Estilista Pierre Cardin morre aos 98 anos
Costureiro italiano radicado há décadas na França foi um dos pioneiros do ‘prêt-à-porter’
Pierre Cardin (San Biagio di Callalta, Itália, 1922) morreu aos 98 anos. O estilista italiano radicado há décadas na França era uma das referências do prêt-à-porter e foi um pioneiro da moda acessível.
Com sua morte, o mundo da moda perde um de seus maiores. Pierre Cardin foi um dos responsáveis pela era dourada da moda no século XX, o homem que revolucionou o setor com o prêt-à-porter (“pronto para vestir”, em francês) e seus desenhos futuristas. Morreu nos arredores de Paris, a cidade de onde lançou seu império, forjado também à base de franquias.
Nascido Pietro Cardin, o visionário de fama mundial, filho de imigrantes italianos que se instalaram na França fugindo do fascismo no começo do século XX, morreu durante a manhã no Hospital Americano de Neuilly, a oeste da capital francesa, informou sua família à agência France Presse.
O desenhista criou seu império à base de necessidades: as das mulheres trabalhadoras. Em meados do século XX, enxergou um nicho de mercado, uma possibilidade, em vestir todas aquelas mulheres que, depois da Segunda Guerra Mundial, decidiam sair de suas casas para se incorporar ao mercado de trabalho. As lojas low cost de agora não existiam, e a maior parte delas não podia se permitir trajes de alta costura. Daí seu sucesso, que, licenciando sua marca, explorou também através de guarda-chuva, carteiras, lenços e uma infinidade de outros objetos.
Um recente documentário lançado no fim de setembro e uma longa entrevista ao jornal francês Le Figaro foram algumas das últimas aparições de Cardin. Neles, se mostrava contente, orgulhoso de uma carreira longa e frutífera. “Quando lancei o prêt-à-porter em 1959, as piores críticas caíram em cima de mim. O mundo [da moda] considerava inadequado fazer prêt-à-porter quando se vinha da alta costura. Pierre Bergé disse inclusive que ‘em três meses ninguém mais ouvirá falar disso’. E [Yves] Saint-Laurent fez o mesmo depois de mim, fingindo ser o primeiro! Nobody’s perfect [ninguém é perfeito]”, ironizou.
Em 2017, Cardin foi a Barcelona para apresentar uma peça de teatro que ele mesmo produziu e cujo figurino também criou. Na época, em uma entrevista a este jornal, afirmou: “A beleza é cruel quando as pessoas têm uma idade. O problema de Dorian Gray existe. No teatro precedemos o que é a vida”. Também afirmou há apenas três anos: “Não me sinto velho. Continuo desenhando, mas minha paixão é o teatro. No começo da minha vida quis ser ator. Há 54 anos me dedico ao teatro, sou o diretor teatral mais velho de Paris”. Desprezava a ideia da aposentadoria: “O tempo livre é a morte. A família cresce, o amor está feito, o prazer diminui, o trabalho é concluído... só resta ser”. Cardin interrompeu a conversa: “Por favor, ponha o nome dos atores [Thibault Servière e Federico Marignetti], do diretor de Dorian Gray [Daniele Martini]... Não estou aqui pela moda, mas pelo teatro. Quero promover os jovens atores”.
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