UE endurece o tom com Israel e se oferece para mediar um plano de paz
A UE vai aplicar “medidas adicionais” para defender a criação do Estado palestino
O tempo para viabilizar a criação de um Estado palestino ao lado do Estado israelense está se esgotando. Convencida disso, a União Europeia ofereceu-se ontem para exercer um “papel principal” na busca por uma solução negociada ao conflito árabe-israelense. Os ministros do Exterior dos países da UE endureceram o tom com Israel, recordando ao país que sua política de assentamentos é ilegal. E o advertiram de que estão “dispostos a aplicar medidas adicionais para defender a viabilidade da solução de dois Estados”, segundo as conclusões acordadas em reunião realizada em Bruxelas.
O reconhecimento da Palestina como Estado pela Suécia e as iniciativas que vêm sendo promovidas por outros países para que seus Governos sigam o mesmo caminho (o Parlamento britânico e o Senado irlandês aprovaram resoluções recentemente; o Congresso espanhol prevê fazer o mesmo hoje e o Congresso francês, em breve) revelam uma vontade maior da UE de se envolver neste processo. “O reconhecimento da Palestina é uma decisão de cada Estado, mas queremos começar a dar respostas comuns e a avançar de acordo com que os Estados decidam”, declarou a alta representante europeia para a Política Externa, Federica Mogherini, em entrevista coletiva à imprensa.
Muito mais explícito, o chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, concluiu que, se a política israelense de ampliação dos assentamentos continuar, “a solução de dois Estados se tornará fisicamente inviável, porque partirá a Cisjordânia em duas partes”. A UE quer um novo processo de paz e anuncia seu potencial para exercer um papel de facilitador: é a primeira parceira comercial de Israel e a primeira doadora de ajuda à Palestina. “O processo de paz é mais urgente e necessário hoje que antes”, destacou Margallo.
A Europa defende o reinício de negociações de paz que foram frustradas mais recentemente em abril deste ano. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, manteve contatos preliminares na semana passada para a retomada das negociações. É nesse contexto que a UE agora quer exercer um papel maior. “Não existe unanimidade no reconhecimento da Palestina, mas existe um acordo quanto a trabalhar intensamente em um processo de paz”, explicou o ministro do Exterior da França, Laurent Fabius.
Com uma mensagem muito mais categórica que a de outros documentos do Conselho Europeu de Relações Exteriores, os chanceles brandiram um elemento de pressão que preocupa Israel. Trata-se das trocas comerciais que afetam os territórios ocupados. A UE reforçou o controle dos produtos israelenses para não aplicar aos bens provenientes dos assentamentos os benefícios comerciais vigentes entre os países da União Europeia e Israel. Dessa forma, ela recorda ao Governo de Benjamin Netanyahu que, para a comunidade internacional, esses territórios não fazem parte de Israel.
Tanto Mogherini quanto outros ministros consultados negaram que exista um relatório da UE que detalhe possíveis represálias diplomáticas e comerciais contra Israel por sua política de assentamentos, como divulgou o jornal israelense Haaretz nos últimos dias. Em todo caso, Bruxelas vem intensificando as medidas de controle comercial há meses e demonstrando dureza maior contra a construção de novos assentamentos, “à qual a União Europeia se opõe com firmeza”. O comunicado enumera os assentamentos mais recentes e exorta o Executivo de Netanyahu a “dar marcha a ré nessas decisões que contrariam as normas internacionais e ameaçam diretamente a solução dos dois Estados”, porque, se os assentamentos israelenses forem ampliados, será impossível deslindar os territórios israelenses dos palestinos, para criar os dois Estados.
A reunião de segunda-feira foi a primeira presidida por Mogherini, que assumiu o cargo de chefe da diplomacia europeia da ocupante anterior, Catherine Ashton. O conflito árabe-israelense dominou a agenda, poucos dias depois de Mogherini ter concluído sua primeira viagem oficial a Israel e aos territórios palestinos como alta representante da diplomacia da UE. Em entrevista anterior ao EL PAÍS e cinco outros jornais europeus, a ex-ministra italiana declarou que quer ver um Estado palestino criado durante seu mandato.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.