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Empresários propõem a troca de moedas e de vistos entre os BRICS

A criação de um banco de investimento para infraestrutura terá efeito multiplicador que facilitará as trocas comerciais entre os cinco países emergentes

C. J.
A presidenta Dilma Rousseff e o mandatário russo, Vladimir Putin, antes do encontro dos BRICS em Fortaleza.
A presidenta Dilma Rousseff e o mandatário russo, Vladimir Putin, antes do encontro dos BRICS em Fortaleza.Fernando BizerraJr. (EFE)

Desde a última reunião dos BRICS em Johannesburgo, no ano passado, empresários dos cinco países emergentes mantêm uma rotina de reuniões mensais por teleconferência para chegar a propostas que facilitem as trocas comerciais entre eles. Nesta terça-feira, eles vão entregar uma lista de sugestões aos chefes de Estado de cada nação que inclui a liberação mais rápida do visto de negócios facilitado para os executivos do bloco, e ainda, a facilitação da troca direta de moedas para tornar mais ágeis as trocas comerciais. “Vemos com alegria e otimismo essa proposta”, diz Rubens de la Rosa, da indústria brasileira de ônibus Marcopolo, que está entre os parceiros do BRICS.

A siderúrgica Gerdau, a mineradora Vale e o Banco do Brasil são algumas das empresas que, junto com a Marcopolo, integram o chamado BRICS Business Council, que tem o objetivo de tornar realidade a intenção de aumentar as trocas comerciais entre as cinco nações.

Por enquanto, o projeto mais concreto é a criação de um banco de investimento do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que terá como foco projetos em infraestrutura nos países integrantes. Estima-se que o banco pode começar a operar dentro de dois anos, com um capital de 50 bilhões a 100 bilhões de dólares. “O banco poderia trabalhar com garantias que podem multiplicar esse capital, permitindo captar recursos de terceiros, ou seja, de outros bancos”, diz Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que está em Fortaleza, no Nordeste do país, e participa de uma reunião com mais de 800 empresários de todos os países membros do bloco.

Para o especialista Clodoaldo Hugueney, que foi embaixador do Brasil na China, os BRICS tem vários pontos que podem se tornar complementares, com ajuda de um banco que financie as operações entre eles. “Enquanto o Brasil e a Índia têm déficit de infraestrutura, a China acumula experiência nessa área”, diz ele.

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As trocas em outras esferas, entretanto, ainda dependem de muita negociação. “Todos querem vender, mas nem todos querem comprar dos parceiros”, brinca de la Rosa, que tem fábricas da Marcopolo nos cinco países emergentes. É preciso, ainda, aparar algumas arestas, tais como a disposição para a entrada da Argentina, como um novo membro dos BRICS, algo que foi aventado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, em sua visita à Argentina na semana passada. Andrade da CNI, porém, não vê tanta afinidade do país vizinho com as intenções do bloco. “Não vejo como se encaixa hoje, dentro do conceito de crescimento e desenvolvimento”, avalia.

Atualmente, o fluxo comercial entre os cinco integrantes do bloco é de 54 bilhões de dólares, segundo Andrade. Desse total, 80% são produtos básicos, e só 20% manufaturados.

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