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Quatro pessoas morrem em ataque a uma sinagoga em Jerusalém

Dois agressores que invadiram o templo foram mortos pela polícia

Foto: Efe | Vídeo: ReutersFoto: reuters_live

Pelo menos quatro civis israelenses morreram em um ataque a uma sinagoga e a uma yeshiva(escola talmúdica) contíguas em Har Nof, a oeste de Jerusalém, na manhã desta terça-feira. Dois agressores, armados com machados e facas, foram mortos pela polícia pouco depois, segundo confirmou o porta-voz da força policial, Micky Rosenfeld, que qualificou o incidente como “um ataque terrorista”. A quinta vítima mortal israelense, um policial, morreu na noite desta terça-feira em um hospital em consequência das feridas.

Os grupos radicais palestinos Hamas e Jihad Islâmica comemoraram o atentado e pediram mais ações semelhantes. Pouco depois, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, condenou o atentado, ao qual afirmou que vai responder com “mão de ferro”. Ele disse que, para isso, vai se reunir ainda esta tarde com altos representantes de segurança do país. “Este é o resultado direto dos incentivos do Hamas e de Abu Mazen [o presidente palestino Mahmoud Abbas], incentivos que a comunidade internacional está ignorando de maneira irresponsável”, afirma um comunicado oficial do Governo israelense. Abbas respondeu com outra nota à imprensa, na qual condena o crime explicitamente, algo que tinha evitado fazer até agora diante da quantidade de incidentes violentos que têm ocorrido em Israel nas últimas semanas.

O jornal Yedioth Ahronoth afirma que os responsáveis pelos ataques empunhavam revólveres, machados e facas, e entraram no complexo que abriga os dois edifícios religiosos antes do início das orações das 7h (3h em Brasília). Eles entraram no local onde está a sinagoga, que funciona diariamente, e atiraram contra as dezenas de fieis que já tinham começado a rezar. Além dos mortos, outros oito israelenses ficaram feridos, quatro deles gravemente. A polícia ainda não confirmou, mas testemunhas afirmam que os invasores eram árabes que trabalham no bairro, um como faxineiro da sinagoga e outro em um supermercado em uma rua próxima. O carro no qual chegaram a Har Nof, um Skoda branco, está sendo neste momento analisado pela polícia, que está coletando evidências.

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O templo e a yeshiva ficam no edifício Gabriel Safdié, na rua Har Shimon Agassi. Abraham, um jovem venezuelano residente no bairro há 10 anos, acredita que os autores do ataque escolheram o local porque “aqui ainda não chegou a vigilância extra imposta em outras áreas de Jerusalém”, quase 3.000 agentes mobilizados depois dos últimos atentados e enfrentamentos religiosos na Esplanada das Mesquitas (ou Monte do Templo, para os judeus). “Aqui não tinha patrulhas nem pessoas armadas. Era um lugar fácil”, lamenta o rapaz.

Alida, uma adolescente nascida em Har Nof, conta que saiu para a rua ao escutar os gritos dos fieis. Ela mora em frente à sinagoga. Seu pai viu o ocorrido e se escondeu em casa “correndo”. “É a primeira vez que acontece algo assim neste bairro. Até agora eu me sentia segura”, diz.

Neste momento, a mobilização policial na região é pequena, depois de ter-se pensado, a princípio, que poderia haver um terceiro agressor. Psicólogos estão no local, mas os moradores se mostram mais calmos e recusam seus serviços. Apenas um pequeno grupo começou a lançar gritos de “morte aos árabes” na porta do templo. Fontes citadas pelo jornal Haaretz afirmam que os dois autores do ataque eram primos, e dizem que, após o atentado, a polícia israelense foi a suas casas em um bairro de Jerusalém Oriental e comunicaram suas mortes, provocando enfrentamentos com moradores palestinos.

Desde o princípio, a polícia e a imprensa qualificaram o incidente como um atentado terrorista. Pouco depois, o site do Yedioth Ahronoth reproduziu um comunicado no qual o grupo radical palestino Hamas (considerado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia) comemorou o atentado. A nota afirma que o ataque é a vingança pela morte do motorista de ônibus Yusuf Hassan al Ramuni, encontrado enforcado em terminal viário de Jerusalém na noite de domingo. A polícia defende que ele se suicidou, baseada nos resultados da autópsia, mas sua família rejeita a afirmação. O Hamas diz ainda que o ataque também é uma resposta aos “atuais crimes israelenses em Al Aqsa”, a Esplanada das Mesquitas, e convoca novas ações.

O incidente ocorre após várias semanas de tensão entre israelenses e palestinos em Jerusalém, com uma série de atos terroristas e ataques a judeus que custou cinco vidas no último mês. Pelo menos 10 palestinos, incluindo os autores dos ataques, morreram nessa onda de violência. O medo de um novo levante palestino, uma terceira Intifada, se espalhou por Israel e pela comunidade internacional desde o início dessas agressões. O Reino Unido e a França foram os primeiros a condenar o ataque. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou se tratar de um ato de “puro terror” e exigiu que os líderes palestinos rechacem o ocorrido.

Uri Maklef, vice-porta-voz do Knesset (Parlamento israelense) e membro do partido Judaísmo Unido da Torá, ao qual pertence o rabino da congregação atacada na terça-feira, pediu mão firme contra os terroristas, exigindo que se peça “ao Governo e às forças de segurança uma nova maneira de pensar”, já que os apelos por calma “não adiantaram”. “É preciso restringir de alguma maneira os movimentos dos árabes em Jerusalém”, afirmou.

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