Encalhe do navio no canal de Suez provoca prejuízos milionários e queixas no Egito

Empresa proprietária da embarcação ‘Ever Given’ e sua seguradora podem ser obrigadas a pagar indenizações altíssimas pelos danos causados

Buque 'Ever Given'
O navio ‘Ever Given’, encalhado no canal de Suez.STR (EFE)
Marc Español
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This handout satellite images courtesy of Cnes 2020 released on March 25, 2021 by Airbus DS shows the Taiwan-owned MV 'Ever Given' (Evergreen) container ship, a 400-metre- (1,300-foot-)long and 59-metre wide vessel, lodged sideways and impeding all traffic across the waterway of Egypt's Suez Canal. - The owners of a giant container vessel blocking the Suez Canal said they faced "extreme difficulty" refloating it as Egypt temporarily closed one of the world's busiest shipping lanes. (Photo by - / CNES / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / CNES 2020" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS ---
Bloqueio do canal de Suez por navio encalhado ameaça prejudicar o comércio mundial por semanas
HANDOUT - 24 March 2021, Egypt, Suez: A tugboat sails past a container ship named Ever Given, operated by Evergreen Marine, after it ran aground in the southern end of the Suez Canal, blocking navigation traffic in both directions. The ship turned sideways in the Canal while on route from China to Rotterdam. The Suez Canal Authority reported that the incident took place due to reduced visibility that resulted from the dust storm currently hitting the area. Photo: -/Suez Canal Authority via Egyptian Cabinet Facebook Page/dpa - ATTENTION: editorial use only and only if the credit mentioned above is referenced in full
-/Suez Canal Authority via Egypt / DPA
24/03/2021 ONLY FOR USE IN SPAIN
Navio carregado de contêineres bloqueia o canal de Suez depois de encalhar devido ao mau tempo

Enquanto rebocadores, dragas e escavadoras egípcias continuam trabalhando contra o relógio para que o gigantesco navio Ever Given volte a navegar ―assim retomando o tráfego no canal de Suez―, os setores do comércio marítimo e de seguros começam a especular sobre os litígios e as vultosas indenizações que a empresa japonesa Shoei Kisen, dona da embarcação, terá que arcar. A contraparte nessas ações serão as autoridades egípcias, os navios que tiveram que deter sua viagem por causa do acidente e os donos das mercadorias.

A esta altura, está claro que a imensa maioria dos mais de 200 navios que se encontram parados no canal não poderão chegar a seus destinos no prazo previsto. E isso abre caminho para que os donos das mercadorias peçam indenização à seguradora do Ever Given para ressarcir produtos deteriorados e multas por prazos descumpridos, segundo a agência Reuters. O navio acidentado pertence à empresa japonesa Shoei Kisen, mas é operado pela taiwanesa Evergreen.

Escavadora retira terra ao redor do navio Ever Given, encalhado no canal de Suez.
Escavadora retira terra ao redor do navio Ever Given, encalhado no canal de Suez. - (AFP)

“O bloqueio do canal de Suez poderia parecer um problema local, mas na verdade é uma situação de importância mundial, já que mais de 10% do comércio global passa pela estreita via em águas egípcias. Os navios presos na fila atrás do Ever Given encalhado poderiam chegar ao seu destino com muito atraso, sem um tempo de chegada estimado à vista”, afirma David Smith, diretor do departamento de responsabilidade civil marítima e de embarcações no escritório de advocacia McGill and Partners. “Isto é incrivelmente prejudicial para quem manda, recebe e transporta a carga”, observa.

Imagem satélite do navio encalhado no canal de Suez, nesta quinta-feira.
Imagem satélite do navio encalhado no canal de Suez, nesta quinta-feira. Cnes2021 (AP)

Por outro lado, também a Autoridade do Canal de Suez poderia se somar às reclamações, tanto pelos danos ocasionados no canal, que podem ser vistos nas imagens divulgadas da operação de desencalhe do Ever Given, como pelos prejuízos decorrentes do bloqueio da hidrovia. O canal de Suez representa uma das principais fontes de obtenção das cobiçadas divisas estrangeiras para o Egito.

“A interrupção terá um preço elevado. Alguns no setor mencionaram uma quantia de 100 milhões de dólares (564,6 milhões de reais)”, afirma o advogado Smith. “Entretanto, a fatura final, que será composta pelas indenizações pelos atrasos, a perda de faturamento para o canal de Suez, os possíveis danos à carga e o custo de trazer o navio de volta à tona, será muito mais alta”, adverte.

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