_
_
_
_
CRISE POLÍTICA NA VENEZUELA

O Governo de Maduro militariza um Estado da Venezuela

O sucessor de Hugo Chávez reconhece os problemas para controlar a ordem pública na capital de Táchira, a cidade de San Cristóbal

Protestos contra o Governo de Nicolás Maduro em Caracas.
Protestos contra o Governo de Nicolás Maduro em Caracas.REUTERS

O Governo venezuelano reconheceu o grave problema de ordem pública que se vive em San Cristóbal, a capital do Estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia. O ministro do Interior e Justiça Miguel Rodríguez Torres assegurou nesta quarta-feira que, por causa dos protestos, a cidade está submetida a um virtual toque de recolher. Em resposta, o Governo decidiu suspender o porte de armas, militarizar com o Exército todas as vias de acesso a essa localidade e enviar reforços da Guarda Nacional Bolivariana para restabelecer a ordem pública. Mas não contente com isso, o presidente Nicolás Maduro ameaçou impor um estado de exceção especial na cidade se com estas primeiras decisões o controle não for recuperado.

Essa declaração de Maduro é um marco em quinze anos de Governo chavista. Nem na pior de suas circunstâncias – que incluem um breve golpe de Estado em 2002 e uma greve de dois meses no setor de Petróleo de Venezuela, a principal fonte de rendimentos do Estado - seu antecessor Hugo Chávez mencionou essa possibilidade. No relato do chavismo, a suspensão de garantias constitucionais lembra a repressão e coincide com as piores crises dos Governos da democracia de partidos (1958-1998), seus inimigos históricos. Quando em 1989 ocorreram os protestos depois batizados de El Caracazo – manifestações em massa e saques na capital contra o então presidente Carlos Andrés Pérez depois da aplicação das receitas econômicas sugeridas pelo Fundo Monetário Internacional - O Executivo da época restringiu a circulação e impôs um toque de recolher à população durante a noite do segundo dia de protestos. Para um Governo que se diz de esquerda e defensor dos pobres, a decisão de Maduro poderia ser interpretada como um sinal de debilidade nunca antes demonstrada.

Em todo o caso, o governante venezuelano elaborou um relato dizendo que o que ocorre em San Cristóbal segue a lógica das operações do paramilitarismo colombiano, que teriam, sempre segundo sua versão, o prefeito da localidade, o opositor Daniel Ceballos, como o líder dessa caótica situação denunciada. “O Táchira está sendo assediado pela Colômbia”, detalhou. O ministro do Interior e Justiça Miguel Rodríguez Torres disse que a prefeitura da cidade desenvolve um plano subversivo. O lixo não é recolhido e esse material é utilizado para acender fogueiras e fechar vias. A situação faz Maduro pensar que a oposição quer converter a capital do Táchira “na Bengasi da Venezuela”. “Não vamos permitir”, disse. Nós defenderemos o Táchira com nossa própria vida se for necessário”, expressou.

Após o que disse Maduro, Ceballos publicou em sua conta de Twitter: “Maduro e Vielma, nosso povo acordou. Suas ameaças são a melhor demonstração de nosso avanço. Estou do lado correto da história”.

San Cristóbal foi uma das primeiras cidades onde começaram as manifestações de rua contra o Governo. Há quinze dias, o governador do Táchira, o oficialista José Gregorio Vielma Mora, presenciou uma invasão à residência de governadores, que sofreu estragos causados por pessoas ensandecidas. Por isso, três estudantes foram presos e levados a uma prisão Estado de Falcón, na região noroeste do país. Esta decisão provocou o aumento das manifestações na região andina e em todo o país. Após uma semana, eles foram colocados em liberdade condicional.

Enquanto isso, em Caracas os choques entre a Polícia Nacional Bolivariana e os manifestantes na praça Francia, o bastião opositor, aumentaram de intensidade. A polícia entrou com tudo para pegar os manifestantes, usando gás lacrimogêneo e derrubando as motos serviam de transporte a eles. A quantidade de bombas jogadas espalhou um forte cheiro quase asfixiante na área central do município de Chacao e nos arredores, em Bello Campo e La Castellana. A repressão oficial foi rechaçada pelos vizinhos. Alguns abriam a porta dos edifícios em torno da praça para os manifestantes entrassem.

Outras localidades como Caurimare, também um bairro de classe média, concentraram 200 pessoas que juntavam pneus velhos e troncos de árvores para acender fogueiras e gritar contra o Governo. A estrada Prados del Este, que liga ao sudeste da capital venezuelana, foi fechada no final da tarde desta quarta-feira por pequenos grupos. A voz dos protestos é cada vez mais alta e desafiante.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_