Centenas se manifestam no Rio a favor do Governo Dilma e da Petrobras
Polícia Militar contou 1.200 manifestantes; organizadores estimaram de 2.000 a 3.000
A ameaça de chuva na tarde desta sexta-feira 13 no centro do Rio de Janeiro não impediu que uma multidão se concentrasse na praça Floriano, na Cinelândia, para “defender” a Petrobras e o governo da presidenta Dilma Rousseff contra “um golpe da direita” — não necessariamente nesta ordem. Se tratou, principalmente, de uma resposta antecipada às manifestações que ocorrerão no próximo domingo e que pedem, sobretudo, o impeachment da presidenta. O ato desta sexta foi convocado por vários movimentos sociais (CUT, MST, UNE, Fora do Eixo, entre outros) e também contou com a participação de vários líderes políticos, como os deputados federais governistas Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (PT), o ex-presidente do PSB Roberto Amaral e o deputado estadual Carlos Minc (PT). A Polícia Militar, que mobilizou 400 agentes, calculou que uns 1.200 manifestantes estiveram presentes, enquanto que alguns líderes do protesto, do alto do carro de som, disseram haver entre 2.000 e 3.000 pessoas.
O protesto estava marcado para começar às 15h na praça Floriano, mas a esta hora apenas um pequeno grupo estava sentado na escadaria da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com cartazes que denunciavam a “mídia golpista”, o “mercado especulador” e os “banqueiros sonegadores”. Até que, quando o relógio se aproximava das16h, finalmente chegou um grande grupo formado por membros do MST e da CUT que vinham da Candelária. A praça rapidamente foi tomada pelas cores vermelha e laranja. Eram muitos os que vestiam uma camiseta com a cor do uniforme da Petrobras com a frase “Defender a Petrobras é defender o Brasil”. “Mas olha, eu amo a Petrobras, mas a Dilma vem primeiro. Há 18 anos minha filha teve que ir para os Estados Unidos, aqui não tinha nada. O que temos hoje foi pelo Lula”, dizia Lourdes, uma enfermeira aposentada de 84 anos que, lentamente, se aproxima de bengala ao carro de som estacionado em frente a Câmara.
“Isso aqui, meu filho, é um filme antigo. Querem enfraquecer a Petrobras para depois privatizar. Fizeram o mesmo com a Embratel. Eu trabalhava lá, vi de perto. Vamos ver se o povo dessa vez se une e impede isso”, explicou outra mulher, de 66 anos, que pede para não ser identificada. Conta que não forma parte de nenhum partido ou sindicato, e que é apenas uma cidadã que milita nas ruas desde os 18. “Hoje estamos aqui para defender este governo, de esquerda e eleito pelo voto popular, de um golpe da direita. É exatamente isso o que a direita quer. Sempre que chega um governo popular, ela se mobiliza para dar um golpe. E estou de saco cheio disso!”.
Varias bandeiras estavam representadas na manifestação. Mas para o deputado Molon, o ato tinha dois objetivos específicos. “Primeiro, que todo e qualquer crime na Petrobras seja investigado e que seus responsáveis sejam punidos com todo o rigor da lei. O que não pode é, como justificativa desses crimes, entregar o pré-sal a interesses estrangeiros”, explicou. “Segundo, viemos aqui para defender o respeito às regras democráticas. O povo acabou de se manifestar nas eleições de outubro e sua decisão tem que ser respeitada. E alguns grupos de oposição defenderam a derrubada da presidenta já no dia seguinte as eleições. Defendemos a livre manifestação, inclusive daqueles que protestam contra o governo e a corrupção. O que não aceitamos é que se defenda a derrubada da presidenta”.
Quase não houve críticas ao governo federal pela política de ajuste fiscal aplicada neste inicio de mandato. Entre vários gritos e discursos a favor da presidenta Dilma e contra a “mídia golpista”, alguns até arriscaram sugerir no microfone a redução dos juros e a taxação de grandes fortunas. Mas o discurso geral era de defesa ao mandato conquistado em outubro passado. “Claro que não apoiamos as medidas neoliberais deste governo, mas o objetivo deste protesto é outro. Viemos para apoiá-lo contra o golpe da direita”, explicou Gerson Messias, um membro do MST.
O protesto na Cinelândia seguiu até quase 18h. De lá, os manifestantes caminharam até o prédio da Petrobras para reafirmar o seu apoio à empresa. Cantavam o hino nacional, já debaixo de uma fina chuva, quando se aproximou o estudante Marlon do Nascimento, de 25 anos. Olhava atentamente, “pacificamente”, para o ato. Morador da favela do Gogó — na zona norte do Rio —, estudante de direito da universidade Estácio de Sá — 50% financiado pelo PROUNI e outros 50% pelo FIES — e trabalhador das Lojas Americanas, diz não entender por que “não pedem a prisão do Lula e da Dilma”.
“Estes sindicatos estão todos comprados pelo governo com o nosso dinheiro. Mas eu também defendo a Petrobras. Por isso, minha manifestação é no domingo, em Copacabana”.
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