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O general Al Sisi indica que será candidato à presidência no Egito

O militar que orquestrou o golpe de Estado contra Morsi sustenta de forma aberta que poderia tomar as rédeas do Governo

Seguidores de Al Sisi com um cartaz do general.
Seguidores de Al Sisi com um cartaz do general.Mohammed Abu Zaid (AP)

O chefe das Forças Armadas egípcias e ministro da Defesa, o general Abdel Fatah al Sisi, se deixa levar pelo amor do povo. “Se me candidato à presidência seria por petição do povo e sob o mandato do Exército”, assegurou o general em declarações recolhidas pela agência oficial Mena após um simpósio organizado pelos militares. É a primeira vez que o general sustenta de uma forma aberta que poderia tomar as rédeas do Governo.

Desde o golpe de Estado contra o presidente eleito, Mohamed Morsi, em julho, Al Sisi nunca fechou a porta a esta possibilidade. “Não vou dar as costas ao Egito”, agregou o homem forte do país árabe, que faz questão de “trabalhar pela democracia”.

Para isso, também chamou a população para votar a favor no referendo constitucional previsto para esta próxima terça-feira 14 e na quarta-feira 15. Uma consulta considerada crucial pelas autoridades interinas para a mudança política do país.

O texto foi redigido por um comitê designado diretamente pelos militares poucos dias após a queda de Morsi e estabelece, entre outros aspectos, que o Conselho Geral das Forças Armadas tem o poder para nomear o ministro de Defesa durante as duas próximas legislaturas.

Caso Al Sisi se apresente às presidenciais, isso suporia, provavelmente, sua renúncia à chefia das Forças Armadas, o que lhe converteria oficialmente em um chefe de Estado civil. Segundo meios locais, o general já estaria procurando um substituto para ocupar a cadeira do Ministério da Defesa.

O atual homem forte do Egito já recebeu o apoio de numerosas figuras políticas não islamistas para que dê o passo definitivo. Ainda não há data para as eleições, nem sequer uma lista oficial de aspirantes, já que a maioria das personalidades que se candidatem condicionam sua candidatura à decisão final de Al Sisi.

A opinião pública coincide em que a popularidade do general deixaria poucas opções a qualquer rival. Um calor que se nota também nas ruas, onde há milhares de fotografias com o rosto de quem se converteu em um herói nacional, para um amplo setor da população, em sua cruzada contra a Irmandade Muçulmana, declarada “organização terrorista” em dezembro.

O comandante das Forças Armadas foi nomeado ministro da Defesa pelo próprio Morsi, pouco depois que o islamista ganhasse as eleições. E paradoxalmente poderia ter sido convertido em seu sucessor a poucos meses de ter terminado seu mandato.

Depois da mais que provável aprovação da nova Constituição, o atual presidente interino do país, Adli Mansur, deve anunciar se se celebrarão primeiro as eleições presidenciais ou as parlamentares e a data das mesmas. A atual instabilidade que o país vive, com constantes protestos da Irmandade Muçulmana e ataques contra as forças de segurança, poderia antecipar as eleições à chefia da República e a hipotética candidatura de Al Sisi.

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