FMI, BCE e Comissão Europeia sugerem que plano grego é suficiente
Líderes das principais instituições credoras aprovam a proposta
Avaliação positiva. E necessidades financeiras da ordem de 74 bilhões de euros (261 bilhões de reais). O FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia examinaram nesta sexta-feira os detalhes da proposta grega e concluíram que ela está num bom caminho, segundo a Reuters. O buraco grego precisa de 74 bilhões de euros adicionais para ser sanado, segundo a agência, mas é possível que o resgate saia por um pouco menos. O aval das três instituições conhecidas como troika era condição sine que non para que os ministros de Finanças da zona do euro, neste sábado, e a cúpula da UE, no domingo, levem adiante o terceiro programa de ajuda a Atenas. Passada a meia-noite (hora local), não haviam sido divulgados os relatórios das três instituições, com pormenores cruciais para que os ministros deem o esperado sim à proposta grega.
Vários Governos europeus reagiram com moderada fé ao plano apresentado pela Grécia para acabar com o capítulo mais espinhoso desta crise. Reservadamente, entretanto, a desconfiança é enorme. Paris ofereceu a versão mais favorável ao acordo para o terceiro resgate, mas a ambivalência de Berlim – aplausos dos sociais-democratas; receios dos conservadores – prenuncia um fim de festa complicado. Os mercados saudaram o plano grego com altas nas Bolsas.
A conversão de Alexis Tsipras, que agora oferece a Bruxelas praticamente o mesmo acordo que o levou a convocar um referendo intempestivo, não chega a eliminar as maiúsculas dúvidas dos sócios. Ninguém na eurozona confia nele. O calote no FMI deixou cicatrizes, assim como o abrupto final do segundo resgate e a convocação da polêmica consulta que reforçou sua posição na política interna, à custa de afundar a economia grega com um corralito (restrições de saques bancários) que deve ser longo. A proposta de Atenas contém a ampla maioria das concessões que a Europa pedia em junho, mais alguns retoques em busca do difícil equilíbrio de evitar uma confusão na Grécia e ao mesmo tempo convencer as instituições da antiga troika. E, mesmo assim, Bruxelas reagiu na sexta-feira com um moderado otimismo, muito longe da euforia, aos planos de Tsipras. Os mercados, por sua vez, responderam com resultados taxativos. As Bolsas de Paris e Frankfurt subiram em torno de 3%, e as taxas de risco de países periféricos caíram.
A Europa continua com um pé atrás, temendo que Tsipras saia pela tangente no último minuto. E que, até com acordo, os problemas voltarão nos próximos meses, em todos os exames prévios aos desembolsos da ajuda. As reticências, entretanto, ficaram em um segundo plano: em público, a Europa cerrou fileiras e deu a entender que o pacto está relativamente próximo. “É uma proposta séria e acreditável”, disparou o francês François Hollande, um dos grandes articuladores desse plano que acabou destravando as negociações, informa Carlos Yárnoz. “É meticulosa, mas seria bom que contasse com um amplo apoio na Grécia”, atalhou o chefe do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. “É uma boa base”, acrescentaram fontes europeias. As instituições (FMI, Comissão e BCE) analisavam na noite de sexta os detalhes para fechar as contas e emitir uma opinião antes da reunião dos ministros e de outras autoridades da zona do euro, no chamado Eurogrupo.
Últimos obstáculos
Restam vários obstáculos pela frente: mais dois dias de drama nas cúpulas de Bruxelas. O principal empecilho são as dúvidas da Alemanha. Bruxelas considera crucial a capacidade da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel de encontrar um ponto de equilíbrio com a ala mais conservadora do seu partido. Os sociais-democratas aplaudiram a proposta de Tsipras, mas os conservadores mostraram mais dúvidas, refletindo o fato de que alguns alemães concluíram que lhes sai mais barato que a Grécia deixe o euro, informa Luis Doncel.
O terceiro resgate chega a 53,5 bilhões de euros (188,7 bilhões de reais): em Berlim, recorda-se sempre que a fatura total chegará a quase 300 bilhões de euros. O poder de persuasão de Merkel será posto a prova no começo da semana no Parlamento. O acordo exige luz verde dos Parlamentos na Holanda, Áustria, Eslováquia, Estônia e Finlândia – os países mais duros.
A segunda grande dúvida em curto prazo é a situação do setor financeiro. Os bancos gregos estão nas últimas, com um corralito e controles de capital, depois de meses de contínuas saídas de depósitos. Precisam de ajuda urgente enquanto durarem as negociações. E os sócios só falarão desse apoio de emergência uma vez que estiverem dadas as bases do terceiro resgate. Em Bruxelas, especula-se sobre uma ampliação das linhas de liquidez do BCE, mas isso não basta. As instituições financeiras precisam se recapitalizar com até 14 bilhões de euros, e permanecerão fechadas pelo menos até a próxima semana.
Só uma coisa é certa: esta crise, até com o acordo encarrilhado, não será encerrada no domingo. A única coisa que acaba neste fim de semana, se tudo sair bem, é possivelmente o capítulo menos edificante. A confusão grega ainda pode proporcionar alguma surpresa. Ou não.
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