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A outra enfermeira suspeita de ter ebola dá negativo na última análise

O marido da auxiliar contaminada e um nigeriano permanecem isolados e monitorados

Auxiliar infectada por ebola no hospital em Madri.Foto: atlas | Vídeo: J.Villanueva / ATLAS

A enfermeira que permanecia sob vigilância com possíveis sintomas de ebola e que, da mesma forma que a auxiliar infectada, atendeu os dois religiosos mortos por esse vírus, teve resultado negativo na segunda análise a que foi submetida, segundo confirmaram fontes da área de saúde para o EL PAÍS. A enfermeira não tinha febre, mas diarreia e forte estresse, de acordo com o depoimento de porta-vozes do sindicato CSIF. Os responsáveis do hospital de La Paz asseguraram em entrevista coletiva que ela, apesar de estar internada, “não tem o equivalente de caso suspeito, é uma enfermeira que foi exposta ao vírus, mas sempre protegida e não tem nenhum sintoma, nem febre”.

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O marido da auxiliar de enfermagem Teresa R. R., de quem se soube na segunda-feira que estava com ebola, também está internado, segundo confirmação da diretora geral de Saúde Pública, Mercedes Vinuesa, na manhã de terça-feira. Esse homem, chamado Javier L. R., mas sobre quem não foram fornecidos dados oficiais, é o que mais preocupa as autoridades, já que é quem mais teve contato com a mulher. Vinuesa especificou na terça em seu comparecimento diante do Congresso que o homem se encontra “internado e controlado para que possa passar pela quarentena com um melhor acompanhamento”.

Também permanece em regime de isolamento um homem que veio da Nigéria e que deu negativo na segunda-feira em um primeiro teste de ebola. Deverá esperar até quarta para uma segunda análise. Se o resultado for negativo, terá alta, segundo explicações do gerente de La Paz-Carlos III, Rafael Pérez-Santamarina, e médicos do hospital.

São também mantidos sob vigilância 22 pessoas com as quais a paciente teve contato no hospital de Alcorcón (Madri) e 30 profissionais do Hospital Carlos III. Todos eles permanecerão sob vigilância até transcorrerem 21 dias, que é quando termina o período de incubação da enfermidade.

O marido não tem sintomas, mas está internado e isolado por ter um contato de alto risco com a doente. O viajante da Nigéria chegou com febre, mas deu negativo no primeiro teste de ebola ao qual foi submetido. Os médicos acreditam que possa ser malária, mas estão esperando os resultados do segundo teste. A enfermeira que está internada não tem febre. Por isso, mesmo que fizesse o teste do ebola, ele provavelmente daria negativo, pois ainda não teria desenvolvido a enfermidade, se a tivesse. Os três estão internados em quartos isolados.

Instruções de isolamento do vírus colocadas no Hospital La Paz, em Madri.
Instruções de isolamento do vírus colocadas no Hospital La Paz, em Madri.P. A.

Por outro lado, os profissionais de saúde pública estão desde ontem à noite elaborando a lista dos contatos da auxiliar de enfermagem contaminada pelo vírus do ebola. No caso dos profissionais da saúde que com os quais trabalhava, foi pedido para que eles se encaminhem para o hospital Carlos III para examinar seu estado de saúde.

O gerente de La Paz confirmou também que existem 22 pessoas em vigilância por terem contato com a auxiliar, natural de Becerreá, em um povoado da província de Lugo, no qual foi vista pela última vez em agosto, quando foi visitar sua mãe e seu irmão, que moram no local. São fundamentalmente pessoal do corpo de saúde do hospital de Alcorcón que a atenderam quando foi internada lá.

Instruções de isolamento do vírus colocadas no Hospital La Paz, em Madri.
Instruções de isolamento do vírus colocadas no Hospital La Paz, em Madri.P. A.

O gerente do hospital de La Paz, do qual o Carlos III depende, Rafael Pérez-Santamarina, assegurou que a auxiliar de enfermagem infectada pelo ebola está recebendo tratamento com anticorpos de outros infectados. É um soro hiperimune de um doador anônimo que foi contaminado pela enfermidade e que gerou anticorpos.

Pérez-Santamarina informou que a enferma está evoluindo “favoravelmente dentro das precauções” ao longo da noite e da manhã de terça. O gerente do Hospital La Paz de Madri acrescentou que a paciente não quer que os veículos de comunicação sejam informados sobre seu estado, para preservar sua “intimidade”.

O coordenador do Centro de Alertas e Emergências Sanitárias do Ministério da Saúde, Fernando Simón, admitiu que, mesmo que a auxiliar contaminada não tenha sintomas graves, teria sido melhor interná-la em 30 de setembro ao invés de esperar até 6 de outubro. Uma semana atrás ela procurou os serviços de prevenção pois estava com febre e astenia, mas não estava com os requisitos clínicos para ser avaliada como possível caso de ebola. Neste caso, dado o histórico da mulher, que tinha atendido os dois doentes repatriados, teria sido possível agir de outra maneira, opinou Simón.

O responsável da área de saúde afirmou que a paciente permitiu estabelecer uma lista de contatos. “Mas o objetivo não é unicamente ela, mas todas as pessoas que estiveram próximas delas e os que atenderam os pacientes”, acrescentou Simón. “Existe a possibilidade de que algum de seus contatos possa estar infectado. Isso não implica um risco para a população, mas temos que garantir que essa situação não volte a ocorrer. Isso não pode voltar a acontecer”, destacou.

“O mais importante nesse momento é encontrar todos os contatos” da auxiliar de enfermagem contaminada pelo ebola, assegurou na manhã de terça-feira a diretora geral de Saúde Pública, Mercedes Vinuesa. “Vamos usar todos os meios, não poderia ser de outra forma”, acrescentou durante um comparecimento no Congresso pedido antes deste caso ser conhecido, o primeiro em todo o mundo de um contágio de ebola fora da África. Vinuesa assegurou que a Comunidade de Madri, responsável pela área de saúde, “está fazendo o acompanhamento para avaliar todos os contatos e fazer uma lista”. “Sei que estão trabalhando de maneira intensa”, acrescentou.

A diretora detalhou no que consistiram as duas ocasiões nas quais a auxiliar entrou no quarto do enfermo. Em um caso foi para fazer uma “troca de fraldas” e em outro, após o falecimento, para “recolher material”. “Entrou com a equipe de proteção; a Comunidade de Madri tem um registro pormenorizado de cada entrada e um controlador externo que vigia como os profissionais tiram e colocam os trajes de proteção”, acrescentou. “O mecanismo de infecção está sendo investigado”.

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