Milhares manifestam apoio a Dilma antes de atos pelo impeachment
Discurso a favor da presidenta domina protestos em 24 Estados e em Brasília São Paulo faz a maior concentração e reúne 41 mil, segundo medição do Datafolha
O que era para ser um ato com diversas pautas tornou-se uma clara defesa da presidenta Dilma Rousseff (PT) nesta sexta-feira em São Paulo. Convocado por centrais sindicais e movimentos sociais, a manifestação, que se repetiu em 24 Estados e em Brasília, tinha como foco declarado defender a Petrobras, a reforma política, a democracia e atacar duas medidas provisórias do governo petista que reduzem os direitos trabalhistas. Nos carros de som da avenida Paulista alguns dos discursos ecoaram as bandeiras iniciais, mas as milhares de pessoas que participavam da manifestação deram o tom do protesto ao entoar ao menos 15 vezes o “Olê, olê, olê olá, Dilma, Dilma”. A música é uma adaptação da cantada nas eleições vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (2002 e 2006) e repetidas nas vitórias de Rousseff (2010 e 2014) e ganha peso político ao voltar às ruas dois dias antes do protesto convocado para pedir seu afastamento da petista do cargo.
“A eleição já acabou. Temos um processo de desenvolvimento importante para o Brasil”, tentou minimizar o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Wagner Freitas. Para ele, não há que se falar em terceiro turno eleitoral. A mensagem foi similar a dada por um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Sem-Terra (MST), Gilmar Mauro, que defende não haver apoio popular pelo impeachment de Rousseff. O atual momento, diz Mauro, seria o de ampliar a intervenção estatal, e não de fazer um ajuste fiscal, como o levado a cabo pelo governo.
O protesto, debaixo de forte chuva, durou cerca de quatro horas e percorreu um trajeto de quase quatro quilômetros entre a avenida Paulista e a praça da República, no centro de São Paulo. O número de participantes é controverso. O primeiro carro de som dizia que eram 100.000 participantes. O segundo, e o terceiro afirmaram que eram 50.000 e o último dizia que eram mais de 80.000 pessoas. Ao final, a CUT optou por usar o maior número. Já a Polícia Militar estimou em 12.000 o número de manifestantes. O instituto Datafolha, que levou pesquisadores ao ato para aplicar método próprio de medição, disse que, somando todos os que participaram da manifestação em algum momento, havia 41.000 pessoas. O de São Paulo foi o maior dos protestos desta sexta pelo Brasil.
O ato, que reuniu centrais sindicais e movimentos sociais de sem-terra, estudantes, sem-teto, apoiadores das causas LGBTs, negros e feministas, ganhou o apoio de professores da rede estadual que decretaram uma greve geral em uma assembleia realizada a poucos metros do local de início da manifestação.
Na frente a uma das sedes da Petrobras, onde começou o protesto, militantes da CUT se vestiram com um uniforme laranja dos petroleiros e fizeram discursos inflamados defendendo a companhia, que está envolta em um dos maiores escândalos políticos dos últimos anos. “Querem privatizar a Petrobras. Não podemos deixar que isso aconteça”, bradava um deles ao microfone. Hugo Yasky, sindicalista da Central dos Trabalhadores da Argentina convidado para participar do evento em nome dos movimentos sociais latino-americanos, engrossou o coro na sequência e reforçou o sentimento dos demais participantes do ato: “Dilma fica! A democracia fica! Viva a Luta Sindical!”
As pautas multitudinárias apareceram também em camisetas, adesivos e faixas. A abre “alas do protesto” dizia "Corrupção se combate com reforma política". Outras tratavam da crise hídrica de São Paulo, Estado Governado pelo oposicionista PSDB: “Geraldo [Alckmin] cadê a água?”. Havia ainda as que alertavam para a gravidade do uso de exagerado de agrotóxicos na agricultura – “Cenoura. Nível de contaminação 49,6% acima do permitido” – e as que tiravam sarro do pedido de deposição da presidenta – “Impeachment meuzovo (sic).
No meio da massa, um homem imitava o rouco falar do ex-presidente Lula para dizer que querem “puxar o tapete de Dilma”. “Mas esse tapete, companheiros, é muito grande. Não vão conseguir dar o golpe”. Logo depois da fala dele, um grupo de jovens militantes do PT e do PC do B, dois dos três partidos que levaram bandeiras ao ato (o outro foi o nanico PCO), começaram a gritar: “fascistas, golpistas, não passarão”.
Os ânimos pareciam que se exaltariam quando uns 20 motoqueiros furaram o protesto na avenida da Consolação. Uma mulher que quase foi atropelada xingou os motociclistas, que fugiram. Com exceção desse incidente, a marcha seguiu sem nenhum problema até seu encerramento. “Sem incidentes, sem ocorrências, como se espera de um protesto”, disse o coronel Celso Luiz Pinheiro, comandante da PM na região central da cidade.
Pouco tempo depois que os apoiadores de Rousseff saíram da frente da Petrobras, 60 manifestantes do grupo virtual Revoltados Online foram até lá para pedir o impeachment da presidenta. No domingo, dia 15, esse grupo se juntará a outros no ato será dos opositores de Rousseff. Convocado por movimentos espontâneos o protesto ganhou a adesão de diversos partidos políticos, como o PSDB, o PPS e o Solidariedade.
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