Os bastidores das fotos de mulheres sírias se libertando do nicabe
Um fotojornalista compartilha no Twitter a chegada de refugiados a um território curdo
Vários carros com refugiados sírios alcançam o Curdistão ocidental, a região de maioria curda no nordeste do país, controlada pelo Partido para a União Democrática (PYD). No momento em que cruzam essa simbólica fronteira, começam a sorrir. As mulheres não só mostram sua felicidade rindo e gritando, mas também finalmente tirando as burcas e nicabes que o Estado Islâmico as obrigada a vestir. Essas imagens de alívio e liberdade foram captadas pelo jornalista sírio Jack Shahine e publicadas em sua conta no Twitter desde 2 de junho, onde foram compartilhadas por milhares de usuários.
All credit & appreciation for these incredible photos go to footage owner:@servankobane Shervan Derwish#Kobani pic.twitter.com/8qIFyiZdMM
— Jack Shahine (@jackshahine) June 6, 2015
“No momento que eles chegam a essa região, nos aproximamos, lhes damos água e lhes dizemos que estão a salvo”, conta ao EL PAÍS o fotojornalista sírio. As imagens que têm sido compartilhadas são tiradas do vídeo gravado por Shervan Derwish, um operador de câmera e porta-voz da Operação Vulcão Eufrates, conduzida pelo PYD e pelo Exército de Libertação Síria. Os dois jornalistas fazem parte de uma equipe de freelancers que cobre essa região desde que começou a libertação da cidade de Kobani, outro bastião curdo.
Freedom Portrait
— Jack Shahine (@jackshahine) June 4, 2015
A woman takes off blackness after reaching safety, #Kurds #YPG contrld area, west #GireSipi#Rojava pic.twitter.com/ky5oeSttoi
#Arab woman taking off blackness after fleeing #IS controlled #GirêSipî #TalAbyad today, reaching #Kurds contrld area pic.twitter.com/TDLV02vpQB
— Jack Shahine (@jackshahine) June 2, 2015
Em um vídeo publicado na edição digital do jornal britânico Daily Mail, as mulheres se levantam na parte de trás das picapes e começam a se livrar das roupas pretas que tiveram que vestir até aquele momento. Debaixo do luto forçado aparecem vestidos estampados e de cores vivas. Seus próprios acompanhantes as ajudam a se soltarem desses trajes que parecem se despedir para sempre voando pela estrada. “Para mim, esses são os momentos que marcam o início da libertação de Tel Abyad”, opina o fotógrafo.
Women & children breathing freedom reaching #Kurd #YPG contrld area
— Jack Shahine (@jackshahine) June 6, 2015
Beginning of liberating #GireSipi#Rojava#Kobani pic.twitter.com/RSAgT8mBnJ
Shahine conta que presencia cenas como essas diariamente, com a diferença de que agora decidiu publicá-las na Internet. “Foi uma grande satisfação comprovar que nosso trabalho está sendo apreciado”, afirma. “Esses homens, mulheres e crianças estão fugindo de Gire Sipi, Tel Abyad e do leste de Kobani, regiões controladas pelo ISIS”, relata.
Na Síria vivem cerca de 2 milhões de curdos, que representam aproximadamente 10% da população e são a principal minoria étnica do país. Durante anos, foram discriminados pelo regime de Bashar al-Assad —e, antes dele, por seu pai, Hafez— que não davam aos curdos os mesmos direitos garantidos à população árabe. Segundo o jornalista, o destino dessas famílias que fogem da guerra civil da Síria que começou em março de 2011 e que se unem aos quase 4 milhões de refugiados contabilizados pela ONU são os países vizinhos, como a Turquia. Ou começar uma nova vida nas casas de familiares nas áreas dominadas pelos curdos.
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