A primeira medalha do Brasil em Tóquio 2020 no skate de Kelvin Hoefler

“Isso aqui é o começo de uma geração do Brasil que está por vir”, avisou o skatista na estreia da modalidade olímpica. Pódio veio na madrugada deste domingo

Kelvin Hoefler com sua medalha de prata.JEFF PACHOUD (AFP)
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Kelvin Hoefler, 27 anos, é o primeiro atleta a conquistar uma medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. O paulista de Guarujá alcançou o segundo lugar da prova de skate street masculino por volta da 1h40 da manhã (horário de Brasília) deste domingo e ficou com a medalha de prata. “Isso aqui representa o skate brasileiro, a nossa garra e a nossa persistência. Isso aqui não é só meu, é o skate do Brasil que merece isso aqui, merece até mais”, celebrou o brasileiro. O ouro ficou com o japonês Yuto Horigomi, enquanto o americano Jagger Eaton levou a medalha de bronze.

A prova do street foi a primeira do skate, que estreia como modalidade olímpica em Tóquio. A modalidade consiste em duas voltas no circuito de pista com alguns obstáculos e cinco chances para fazer manobras em cima de um dos corrimãos da pista. Todas as apresentações são avaliadas através de notas de um júri. Ao fim, quem tiver a maior nota na soma das sete avaliações vence. Kelvin se classificou para a final com a quarta melhor nota, longe do favorito, o americano Nyjah Houston. Os brasileiros Felipe Gustavo e Giovanni Vianna ficaram pelo caminho. Mas Hoefler começou bem a decisão, conseguindo as duas melhores notas e ganhando confiança logo no início.

O skatista performou o tempo todo com um fone de ouvido sem fios, mas confessou que não ouvia nenhuma música. A estratégia, segundo o próprio, é para que ninguém o desconcentrasse. Kelvin só deu ouvidos para duas pessoas. Uma era a esposa, Ana Paula Negrão, que o acompanha há 10 anos e com quem falava pelo telefone nos intervalos. A outra é Pâmela Rosa, skatista que competirá na prova street feminino e amiga pessoal do brasileiro. Foi Pâmela quem orientou o medalhista na escolha das manobras, na hidratação e até na hora de fazê-lo descansar na sombra, uma vez que o calor fazia a sensação térmica ultrapassar os 40 graus celsius em Tóquio. “Elas foram meus braços direito, esquerdo e pernas. Pâmela foi minha técnica aqui, com detalhes que ajudaram muito. As minas são foda”, afirmou após a conquista.

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Kelvin perdeu a liderança na hora das manobras em cima do corrimão. Se saiu bem na primeira tentativa, mas teve duas quedas que o derrubaram para o quinto lugar. Na quarta chance, conseguiu um salto difícil e recuperou a moral. Enquanto isso, o favorito Nyjah despencou para o sétimo lugar. Restou a Hoefler completar uma manobra na última tentativa que rendeu-lhe a maior nota em toda a competição. Subiu para o segundo lugar, de onde não saiu mais. Só Jagger Eaton poderia tirar sua prata, mas o americano caiu em seu último pulo. O brasileiro terminou com a soma de 36,15 pontos, contra 37,18 do medalhista de ouro, Horigomi, e 35,35 de Eaton, medalhista de bronze.

O brasileiro se emocionou entre entrevistas e pódio. O sorriso deixou claro a vitória pessoal de um menino de Guarujá que, aos 8 anos, improvisava suas próprias pistas de skate. Como a rua onde morava era de terra, ele precisava andar na sala de casa. Relembrou as broncas que recebia de sua mãe, Roberta, por atrapalhar a novela, e da disciplina ensinada pelo pai, o policial militar Eneas. Aos 9, decidiu ser profissional. Aos 13, venceu seu primeiro campeonato. E, aos 27, ganhou uma medalha olímpica. “Isso aqui é o começo de uma geração do Brasil que está por vir. E amanhã tem mais”, avisou. Entre a noite deste domingo e a madrugada de segunda, o Brasil volta às pistas com Letícia Bufoni, Pâmela Rosa e Rayssa Leal na modalidade street feminina, com grandes chances de medalha.

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