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Obama busca aliados contra o califado

Sete nações se somaram a EUA no compromisso de fornecer armas e equipamento às forças curdas

Marc Bassets
Um membro do Estado Islâmico segura uma faca junto a um grupo de soldados sírios capturados em Raqa.
Um membro do Estado Islâmico segura uma faca junto a um grupo de soldados sírios capturados em Raqa.AP

O presidente Barack Obama busca aliados para combater os jihadistas do Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque. Obama resiste a envolver seu país em outra guerra contra o terrorismo ou em novas aventuras unilaterais no Oriente Médio. A convicção da Casa Branca é que os bombardeios só conseguiram conter os jihadistas, mas derrotá-los exigiria uma coalizão com aliados internacionais e regionais.

“Eliminar pela raiz um câncer como o Estado islâmico não será fácil nem rápido”, disse Obama esta semana. “Estamos fazendo um chamado urgente aos países da região para que apoiem os iraquianos na luta contra esses terroristas bárbaros e, com esse objetivo, estamos construindo uma coalizão internacional.”

Desde que, no começo de agosto, começaram os ataques aéreos contra posições do EI no norte do Iraque, o Governo Obama insiste em que a solução para o conflito não é militar, nem está ao alcance das Forças Armadas norte-americanas. Obama acredita que os jihadistas ameaçam não só os interesses dos EUA, como também dos vizinhos do Oriente Médio e de outros aliados, entre eles os europeus.

Na coletiva de imprensa diária, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse na terça-feira que o envolvimento internacional é necessário para estabilizar a região no longo prazo. “Uma operação militar dirigida pelos EUA não é uma solução duradoura”, disse Earnest.

O Pentágono debate se a operação deve ser ampliada para a Síria sem ter informações.

Os EUA, que se retiraram do Iraque em 2001, voltaram a este país para bombardear o EI, com a permissão do governo iraquiano. O secretário de Defesa, Chuck Hagel, anunciou que sete países – Albânia, Canadá, Croácia, Dinamarca, Itália, França e Reino Unido – se juntaram aos EUA no compromisso de fornecer armas e equipamentos às forças curdas, que combatem os insurgentes sunitas no norte do Iraque.

O debate em Washington é se a operação deve ser expandida para a Síria. Intervir neste país é mais complicado: os EUA não possuem informação de primeira mão sobre possíveis objetivos e não reconhecem o presidente deste país, Bashar Al-Assad. Há um ano, Obama esteve a ponto de bombardear ao regime de Al-Assad; agora está pensando em bombardear seus inimigos do Estado Islâmico.

Aviões norte-americanos começaram a sobrevoar a Síria, nesta segunda, com o objetivo de coletar informações. É um passo necessário para que o presidente decida se deve atacar ou não, uma decisão que ainda não tomou e que esta semana foi motivo de múltiplas reuniões na Casa Branca com os máximos responsáveis do Pentágono e do Departamento de Estado.

Se finalmente ocorrer uma intervenção, esta será modesta”, adverte um especialista

“Cada vez mais a questão não parece tanto se [haverá um ataque] mas quando e como”, diz Brian Katulis, investigador no think tank Center for American Progress. Se finalmente os Estados Unidos intervierem, a operação será modesta, mais tática do que estratégica, acrescenta.

Obama não que entrar sozinho na Síria, nem enfrentar unilateralmente a ameaça jihadista no vizinho Iraque. Por isso, a Casa Branca iniciou uma campanha diplomática em busca de aliados. O New York Times detalhou na quarta-feira a lista de países cuja colaboração foi solicitada pelos EUA: Austrália, Reino Unido, Jordânia, Qatar, Arábia Saudita, Turquia e os Emirados Árabes Unidos. Alguns destes países aumentariam a ajuda à oposição síria moderada; outros, como o Reino Unido e a Austrália, participariam nos ataques aéreos, segundo fontes oficiais citadas pelo Times.

As lições da última década pesam em cada decisão do presidente Obama. Em sua visão da política exterior, um ataque unilateral, embora seja aéreo e exclua o envio de tropas, como é o caso no Iraque e na Síria, é um tabu. Os debates no governo Obama giram, nestes dias, em torno aos riscos da operação – no longo prazo debilita ou reforça o EI? –, quais objetivos devem ser escolhidos para o bombardeio e qual a efetividade de um ataque.

“A questão agora é se [o Governo Obama] tem suficiente informação sobre o terreno para lançar algum tipo de ataque e, em segundo lugar, se tem um objetivo definido sobre o que pretende com os ataques”, diz Katulis.

No Iraque, o objetivo era impedir o avanço do Estado Islâmico em direção a Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, aliado dos EUA, e prevenir o massacre da minoria yazidi. Na Síria, os objetivos parecem menos definidos.

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