Rebeca Andrade, eternizada na história das Olimpíadas
Após conquistar o ouro no salto e a prata na ginástica artística individual geral, a atleta brasileira de 22 anos se consagra como o maior nome da história da modalidade esportiva no Brasil
Rebeca Andrade se despede dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 com o nome escrito na história. Mais de quarenta anos depois de a primeira ginasta brasileira estrear em uma Olimpíada ―Cláudia Magalhães Costa, nos Jogos Olímpicos Moscou 1980― a jovem atleta natural de Guarulhos, na Grande São Paulo, encerra sua participação com a melhor e mais vitoriosa campanha da ginástica artística brasileira em Olimpíadas, mesmo com o quinto lugar na final do solo obtido na manhã desta segunda-feira ao som de um orquestrado Baile de favela (música que não sai da cabeça dos brasileiros desde a disputa da final olímpica, em 29 de julho). Rebeca leva na mala uma prata na final geral da ginástica artística feminina e um ouro no salto.
Antes mesmo de conquistar as inéditas medalhas olímpicas, a filha de Dona Rosa Santos sabia que já tinha feito história ao chegar ao Japão. A atleta sofreu graves lesões antes de competir, passou por três cirurgias no joelho e quase desistiu da carreira. Mas o amor pela modalidade e o apoio que teve da família e treinadores ao longo do processo de recuperação a fizeram seguir firme no propósito de embarcar rumo ao pódio olímpico. Ela certamente sonhava com a medalha, mas talvez não imaginasse a dimensão do feito que alcançaria do outro lado do mundo.
“Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui”, disse, depois de levar a prata. “Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes. Dificuldade sempre teremos, mas temos que ser fortes suficientes. Tive pessoas maravilhosas que me ajudaram a passar por esse processo, espero que vocês tenham pessoas incríveis para ajudá-los a chegar no topo, assim como cheguei.”
Do alto do pódio, Rebeca Andrade exaltou o papel das ginastas que competiram antes dela, como a gaúcha Daiane dos Santos, 38 anos, que foi às lágrimas ao comentar, ao vivo na televisão, a medalha de prata da paulista de 22 anos. Rebeca Andrade tinha apenas 5 anos quando Daiane, campeã mundial, se classificou para uma final olímpica, na Atenas 2004. A gaúcha terminou em 5º lugar, o melhor resultado do Brasil na ginástica artística até então. E se transformou naquele dia em um modelo para Rebeca e ginastas mundo a fora.
A campeã olímpica começou sua carreira no Projeto Iniciação Esportiva de Guarulhos, com treinamentos no ginásio municipal Bonifácio Cardoso, na Grande São Paulo. Pisou pela primeira vez num centro de treinamento em 2005 ―um ano depois de ver Daiane brilhar nos Jogos Olímpicos na Grécia. “Durante muito tempo disseram que as pessoas negras não podiam fazer alguns esportes, e a gente vê hoje a primeira medalha, de uma menina negra. Tem uma representatividade muito grande atrás de tudo isso”, destacou Daiane, numa clara e emocionada demonstração de que o carinho e admiração entre as atletas é mútuo. As futuras gerações da ginástica artística brasileira têm mais um nome forte para se inspirar.
Rebeca Andrade of #BRA wins a second medal at @Tokyo2020!#Gold in the #ArtisticGymnastics women’s vault final - a first for Brazil!#StrongerTogether | #Tokyo2020 | @gymnastics pic.twitter.com/hNBhjFaGqv
— Olympics (@Olympics) August 1, 2021
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