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Economias em declínio

Apesar do cenário ruim, os BRICS criam um banco de desenvolvimento que atesta sua força

A. G.
O presidente russo Vladimir Putin e a brasileira Dilma Rousseff, domingo, no Rio.
O presidente russo Vladimir Putin e a brasileira Dilma Rousseff, domingo, no Rio.Reuters

A implementação do banco de desenvolvimento dos BRICS deixa patente a fortaleza econômica das cinco economias que integram o grupo, prestes a superar em poucos anos os países atualmente considerados mais industrializados. De fato, o PIB conjunto dos BRICS hoje é maior do que o das 44 nações que assinaram os acordos de Bretton Woods e somam no total 56% do crescimento econômico gerado nos últimos anos, segundo suas próprias estatísticas. Mas a diferença dentro do grupo é enorme. “A China sozinha representa uma vez e meia o PIB dos outros quatro países juntos”, lembra Jim O’Neill, o economista que criou a sigla em 2001. A China é a segunda economia do mundo, mas o Brasil é a sétima, Índia, a décima, e a Rússia ocupa o 11º lugar.

No entanto, os dados de 2014 não apresentam um panorama muito atrativo para as economias dos BRICS. Segundo os cálculos de William Jackson, economista de mercados emergentes da Capital Economics, as economias em desenvolvimento cresceram a um ritmo levemente acima de 4,5% na primeira metade do ano “e o crescimento das grandes economias dos BRICS continua sendo decepcionante segundo os padrões econômicos do passado”, destaca.

A crise da Ucrânia colocou a Rússia de novo no vermelho neste segundo trimestre, com o consequente impacto em toda a região do antigo Leste Europeu. O Brasil caminha para um cenário de estancamento econômico, inflação em alta e a volta do déficit em conta corrente. Os protestos de mineiros na África do Sul e a instabilidade cambial reduziram as perspectivas de crescimento do país para este ano. A chegada do nacionalista Narendra Modi ao governo da Índia gerou grandes expectativas entre os investidores estrangeiros, esperanças que ainda não se concretizaram em seu primeiro orçamento. E embora a China mantenha ritmos de expansão superiores a 7%, o temor de uma aterrissagem forçada ou estouro da bolha imobiliária e financeira ainda não desapareceu.

Um cenário pouco favorável para a constituição de um banco de desenvolvimento mas que, no entanto, seria muito beneficiado de uma rápida implementação dos planos de financiamento.

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