Reino Unido pede que pacientes com histórico alérgico grave evitem tomar vacina da Pfizer

Dois trabalhadores do setor da saúde tiveram reações depois de receber a injeção. Durante os ensaios clínicos não se observaram esses efeitos

O diretor do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, Simon Stevens, observa um paciente receber a vacina da Pfizer, nesta terça-feira, no Hospital Guy, em Londres.VICTORIA JONES (AFP)

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A Autoridade Reguladora de Medicamentos Britânica (MHRA, na sigla em inglês) enviou uma nota de advertência aos hospitais que distribuem as vacinas Pfizer e BioNTech nesta quarta-feira para que evitem a imunização de pacientes com histórico relevante de reações alérgicas a outras vacinas, medicamentos ou alimentos. Dois membros de equipes da saúde sofreram reações anafilactoides depois de receberem a injeção na terça-feira, segundo Stephen Powis, diretor nacional médico do Serviço Nacional de Saúde (NHS), embora “estejam se recuperando de forma satisfatória”.

Por histórico relevante o MHRA entende casos graves, como os de pacientes que já sofreram reações anafilactoides ou aqueles que precisam portar um autoinjetor de adrenalina, como era o caso dos dois trabalhadores da saúde afetados. O órgão acrescenta ainda que a vacinação deve ser realizada apenas em instalações onde haja meios de reanimação.

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“Como é comum com novas vacinas, a MHRA recomendou como medida de precaução que os pacientes com histórico relevante de reações alérgicas não recebam a vacina, depois que duas pessoas com esse histórico responderam de modo adverso à aplicação”, explicou Powis. Questionada sobre isso, uma porta-voz da Pfizer citada pela BBC disse que a MHRA emitiu o alerta como medida de precaução enquanto realiza uma investigação sobre cada caso e suas causas.

A porta-voz da empresa farmacêutica afirmou que o medicamento foi “bem tolerado” durante o ensaio clínico em três fases, e que o comitê de monitoramento independente não relatou graves problemas de segurança. Mais de 44.000 pessoas participaram do ensaio até o momento, das quais mais de 42.000 receberam uma segunda dose. A diretora executiva da MHRA, June Raine, explicou que a reação alérgica não foi um efeito colateral observado nos testes.

O Reino Unido iniciou sua campanha de vacinação em massa na terça-feira, após ser o primeiro país europeu a autorizar oficialmente a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Pfizer e BioNTech. Cinquenta hospitais de todo o país distribuem as doses que já chegaram ao território britânico (cerca de 800.000) a pessoas com mais de 80 anos e ao pessoal da saúde na linha de frente do combate à doença. O NHS telefona para os pacientes e os convoca para o dia seguinte. Após a aplicação da primeira dose (o tratamento inclui duas), cada pessoa recebe um cartão-lembrete com a data prevista para a próxima injeção, 21 dias depois.

As autoridades de saúde estabeleceram desde o início que a prioridade seriam os idosos de asilos, as grandes vítimas da trágica primeira onda. Mas esse esforço atrasou por causa da necessidade de manter a vacina a -70°C e das complicações na hora de fracionar em carregamentos menores as 975 doses que cabem em cada geladeira portátil.

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