”.

Um exorcismo em Lalibela.
Um exorcismo em Lalibela.Bernardo Pérez

Em 2002, outra caçadora de fósseis decidiu procurar seu próprio território. Chamava-se Kaye Reed e escavava a Etiópia desde 1996, sobretudo na zona de Hadar. A norte-americana decidiu se concentrar em Ledi-Geraru, onde esperava encontrar fósseis do período escuro, mas só achou ossos da espécie de Lucy. Não desistiu e passou uma longa década explorando a zona, de cerca de mil quilômetros quadrados, analisando a geologia, perfurando o terreno, tentando encontrar “um pequeno pedaço de terra com fósseis”. Finalmente, em 2012, encontrou aquela colina parda onde havia sedimentos do período apropriado em que o fóssil finalmente apareceu. O osso mineralizado foi embalado cuidadosamente e enviado ao Museu Nacional. Nem sequer os encarregados de cuidar dele e reconstruí-lo souberam o que tinham nas mãos. “Só nos disseram alguns dias antes da grande entrevista coletiva que haviam organizado”, explicou dias atrás Yared Assefa, conservador do Museu Nacional, que começou a reconstruir e limpar o fóssil em 2014.

O segredo foi revelado em 5 de março de 2015. Num estudo publicado pela revista científica Science, uma das mais prestigiosas do mundo, a equipe explicou que a mandíbula tinha 2,8 milhões de anos e era de Homo. Portanto, a origem de nosso gênero voltava cerca de 400.000 anos no tempo. A mandíbula e os dentes daquele hominídeo apresentavam uma estranha mistura de traços, como se estivessem em plena metamorfose. Por um lado, ele parecia-se com Lucy; por outro, já antecipava traços únicos dos outros Homo que surgiriam centenas de milhares de anos depois. Segundo muitos especialistas de dentro e fora do projeto, este fóssil está no lugar e no momento adequados para explicar como uma espécie não humana deu lugar a nosso gênero.

Na bacia do rio Omo, convivem algumas das tribos mais emblemáticas da África.
Na bacia do rio Omo, convivem algumas das tribos mais emblemáticas da África.Bernardo Pérez

A julgar pelo tamanho dos dentes e da mandíbula, parece que o “homem” dessa história é realmente uma mulher, explica Kaye Reed, ao telefone, de seu gabinete na Universidade Estatal do Arizona. “Embora ainda seja cedo para ter plena certeza”, completa. Muitos membros de sua equipe acreditam que é uma nova espécie e que provavelmente descenda da de Lucy, Australopithecus afarensis. A ideia tem fundamento científico e geográfico: Hadar e Ledi-Geraru estão a cerca de 30 quilômetros de distância em linha reta.

Reed oferece outro argumento a favor de Ledi-Geraru como berço da humanidade. “Os primeiros bípedes, como os Ardipithecus, viviam em ambientes cheios de árvores e bosques. Foi o caso também dosA. afarensis, que ainda moravam em zonas arborizadas, como indica o tipo de fauna encontrado no lugar. Ledi-Geraru, por sua vez, data de uma época de mudança climática e seu entorno era completamente aberto: campos, rios e lagos, e uma fauna muito diferente da de Hadar”, afirma. Acredita-se que a adaptação a esse novo ambiente propiciou mudanças fundamentais na evolução humana, como o consumo de carne e a fabricação de ferramentas para arrancá-la do osso. “Encontramos mais dentes desse hominídeo cujos detalhes ainda não publicamos, e uma das coisas que queremos fazer é analisar sua composição para saber qual era sua dieta exatamente”, diz Reed. No momento, os achados estão a um passo da glória absoluta. Para alcançá-la, é preciso encontrar mais restos, sobretudo da parte superior da cara e do crânio, que possam confirmar de maneira cabal que se trata de uma nova espécie. O que já não se pode negar é que, de repente, foi acesa uma luz no meio do túnel mais escuro da evolução humana.

Etiópia, uma Arcádia desconhecida.
Etiópia, uma Arcádia desconhecida.Bernardo Pérez

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_