‘Disaster Girl’ vende a imagem por 500.000 dólares
Zoë Roth, hoje com 21 anos, foi fotografada em 2005 na frente de um edifício em chamas. A família manterá os direitos autorais sobre o arquivo em formato NFT e ganhará 10% sobre futuras transações
Em 2005, Zoë Roth, uma menina norte-americana então com 4 anos, foi fotografada por seu pai sorrindo de forma malévola em sua rua, numa pequena localidade da Carolina do Norte. Na frente dela, um edifício se incendiava. A imagem ganhou um concurso em 2007 e virou um meme enormemente popular, batizado como Disaster Girl (“a menina do desastre”), em que a cara da garota se combinava com imagens de diferentes catástrofes. Agora, 16 anos depois, o fato que tornou Roth famosa lhe proporcionou também uma pequena fortuna: a jovem vendeu sua popular imagem em formato NFT por 500.000 dólares (2,7 milhões de reais).
Roth tirou partido da mais nova febre da economia digital, os NFTs, siglas de non fungible tokens (“fichas não fungíveis”), que permitem associar qualquer objeto virtual (uma imagem, uma foto, uma animação, um vídeo, uma peça musical ou, neste caso, um meme) a um certificado de autenticidade. Este certificado, baseado na tecnologia Blockchain, é inviolável, não pode ser duplicado, e por isso permitem que esses arquivos digitais sejam vendidos como peças únicas, como acontece com as obras de arte.
Como NFTs foram vendidos recentemente o primeiro tuíte da história, publicado em 2006 por Jack Dorsey, fundador do Twitter (2,5 milhões de dólares); um artigo de Kevin Roose, colunista do The New York Times (três milhões de reais); e, na transação de maior repercussão, uma obra do artista Beeple que alcançou um preço equivalente a 372 milhões de reais na Christie’s. E a moda não tem jeito de que vai se esgotar tão cedo: o estúdio japonês de videogames Sega também anunciou que venderá como obras de arte as imagens e trilhas sonoras de seus games clássicos.
A imagem de Roth foi vendida como NFT por 180 unidades da criptomoeda Ether (2,7 milhões de reais), num leilão ocorrido em 17 de abril, como noticia o The New York Times. O comprador do meme foi a 3F Music, um estúdio musical com sede em Dubai, que recentemente comprou outros NFTs como o meme da noiva psicopata (Overly Attached Girlfriend), por 411.000 dólares, e a metacoluna do NYT sobre o NFT por 560.000 dólares.
Apesar da venda, a família Roth mantém os direitos autorais sobre a obra e receberá 10% do valor obtido em futuras transações. Este não é o primeiro caso de venda de memes. Chris Torres, criador do Nyan Cat, vendeu em fevereiro um NFT do célebre felino colorido por quase 600.000 dólares.
Roth, que agora tem 21 anos, cursa seu último ano na Universidade da Carolina do Norte, onde estuda disciplinas sobre paz, guerra e defesa. É discreta sobre ser a menina do desastre, embora a maioria de seus amigos e conhecidos saiba que foi a protagonista do meme. Não tem um trauma particular com sua experiência, e na verdade se mostra “grata” por tudo que lhe aconteceu. Mas espera algum dia fazer algo suficientemente significativo para que, quando alguém procurar seu nome, “Disaster Girl apareça na segunda página de resultados do Google”, disse ela ao The New York Times.