O Ajax de Ten Hag e Antony deslumbra de novo
O campeão holandês marcou onze vezes nos três jogos da Champions League e ratificou seu futebol colorido e rápido contra o Dortmund de Haaland (4x0)
Apenas quatro das 32 equipes da Champions League venceram as três partidas da fase de grupos. Três deles, Bayern, Liverpool e Juventus, fazem parte do elenco de favoritos e seus triunfos são menos surpreendentes do que os do brilhante Ajax, que confirmou todas as boas impressões levantadas até agora na terça-feira ao vencer o Borussia Dortmund na Amsterdam Arena (4x0) numa demonstração de jogo ofensivo, rápido e profundo.
O ressurgimento do campeão holandês tem mérito. Do elenco que três temporadas atrás, 2018-19, chegou às semifinais da competição depois de eliminar o Real Madrid (oitavas), a Juventus (quartas) e perder para o Tottenham, viu meia onze titulares emigrar: De Ligt, Schone, Frenkie de Jong, Van de Beek e Zychech. Além de ter seu goleiro titular Onana punido por usar uma substância tida como doping —ele poderá voltar a jogar a partir de novembro.
Líder do campeonato nacional com sete vitórias, um empate e uma derrota, 32 gols a favor, dois contra e sete jogos sem sofrer gols, o Ajax também mostra sua competitividade na Champions League depois de ter caído na fase de grupos nas duas últimas temporadas. Começou goleando o Sporting em Alvalade (1x5) e resolveu os seus dois jogos em casa frente ao Besiktas (2x0) e ao Borussia de Dortmund (4x0) com sobras.
Em seu quinto ano no banco, o treinador Erik Ten Hag colocou a máquina de volta às rotações máximas. Repetiu os onze iniciais nos três jogos e vê sua grande exibição física ser acompanhada por um brilhante jogo associativo sempre com as lentes na área oposta. Taticamente ele não inventa nada. De um versátil 4-2-3-1, que é acoplado a um 4-3-3, o time ocupa o campo oposto com linhas muito próximas, zagueiros muito avançados, laterais em campo oposto e uma referência ofensiva, Sebastian Haller, que marcou quatro gols no primeiro jogo e também foi às redes nos dois jogos seguintes, para somar meia dúzia de gols.
O técnico mistura bem suas peças e os perfis de seus comandados. Em sua base de onze, jogam seis holandeses e cinco estrangeiros. Um marroquino (Mazraoui, lateral direito), um argentino (Lisandro Martínez, defensor), um mexicano (Edson Álvarez, meio-campista), um brasileiro (Antony, ponta) e um sérvio (Tadic, ponta). Ele também equilibra a média de idade com jogadores jovens e veteranos. Desde Gravenberch (19), Timber (20), Antony (21), Martínez, Álvarez e Mazraoui (23) até os 37 do goleiro Pasveer, os 32 de Tadic e os 31 de Blind… Berghuis (29), o canal de todo o jogo ofensivo e Haller (27), o goleador, parecem estar na idade certa da plenitude, cada um a seu modo.
Depois do jogo contra o Borussia, os elogios ao zagueiro argentino Lisandro Martínez, que anulou Haaland do jogo, e a Antony, que também faz parte da seleção brasileira, se multiplicaram. O ex-são-paulino é um ponta canhoto rápido que joga na direita e marcou o terceiro gol contra os alemães com um chute sutil e poderoso. Com a classificação para as oitavas de final assegurada, teremos de acompanhar de perto esta equipa que joga ousadamente no ataque e só sofreu três gols: dois na Liga e um na Champions League.
Yeremi Pino, gol e aniversário
O atacante do Villarreal sobe degraus profissionais na velocidade de suas pernas. Um ano depois de estrear na Primeira Divisão contra o Cádiz, Yeremi Pino estreou no dia 6 pela seleção espanhola contra a Itália nas semifinais da Liga das Nações e, nesta quarta-feira, dia em que completou 19 anos, marcou contra o Young Boys seu primeiro gol na Champions League.
Ele tem pela frente a prorrogação de seu contrato com o Villarreal até 2027, com uma cláusula já acima de 60 milhões de euros, para evitar tentações de clubes que já se ligaram nas condições de um jogador em plena fase de crescimento, tanto no aspecto físico, como na técnica e na tática. Em sua terceira partida na competição continental, debutou como artilheiro. De cabeça, que não é exatamente a arte que mais domina.
Ele é da velocidade, do estouro, do drible curto ou longo e do avanço pelo meio. Carrega consigo todas as qualidades do centroavante e se comporta como tal. Nem a Emery, treinador do Villarreal, nem Luis Enrique, técnico da seleção espanhola, estas condições passaram despercebidas, e agora ambos procuram melhorar a concentração de Yeremi, a sua continuidade no jogo e o trabalho defensivo, para que seja ainda mais completo e versátil nas novas tendências do futebol, que demandam um jogo da ida e volta.
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