Richarlison conduz vitória do Brasil sobre a Alemanha em estreia olímpica
Em reedição da final na Rio 2016, os brasileiros venceram por 4 a 2 com três gols do camisa 10. O jogo marca o início da caminhada de uma seleção que, com Daniel Alves e nova geração, chega favorita ao bicampeonato em Tóquio
O choro de Neymar após acertar o pênalti que valeu o ouro no futebol masculino para o Brasil, na Olimpíada de 2016, representou o fim do jejum de 116 anos sem que o time de futebol mais famoso do mundo conseguisse chegar ao lugar mais alto do pódio. O peso da medalha é explicado pela própria presença do camisa 10, que já era uma das estrelas do Barcelona, em um torneio feito para jogadores com menos de 23 anos. O ouro olímpico no Maracanã tira o peso por uma medalha nos Jogos de Tóquio, mas não o favoritismo —com uma seleção recheada de atletas que são destaques em clubes brasileiros e europeus, o Brasil chega ao Japão como candidato ao bicampeonato no futebol masculino. Prova disso foi o primeiro tempo da seleção contra a Alemanha, nesta quinta (22), quando Richarlison marcou três vezes em 30 minutos na estreia em Yokohama. Depois, Matheus Cunha desperdiçou um pênalti que transformaria a vitória em goleada antes dos alemães reagirem com dois gols no segundo tempo. Com um jogador a mais após a expulsão de Arnold, o Brasil fechou o placar em 4 a 2 no fim da partida com um golaço de Paulinho e largou na frente em seu grupo.
O Brasil de Jardine entrou em campo com Santos; Daniel Alves, Nino, Diego Carlos e Arana; Douglas Luiz, Bruno Guimarães, Claudinho e Antony; Richarlison e Matheus Cunha. Malcom, Reinier e Paulinho entraram ao longo do segundo tempo. Depois de bater os alemães na reedição da final olímpica de 2016, os brasileiros ainda encaram a Costa do Marfim e a Arábia Saudita na primeira fase. No jogo entre os dois, os marfinenses venceram por 2 a 1 —e encaram o Brasil no próximo domingo, 25 de julho, às 5h (horário de Brasília).
O futebol masculino conserva uma regra nas Olimpíadas que o difere dos outros esportes: só é permitida a inscrição de três atletas com mais de 23 anos entre os convocados. Por conta do adiamento de um ano dos Jogos de Tóquio, a regra foi alterada de 23 para 24 anos, mas somente para esta edição. Nos jogos do Rio de Janeiro, em 2016, a obsessão pela conquista fez com que a CBF convocasse Neymar e Renato Augusto, titulares da seleção principal, além do goleiro Weverton, como “maiores de idade”. Desta vez, entraram para a lista três nomes menos badalados: Daniel Alves na lateral, o zagueiro Diego Carlos, do Sevilla, e o goleiro Santos, do Athletico-PR. Alves traz a experiência como titular da equipe de Tite.
Se dependesse do treinador, André Jardine, a lista teria nomes do calibre de Marquinhos e Neymar do PSG. No entanto, entra aí outra peculiaridade do futebol masculino olímpico: por não ter a chancela da FIFA, as Olimpíadas não entram no calendário oficial da entidade e, por isso, os clubes de futebol não são obrigados a liberarem os jogadores convocados. Somando isso à data dos Jogos, que coincide com o início da temporada do futebol europeu, explicam-se as recusas não só do PSG, como do Real Madrid, com Vinicius Junior e Rodrygo.
Mesmo no Brasil, o Flamengo peitou a CBF e barrou a convocação do atacante Pedro, que queria defender o time brasileiro no Japão. Richarlison, por sua vez, conseguiu negociar pessoalmente com o dono do seu time, o Everton FC da Inglaterra, sua liberação para viajar a Tóquio. O jogador foi um dos que disputou a Copa América com a seleção brasileira.
Esses remendos resultam em uma seleção brasileira menos conhecida. O atacante Everton e Douglas são os únicos que estiveram na Copa América, mas os olhos devem estar voltados para a dupla de meias formada por Guimarães e Claudinho: o primeiro é um dos destaques do futebol francês, enquanto o segundo foi eleito o melhor jogador do campeonato brasileiro de 2020.
Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$
Clique aquiAndré Jardine, gaúcho de 41 anos, que trilhou uma carreira de sucesso no futebol de base em times, como Grêmio e São Paulo, lidera o projeto olímpico do futebol masculino. Em dois anos, foram 11 vitórias em 14 jogos para o treinador, mas com uma mancha recente: a seleção foi derrotada por Cabo Verde (2 a 1) num amistoso em 5 de junho, que ligou a luz amarela na preparação olímpica.
No papel, a adversária mais forte parece ser a Espanha, que conta com alguns jogadores com presença frequente na seleção principal: casos do goleiro Unai Simón, dos zagueiros Eric García e Pau Torres, do meia Pedri e dos atacantes Dani Olmo e Asensio —todos disputaram a Eurocopa, onde os espanhóis perderam nas semifinais para a campeã Itália. No entanto, a Espanha estreou com um decepcionante empate por 0 a 0 contra o Egito. Por ora, o jovem elenco brasileiro traz a esperança de que alguém possa despontar como alternativa para rejuvenescer também o Brasil de Tite, que terminou recentemente com o vice-campeonato sul-americano.
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