Preço do petróleo reflui, mas tensão no Oriente Médio mantém mercados e Petrobras em alerta
Pronunciamento do presidente Donald Trump acalma mercados pelo mundo e valor do óleo recua. Crise ainda não afeta brasileiros
O aguardado pronunciamento do presidente americano Donald Trump na tarde desta quarta-feira, um dia após ataques de retaliação do Irã contra bases dos aliados dos EUA no Iraque, acalmou, por ora, os mercados pelo mundo. Os contratos futuros do petróleo também fecharam em queda. Em seu anúncio, Trump disse que o Irã parece não querer mais um acirramento das tensões e que nenhum norte-americano ficou ferido. O presidente dos Estados Unidos afirmou ainda que o país persa deve sofrer novas sanções econômicas. As declarações foram vistas como apaziguadoras e a leitura é que, no momento, não há risco de uma guerra.
O clima menos tenso fez que o preço do barril de petróleo Brent para entrega em março fechasse nesta quarta-feira em forte baixa de 4,1%, cotado a 65,47 dólares. Ao longo da noite de terça-feira, quando a tensão chegou ao ápice, o barril do Brent subiu para 71,13 dólares. O mercado temia uma resposta americana mais dura ao ataque do Irã, que lançou mísseis contra as bases americanas no Iraque para retaliar o bombardeio com drone que matou o general Qasem Soleimani.
A volatilidade dos desdobramentos da tensão entre EUA e Irã dificultam uma previsão sobre o rumo do valor do petróleo nos próximos dias e meses. “Desde que começou o imbróglio você teve um morde-assopra. Algumas vezes o Trump fala mais grosso, aí vai a diplomacia e dá uma amenizada. Hoje mesmo a fala dele deu uma acalmada. Os preços acompanham esse vai e vem retórico”, explica o professor de economia Maurício Canêdo, da FGV e UERJ . Na avaliação de Canêdo, o preço do petróleo só irá aumentar para um patamar mais elevado se, de fato, o conflito escalar. “Se caminhar para algo mais sério, como uma ofensiva mais agressiva”, afirma .
Para José Augusto Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil, a elevação de uma tensão no Oriente Médio também pode prejudicar o comércio global. “É um momento de cautela, tudo tem consequência. Teoricamente, esse cenário deve gerar mais um indefinição comercial, que pode levar a um menor crescimento no mundo, o que consequentemente afetaria o Brasil. Mas todos os cenários ainda são muito hipotéticos”, diz.
Segundo especialistas, um acirramento do conflito envolveria diversos países da região mais rica em petróleo do mundo, fazendo o valor do Brent disparar. Para o Brasil, ônus econômico seria o aumento dos combustíveis no mercado doméstico, caso a Petrobras mantivesse a política de paridade de preço internacional dos combustíveis, fazendo que uma forte alta tivesse que ser repassada para o diesel e gasolina. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro demonstrou preocupação com o tema e afirmou que avaliaria os impactos da crise no Oriente Médio com a equipe econômica.
Segundo Cônedo, como a Petrobras está reajustando os preços em intervalos maiores, a crise ainda não traz reflexo para o bolso dos brasileiro. “Ainda não houve nenhum aumento, por enquanto nada mudou. Agora é esperar para ver os desdobramentos”, diz.
Do ponto de vista da Petrobras, uma elevação do preço do petróleo impactaria positivamente a estatal, já que grande parte de suas receitas vem da venda de petróleo e outros derivados. E, atualmente, a petroleira está aumentando sua exportação líquida de petróleo.
Nesta quarta-feira, no entanto, os papéis ordinários da estatal recuaram 1,63% e os preferenciais 0,62% após as declarações de Trump que indicaram um menor risco de conflitos. A queda das ações da Petrobras puxaram para baixo o Ibovespa, principal índice da Bolsa no Brasil, indo na contramão dos mercados internacionais. O Ibovespa fechou em queda de 0,36%, a 115.693 pontos.
Petrobras suspende trânsito pelo Estreito de Ormuz
A Petrobras anunciou que, por segurança, suspendeu o trânsito de seus petroleiros pelo Estreito de Ormuz, localizado entre o golfo de Omã, ao sudeste, e o golfo Pérsico, a sudoeste. Na costa norte do estreito está o Irã e, na costa sul, os Emirados Árabes Unidos. De acordo com nota da estatal, “a companhia avaliou o referido cenário e, em conjunto com a Marinha do Brasil, decidiu por evitar, no momento, o trânsito pelo Estreito de Ormuz”. A estatal disse ainda que avalia rotineiramente alterações nas rotas de suas embarcações com objetivo de evitar trechos que tragam risco à segurança de suas operações. E que a mudança não trará qualquer impacto ao abastecimento de combustíveis no Brasil".
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