‘The Crown’ e ‘The Mandalorian’ lideram indicações ao Emmy 2021 em batalha equilibrada entre HBO e Netflix
Com 130 e 129 candidaturas, respectivamente, o canal pago e a plataforma digital encabeçam, em quantidade, a briga pelos prêmios
Este poderá ser o ano em que a Netflix finalmente levará as estatuetas principais na cerimônia de premiação do Emmy. Embora desde 2013, com House of Cards, sua tentativa de conquistar o trono da premiação esteja firme, com grandes campanhas promocionais por trás e apostas em todos os gêneros, a plataforma ainda não conseguiu que nenhum de seus títulos fosse reconhecido como melhor drama, comédia ou minissérie do ano. No entanto, em 2021 as suas fichas para ganhar a cobiçada estatueta de melhor drama são muitas. A quarta temporada de The Crown conseguiu 24 indicações para o 73º Emmy. E não é que seus rivais sejam menores, mas o prestígio da série de Peter Morgan sobre a vida da rainha Elizabeth II, seu inquestionável poder como produção, a qualidade de seus roteiros e o excelente desempenho de seus atores a fazem partir como franca favorita.
A pandemia levou o Emmy, uma premiação conservadora e tradicional, não muito propensa a mudanças, a incluir muitos títulos novatos em suas indicações, anunciadas nesta terça-feira. Na competição pelo prêmio de melhor drama, alguns veteranos do Emmy vão enfrentar The Crown, como Pose, This is us, The handmaid’s tale (também lançado como ‘O conto da aia’) e The Mandalorian, que já foi a surpresa da lista do ano passado e que este ano iguala The Crown com 24 indicações. O octeto é completado pelos sucessos das plataformas Bridgerton (Netflix), com sua aposta no drama de época mais viciante, e os super-heróis imperfeitos, com sátira social incluída, em The Boys (Amazon Prime Video). Fecha o quadro a história de terror com o tema da raça no centro: Lovecraft Country. Elas tentarão ser a surpresa.
Na comédia, a favorita é a otimista e tranquilizadora Ted Lasso. A produção da Apple TV + recebeu 20 indicações com sua primeira temporada (a segunda estreia dentro de 10 dias, o que pode ser um empurrão às suas opções de premiação). Seu protagonista, Jason Sudeikis, já conquistou o Globo de Ouro por dar vida a um treinador de futebol que tenta compensar sua falta de conhecimento com boas intenções e otimismo. Exatamente do que o mundo precisava quando a série estreou em agosto de 2020 e a pandemia já havia feito estragos no ânimo das pessoas. Se vencer, será o primeiro grande triunfo da Apple TV +, plataforma que ainda não completou dois anos de vida. Entre os demais concorrentes em comédia há apenas um representante da televisão aberta, Black-ish, diante do domínio quase absoluto das plataformas: Cobra Kai (Netflix), Emily in Paris (Netflix), Hacks (HBO Max), The flight attendant (HBO Max), O método Kominsky (Netflix) e Pen15 (da Hulu, não lançada no Brasil).
O prato especial
Mas a verdadeira categoria rainha dos prêmios de televisão há alguns anos é a de minisséries ou série limitada. Alguns dos títulos mais aplaudidos da temporada estão nessa categoria na qual, em contraposição às oito candidatas em drama e comédia, há apenas cinco candidatas. O drama policial Mare of Easttown, o soco no patriarcado que é I may destroy you (a grande esquecida do Globo de Ouro teve amplo reconhecimento com nove indicações ao Emmy), o sucesso da Netflix, O gambito da rainha, o duro drama racial ‘The underground railroad: os caminhos para a liberdade’ e a história do super-herói com uma homenagem à televisão incluída, WandaVision, estarão em um dos grandes duelos desta edição do Emmy.
Entre as candidaturas de intérpretes destaca-se o elenco de The Crown, quase totalmente indicado para a premiação naquele que será seu último ano com opções de premiação para esta série, já que na próxima temporada o elenco mudará. Também chamam a atenção as 12 indicações para o musical Hamilton, com opções por sua versão filmada estreada no Disney +. Seu elenco disputa boa parte das categorias de interpretação em minisséries ou filmes para televisão. Também digna de nota é a candidatura de Mj Rodriguez como atriz principal em um drama por Pose, a primeira mulher trans a ser indicada.
Nova e velha televisão
Além dos títulos e nomes próprios, a outra grande batalha que será travada na premiação da Academia de Televisão dos Estados Unidos tem como protagonistas as plataformas e canais tradicionais. A nova televisão contra a velha televisão. Enquanto no ano passado a Netflix destronou a líder habitual desses prêmios, a HBO —e com 160 candidaturas se tornou a plataforma ou canal que coletou o maior número de opções de estatuetas—, este ano está muito mais equilibrado. A HBO somou 130 indicações, enquanto a Netflix ficou atrás de sua grande rival por apenas uma e chegou a 129. Já a Disney + multiplicou suas opções por três e alcançou 71 nomeações, impulsionadas principalmente pelas 24 de The Mandalorian e as 23 de WandaVision. Entre as plataformas, a Apple TV + atinge a apreciável cifra de 34 candidaturas, enquanto a Hulu chega a 25. A Amazon Prime Video terá que se conformar com 18 desta vez, menos que no ano passado. Entre os canais abertos, a NBC com 46 (e Saturday Night Live puxando as candidaturas, com 21 indicações), CBS com 26 e ABC com 23 são as que têm mais opções.
Para conhecer os vencedores será preciso esperar até o dia 19 de setembro, data da cerimônia de entrega do Emmy. Após a experiência on-line do ano passado (que recebeu aplausos generalizados dos críticos de televisão), o show deste ano voltará a ser presencial, com capacidade restrita aos indicados e seus convidados e um apresentador, o comediante Cedric the Entertainer, que terá a difícil tarefa de tentar superar, ou pelo menos deter, a queda de público de uma premiação que no ano passado marcou seu mínimo histórico, com apenas 6,1 milhões de espectadores nos Estados Unidos.
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