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O tráfico de heroína surge como possível causa do massacre de Iguala

Alunos da escola de Ayotzinapa teriam entrado em um ônibus carregado com a droga

Pablo de Llano Neira
Agricultor em campo de papoula do Estado de Guerrero, em 2015.
Agricultor em campo de papoula do Estado de Guerrero, em 2015.HUMBERTO PADGETT

Especialistas indicados pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para rever a investigação do caso do massacre dos estudantes de Iguala, no México, afirmam que o tráfico de heroína pode estar por trás da morte de 43 estudantes em 26 de setembro de 2014. Sem que os jovens soubessem, um dos cinco ônibus usados por eles para irem a uma manifestação na Cidade do México poderia ocultar um carregamento da droga.

“Segundo as informações recolhidas”, diz o relatório dos especialistas, “Iguala é um lugar muito importante para o tráfico de heroína, e uma parte desse tráfico se daria pelo uso de ônibus que escondem a droga camuflada”.

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A hipótese, que os especialistas consideram “a mais consistente”, seria que, sem saber, os estudantes levavam um carregamento escondido em um dos ônibus, e os traficantes realizaram um ataque feroz aos cinco ônibus para recuperá-lo. “O negócio que acontece em Iguala poderia explicar a reação extremamente violenta e o caráter maciço do ataque”, supõem os investigadores da OEA.

Nenhuma das outras hipóteses, segundo eles, explica “o modus operandi nem o nível de coordenação e violência”. A explicação do Governo, apoiada na confissão dos detidos, é que pistoleiros da quadrilha Guerreros Unidos confundiram os estudantes com membros da quadrilha rival Los Rojos. A imprensa também expôs conjecturas de que o ataque seria uma reação à tradição de ativismo político dos alunos da escola de magistério rural de Ayotzinapa, berço, nos anos sessenta, de guerrilheiros como Lucio Cabañas e Genaro Vázquez. Uma variação dessa hipótese apontaria para uma vingança do prefeito de Iguala, José Luis Abarca, por ter sido vaiado por alunos de Ayotzinapa.

Os especialistas da OEA acreditam que é preciso investigar detalhadamente a pista da heroína. “É um aspecto que ainda não foi suficientemente considerado (...). Alguns ônibus são utilizados para transportar heroína e dinheiro entre Iguala e Chicago.” Há meio século as montanhas do Estado de Guerrero são um centro de cultivo de papoula, atualmente o maior do México. A heroína é uma droga em alta nos Estados Unidos e, portanto, de crescente importância para os narcotraficantes mexicanos. Iguala é um enclave importante.

O relatório dos investigadores indica que o ônibus que poderia ter transportado droga é, “especificamente”, um veículo que não foi citado na ação do Ministério Público. Na documentação oficial só se aludia a quatro ônibus, mas houve um quinto que ficou omitido até que os especialistas detectaram sua existência e perguntaram por ele às autoridades. A resposta foi que havia, de fato, um quinto ônibus, mas que não havia sido alvo dos ataques, e sim “inutilizado” pelos estudantes. Os investigadores pediram para vê-lo. Quando tiveram acesso, e apoiando-se em imagens do quinto ônibus na noite do crime, os especialistas não puderam assegurar que fosse o mesmo veículo registado por câmeras de vigilância. “Esse ônibus é um elemento central do caso”, reitera o relatório.

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