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Crise ucraniana

Os EUA reforçam sua presença no Báltico com o envio de tropas de infantaria

A medida, anunciada pelo ministro de Defesa polonês ao 'The Washington Post’, faz parte a ampliação de recursos da OTAN na área para responder o desafio russo

Eva Saiz
O secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, e seu homólogo polonês, Tomasz Siemoniak.
O secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, e seu homólogo polonês, Tomasz Siemoniak.P. J. R. (AFP)

Enquanto em Genebra os Estados Unidos, a Rússia, a União Europeia e a Ucrânia alcançavam na quinta-feira passada um princípio de acordo para tratar de reduzir a tensão nesse último país, em Washington, o chefe do Pentágono, Chuck Hagel, e o ministro de Defesa polonês, Tomasz Siemoniak, concretizavam o incremento da presença militar norte-americana na Polônia e no Báltico, no enquadramento da estratégia da OTAN de aumentar seu pessoal e recursos na região para responder a ameaça que supõem as operações militares da Rússia no Leste da Ucrânia. Entre as decisões que se acordaram se contempla o envio de tropas de infantaria à Polônia e Estônia para realizar uma série de exercícios sobre o terreno, um plano que adiantou Siemoniak nesta sexta-feira a The Washington Post e que a Administração Obama anunciará oficialmente na semana que vem, de acordo com The New York Times .

As práticas militares, descritas pelo Times como “extremamente modestas”, estariam a cargo de uma companhia do Exército norte-americano integrada por 150 soldados e não se prolongariam por mais de duas semanas. “A agressão russa renovou nossa determinação de reforçar a aliança da OTAN”, disse Hagel na coletiva de imprensa posterior ao encontro com seu homólogo polonês. “Estas medidas não vão encaminhadas a provocar ou ameaçar a Rússia, senão a de demonstrar que a OTAN continua dedicada a suas tarefas de defesa coletiva”, acrescentou.

As práticas militares, descritas pelo Times como “extremamente modestas”, estariam a cargo de uma companhia do Exército norte-americano integrada por 150 soldados e não se prolongariam por mais de duas semanas

O contingente norte-americano é muito menor que o de 10.000 soldados que no início de março exigiu a Polônia para garantir a segurança em suas fronteiras. Com os exercícios militares que estão previstos para desenvolver no Báltico, os EUA mandam uma mensagem simbólica aos aliados dessa região -Estônia, Lituânia e Letônia, que se incorporaram à Aliança Atlântica em 2004- e ao presidente russo, Vladimir Putin, de que, pese ao potencial controle que o Kremlin possa exercer sobre a Ucrânia, os membros da OTAN não correrão a mesma sorte.

Os três países bálticos contam com uma importante presença de população russa e seus líderes manifestaram seus receios de que Putin aplique ali o que Siemoniak batizou como a “nova doutrina russa, que ampara intervenções brutais com o pretexto de proteger os interesses não ameaçados das minorias”, em alusão ao ocorrido na Crimeia e o que está acontecendo na zona oriental ucraniana. Depois da ampliação da Aliança para o Báltico e os Bálcãs, a organização decidiu, de maneira deliberada, não reforçar a infraestrutura militar de seus novos membros para não inquietar  Moscou. “A OTAN deve cumprir seu compromisso com a segurança de seus integrantes e buscar uma solução institucional para aqueles que se encontram presos entre o Ocidente e a Rússia”, assinala James Goldgeier, decano da Escola de Serviço Internacional da American University, em um artigo em que recrimina que, até agora, a Aliança não tenha se envolvido de maneira mais direta na segurança no Leste da Europa.

A crise da Ucrânia obrigou a OTAN a mudar de estratégia. “Este é um momento crucial para a Aliança e a relação bilateral entre os EUA e a Polônia”, sustentou Hagel na passada quinta-feira. Além das tropas de infantaria, o Pentágono avalia incrementar as batidas sobre o espaço aéreo lituano, estônio e letão, aumentar a frota aliada no mar Báltico e no Mediterrâneo oriental e enviar mais pessoal para ajudar nos trabalhos de treinamento, de acordo com as recomendações realizadas pelo máximo o máximo responsável militar para Europa da OTAN, o general Philip Breedlove. Se concretizar-se, estas manobras se somariam aos 12 F-16 e 200 militares de reforço que os EUA já enviaram a Polônia no início do mês de março. Antes da crise ucraniana, o Pentágono só contava com 10 soldados de aviação encarregados dos trabalhos de treinamento. Ao todo, o contingente norte-americano da OTAN na Europa chega a 70.000 pessoas.

A incorporação à OTAN dos países do Báltico e dos Bálcãs durante a década passada levantou o ressentimento de Putin que, na quinta-feira passada lembrava como ele mesmo já alertava aos membros da Aliança de sua inconformidade com as novas anexações. “Por trás da Crimeia esconde-se a reação à política de hostilidade da OTAN para a Rússia depois da desintegração da União Soviética”, sustenta Jack Matlock, embaixador dos EUA em Moscou entre 1987 e 1991, que assinala à progressiva expansão da organização para o Leste. Ao estabelecimento de bases nos Estados fronteiriços com a Rússia e às intenções de integrar a Ucrânia como estopim do mal-estar no Kremlin.

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