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Israel lança uma ofensiva terrestre contra a Faixa de Gaza

Netanyahu ordena a operação tendo como alvo os túneis de ligação com Israel

Na noite do décimo dia da Operação Limite Protetor e diante do colapso das negociações com o Hamas para estabelecer um cessar fogo, Israel lançou uma ofensiva terrestre contra Gaza. Trata-se da primeira invasão desde a Operação Chumbo Fundido, no natal de 2008. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, emitiu um comunicado, à noite, no qual explicava que o objetivo desta ação militar é destruir os túneis construídos pelas milícias de Gaza para terem acesso a Israel. “Somos obrigados a defender nossos cidadãos”, concluiu a declaração. O fato de estas infraestruturas se concentrarem na fronteira faz pensar que, pelo menos em uma primeira fase, a invasão terrestre se limite ao perímetro da Faixa. O Hamas advertiu que Israel pagará um “alto preço” por esta escalada.

O Exército israelense, em uma nota paralela, explicou que unidades de infantaria, blindados, engenheiros, artilharia e inteligência, com apoio aéreo e naval, participarão da operação. A intenção é dar um “golpe significativo” nas estruturas militares do Hamas, sustenta o comunicado, para proteger a população de Israel “da pressão do terror indiscriminado”. Outros 18.000 reservistas também foram mobilizados como reforço.

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A ofensiva terrestre estava sobre a mesa desde o início desta crise, segundo reiterou Netanyahu, mas a decisão não podia ser tomada de maneira impulsiva, informaram fontes militares, dada a complexidade da guerra urbana, o melhor conhecimento do terreno das milícias e a necessidade de fixar objetivos muito claros e definidos para evitar baixas em suas próprias tropas.

Israel já revidou ontem um suposto ataque de 13 membros do Hamas contra o kibutz de Sufa, muito próximo à Gaza. Um vídeo divulgado pelo Exército mostrava os islamitas entrando em um buraco na terra com a intenção, dizem, de cruzar para o território de Israel, no momento em que foram atacados.

As cinco horas de trégua humanitária entre o Exército israelense e as milícias de Gaza terminaram às 15h (9h de Brasília) de ontem, com o eloquente e sonoro lançamento de um foguete palestino em direção a Israel. Pouco depois, começaram os tiros de canhões navais sobre a Faixa, que soavam como um eco inverso: à distância, a detonação do disparo, seguida, pouco tempo depois, da explosão do projétil em terra firme. Os bombardeios israelenses sobre a Faixa de Gaza mataram mais de 230 palestinos até a noite de hoje. À tarde, um dos mísseis “de aviso” que a força aérea israelense dispara antes de bombardear as casas de civis matou três irmãos que brincavam em uma laje: Wesim (6 anos), Yihad (7 anos) e Fullah Sheheibar (10 anos). Outra menina morreu em um bombardeio no sul, em Jan Yunis.

Em Israel caíram novos foguetes e projéteis de morteiros, que não provocaram mortes. Em 10 dias de hostilidades um israelense morreu nos ataques palestinos. Em paralelo aos ataques, Israel e Hamas negociavam no Cairo através de mediadores..

A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) denunciou o uso de uma de suas escolas para armazenar 20 foguetes. Um porta-voz da ONU disse que a escola estava “fora de uso” e que este é “o primeiro incidente” durante a atual operação militar. “A UNRWA condena veementemente o grupo ou os grupos responsáveis pela colocação dos equipamentos em uma de suas instalações. É um flagrante desrespeito à inviolabilidade de nossas instalações à luz da lei internacional ", diz ele em nota da agência que educa e alimenta boa parte dos habitantes de Gaza.

A Faixa de Gaza parecia um lugar quase habitável entre as 10h e as 15h (4h e 9h em Brasília), quando vizinhos como as crianças Mahmud e Qasi saíram à rua para cumprir suas obrigações após dez dias de implacável bombardeio israelense. Conduzindo a carroça de seu pai, os meninos fariam a entrega de um carregamento de verduras no mercado. O pai queria aproveitar a trégua para trabalhar na horta, ao norte da faixa. Ao redor dos meninos, o intenso tráfego de automóveis certificava o que parecia ser a ressurreição da cidade. Durou apenas cinco horas. Finda a trégua, o número de meninos palestinos mortos pelas bombas de Israel chegou a 45.

Enquanto isso, vinham do Cairo notícias sobre as difíceis negociações de paz entre Israel e o grupo islâmico Hamas. Ao meio-dia, um negociador israelense deixou vazar para vários meios de comunicação um suposto acordo de cessar-fogo a partir da madrugada de sexta-feira. Não existia. Alcançar isso parece muito difícil. O ministro israelense das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, da extrema-direita, tem insistido na necessidade de uma invasão terrestre de Gaza desde que as hostilidades começaram no dia 8. O ministro da Economia e concorrente à direita da direita israelense, Naftali Bennet, lançou mão das habilidades retóricas que o tornam popular no seu país: “Estamos passando da Cúpula de Ferro para o punho de ferro”. Cúpula de Ferro é o nome do dispendioso sistema antiaéreo implantado para proteger a população dos rudimentares foguetes disparados por milicianos do Hamas e outros grupos armados de Gaza. “Venceremos”, disse Bennet na cidade sulista de Ashkelon, perto de Gaza.

O presidente de Israel, Shimon Peres, lamentou, contudo, a morte de quatro crianças palestinas por bombas israelenses na quarta-feira à tarde. Um bombardeiro presenciado por uma dezena de jornalistas internacionais.

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