Policial veterano do Iraque atacado com um extintor, o quinto morto no ataque ao Capitólio
Preso o vândalo que entrou no gabinete da presidenta da Câmara de Representantes
Quase dois dias depois do ataque ao Capitólio realizado por simpatizantes do presidente em final de mandato Donald Trump o número de mortos continua aumentando. O quinto falecido na noite de quinta-feira é o agente da polícia do Capitólio Brian D. Sicknick, de 42 anos. Segundo dois de seus colegas, citados pelo The New York Times, o veterano da guerra do Iraque foi agredido com um extintor. Os outros quatro mortos até agora foram identificados como manifestantes, ainda que somente um deles tenha morrido dentro do Congresso. A polícia abriu uma investigação.
O agente Sicknick, veterano da guerra do Iraque, é o quarto membro da força de segurança do Capitólio a morrer em serviço desde a fundação do corpo policial do Congresso há dois séculos. “A Polícia do Capitólio expressa suas mais profundas condolências a sua família e amigos por sua perda, e lamenta a morte do amigo e colega”, comunicou o corpo na noite de quinta-feira. Sicknick foi ferido “enquanto enfrentava fisicamente os manifestantes” e sofreu um “colapso” quando voltou ao escritório, disse um porta-voz policial. “Foi levado a um hospital onde não resistiu aos ferimentos” após 24 horas de convalescência, disse o comunicado.
As autoridades anunciaram na sexta-feira a abertura de uma investigação para esclarecer as circunstâncias da morte de Sicknick. A líder democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, quer que os agressores “sejam encaminhados à justiça”. Um dos presos até o momento é um menor de idade. O relatório de presos aponta que vários outros instigadores do ataque foram presos, mas sem publicar um número atualizado.
Os outros quatro mortos identificados até agora pelas autoridades são civis que em suas redes apoiavam fervorosamente Trump. A única vítima que faleceu dentro do Congresso durante o ataque foi Ashli Babbitt, de 35 anos, que recebeu um tiro de um policial. A veterana da Aeronáutica dos Estados Unidos, moradora de San Diego (Califórnia), publicou no dia anterior ao violento protesto atiçado por Trump: “Nada vai nos parar, a tempestade está aqui e chegará a Washington em menos de 24 horas. Da escuridão, à luz”. Sua mãe disse à imprensa que Babbitt era “suficientemente apaixonada para morrer pelo que acreditava”.
O agente da polícia do Capitólio que atirou em Babbitt foi suspenso de seus trabalhos enquanto a polícia de Washington DC e as forças de segurança do Capitólio realizam uma investigação sobre o ocorrido. “Este é um incidente trágico e envio minhas condolências à família e amigos da vítima”, declarou a chefe da polícia da capital norte-americana. Ainda não revelaram o nome do agente responsável pela morte de Babbitt.
Outro dos manifestantes mortos tinha em suas redes inúmeras mensagens de apoio a Trump. É Kevin Greeson, de 55 anos e morador de Athens (Alabama). “Vamos recuperar o país! Vamos pegar nossas armas e tomar as ruas!”, publicou Greeson em 17 de dezembro. O falecido tinha antecedentes médicos por pressão arterial alta e sofreu um infarto em meio à confusão. Segundo o The New York Times, Greeson estava falando com sua esposa por telefone quando caiu na rua, foi atendido pela equipe de emergência e enviado depois ao hospital, onde faleceu.
A vítima mortal mais jovem é Rosanne Boyland, de 34 anos, moradora de Kennesaw (Geórgia). A equipe de emergência chegou a tempo de atender Boyland quando agentes da polícia do Capitólio realizavam reanimação cardiopulmonar. O relatório do ocorrido detalha que foi internada no hospital, mas morreu pouco depois de sua chegada. “Acho que as palavras do presidente incitaram um motim que matou quatro de seus maiores fanáticos na noite de ontem e acho que deveríamos evocar a 25° emenda nesse momento”, afirmou à rede de televisão CBS o cunhado de Boyland, Justin Cave.
“Parece o primeiro dia do resto de nossas vidas, para ser honesto”, disse em um vídeo Benjamin Phillips, de 50 anos, enquanto dirigia da Pensilvânia a Washington para participar do comício de Trump junto com outros manifestantes, como publicou o The Philadelphia Inquire. Phillips, de quem até agora não há confirmação de que tenha entrado no Capitólio, era desenvolvedor de web e fundador de um grupo nas redes sociais favorável a Trump. O jornal informa que a polícia disse a alguns dos membros do grupo de Phillips que este havia sofrido um ataque do coração e morreu no hospital.
Preso o vândalo que entrou no gabinete de Pelosi
A imagem de Richard Barnett, de 60 anos, sentado no gabinete da presidenta do Congresso Nancy Pelosi, com os pés na escrivaninha, foi uma das fotos mais simbólicas do ataque. O Departamento de Justiça informou na sexta-feira que Barnett foi preso em sua casa em Gravette (Arkansas) por acusações de entrada violenta em edifícios restritos e roubo de propriedade pública. Em um vídeo, Barnett se gaba de ter pegado um envelope do gabinete, mas diz que não o roubou. “Deixei uma moeda de vinte e cinco centavos em seu escritório”, disse ao The New York Times. O congressista republicano Derrick Evans também foi acusado por transmitir o ataque em suas redes, ainda que depois tenha apagado o vídeo.