Raúl Castro reaparece em comício de “reafirmação revolucionária” após protestos em Cuba

Presidente Díaz-Canel denuncia que aquilo que o mundo vê sobre a ilha nas redes sociais “é uma mentira”

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel (esquerda), e Raúl Castro participam neste sábado, em Havana, de um ato de apoio à revoluçãoErnesto Mastrascusa (EFE)
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O abalo provocado pelos protestos ocorridos no dia 11 em diversas localidades de Cuba, que em alguns lugares foram marcados por atos de violência e distúrbios que deixaram um morto, dezenas de feridos e centenas de detidos, levou as autoridades a organizar, neste sábado, atos de “reafirmação revolucionária” nas principais cidades do país. Em Havana, o cenário foi o Malecón, em frente à embaixada americana, onde se reuniram milhares de pessoas —100.000, segundo as autoridades— lideradas pelo presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, e por Raúl Castro, que apareceu em público pela primeira vez depois das desordens dos últimos dias, o que dá uma ideia das importantes consequências políticas que tiveram.

No palanque, Díaz-Canel voltou a acusar Washington de estar por trás das manifestações e de manipular as redes sociais para provocar a desestabilização do país: “No apogeu da mentira, circulam imagens e notícias falsas. Neste momento, o que o mundo está vendo de Cuba é uma mentira: um povo levantado contra seu Governo e um Governo que reprime seu povo”.

O presidente cubano afirmou que atualmente a Internet está repleta de fake news e de imagens falsas, e disse que se trata de uma “manipulação” totalmente planejada. “Nenhuma mentira foi levantada por engano. Está tudo friamente calculado”, enfatizou, denunciando que nos dias anteriores às manifestações ocorreu “uma intoxicação midiática” financiada de Miami. “Seu objetivo era fomentar distúrbios e instabilidade no país, aproveitando a crise pela pandemia, pelo recrudescimento do bloqueio e pelas mais de 240 medidas impostas por Trump contra Cuba. Conclamaram à violência, ao vandalismo e à sabotagem. O Twitter desconsiderou as denúncias legítimas de usuários e veículos de imprensa sobre essa campanha nas redes sociais. Pretendem contar a história ao contrário. A interpretação mal-intencionada é que foi convocada uma guerra civil”, afirmou.

Segundo Díaz-Canel, Cuba está “sob o fogo sofisticado de uma ciberguerra” e, por isso, o “bombardeio midiático carregado de violência, sangue, alaridos, ameaças, perseguição e repressão não teve pausa nestes dias”. “Parem com as mentiras, as infâmias e o ódio. Cuba é profundamente alérgica ao ódio e nunca será uma terra de ódio”, pediu, apontando sempre o EUA como o principal responsável pelo ocorrido.

Nos últimos dias, Havana e Washington voltaram à linguagem do confronto direto, iniciando uma nova escalada diplomática depois dos protestos. Na sexta-feira, Díaz-Canel acusou Washington de ter “fracassado em sua tentativa de destruir Cuba”, apesar de ter “esbanjado bilhões de dólares” para isso. Com essas palavras, respondeu ao presidente americano, Joe Biden, que disse na véspera que a ilha era um “Estado falido” que reprimia seus cidadãos.

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Díaz-Canel utilizou sua conta no Twitter para publicar uma longa sequência defendendo Havana e criticando Washington. “Um Estado falido é aquele que, para agradar a uma minoria reacionária e chantagista, é capaz de prejudicar 11 milhões de seres humanos, ignorando a vontade da maioria dos cubanos, dos americanos e da comunidade internacional”, disse, referindo-se ao embargo econômico que pesa sobre a ilha há 60 anos e ao reforço das sanções durante o mandato de Donald Trump. “Se o presidente Joseph Biden tivesse uma preocupação humanitária sincera pelo povo cubano, poderia eliminar as 243 medidas aplicadas pelo presidente Donald Trump, incluídas as mais de 50 impostas cruelmente durante a pandemia, como primeiro passo para o fim do bloqueio”, escreveu Díaz-Canel.


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