Vulcão Cumbre Vieja ganha uma terceira boca e duas novas línguas de lava mais líquida
Fluxo incandescente passou a jorrar pelo lado norte do cone, correndo para oeste na direção de Los Llanos de Aridane, o município mais populoso da ilha
O vulcão de La Palma aumentou sua atividade. Duas novas línguas de lava separadas por 15 metros emergiram do vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, escapando por uma nova boca dupla que se formou durante a noite, informaram fontes do Instituto Geológico e Minerador da Espanha (IGME) nesta sexta-feira. Estas duas novas línguas surgiram a 400 metros da cratera e são muito fluidas, segundo o Instituto Geográfico Nacional.
As novas emissões foram observadas por membros da Unidade Militar de Emergências (UME) e do próprio IGME. “Às 02h30 da madrugada do dia 1ºde outubro [hora local, 22h30 de quinta em Brasília] se produziram duas novas línguas, que ocuparam dois barrancos e se dirigem para oeste”, disse o geólogo Raúl Pérez, do IGME, que estava na noite passada a poucas centenas de metros do local onde surgiu a nova boca. “A pergunta é se vão convergir para a língua principal”, diz Pérez, como informa Manuel Ansede.
Tudo parece dizer que sim, embora não se saiba quando. A explicação foi do diretor técnico do Plano de Emergências Vulcânicas das Canarias (Pevolca), Miguel Ángel Morcuende. Em uma entrevista coletiva à imprensa, Morcuende afirmou que a lava corre paralelamente ao caminho original e que elas devem se fundir.
Estes se tornaram o terceiro e quarto centro de emissão do vulcão, somando-se à cratera principal e à boca que se abriu no final da semana passada. Esta última é, até agora, a que fornece a maior quantidade de lava que está chegando ao mar, num fenômeno que formou 27,7 hectares do oceano. “A nova boca é muito efusiva”, disse uma fonte, indicando que sua lava é mais líquida.
Ángel Víctor Torres, presidente (governador) das ilhas Canárias, afirmou que o vulcão La Palma já emitiu 80 milhões de metros cúbicos de magma, aproximadamente o dobro de Teneguía em 1971, mas na metade do tempo.
Manuel Nogales, representante do CSIC (agência espanhola de pesquisa científica) nas ilhas Canárias, disse a uma TV local que é uma má notícia que a lava não esteja correndo sobre uma língua antiga e já endurecida, porque assim ela poderá destruir mais imóveis e infraestruturas. Esta nova língua, ao norte da inicial, segundo os dados do CSIC, avança muito próxima da atual, na direção de Los Llanos de Aridane, o município mais populoso da ilha.
O Instituto Geográfico Nacional (IGN) diz que ainda não se sabe como a nova língua de lava se comportará, mas que o mais provável é que acabe se incorporando ao fluxo principal. Segundo o canal local de TV, o rio de magma se dirige ao beco de La Gata, em Los Llanos – um pouco ao norte do bairro de Todoque, já destruído pelo vulcão – e está atravessando a rodovia LP2, artéria fundamental para a comunicação na ilha. Alguns bairros nesse município, de cerca de 20.000 habitantes, já foram desocupados e arrasados pelo magma, como no caso de Todoque.
Neste sentido, o satélite Copernicus confirmou na manhã de sexta-feira que o número de imóveis atingidos passa de mil. Esse dado não diferencia entre moradias e outras edificações, como garagens e galpões de ferramentas agrícolas. Para isso, é preciso cruzar esses dados com os dos cadastros municipais.
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Há menos de 24 horas, a vulcanologista María José Blanco,do IGN, tinha informado que o vulcão Cumbre Vieja não só mantinha a mesma ferocidade depois da chegada da lava ao mar como havia se tornado mais explosivo, com uma chuva de cinzas mais intensa, conforme confirmou o IGN. O Plano de Emergências Vulcânicas das Canarias (Pevolca) não via, de fato, sinais de que “a dinâmica do processo eruptivo esteja estável”. Por isso as zonas de exclusão marítima e terrestre foram mantidas, bem como a retirada dos moradores.
Blanco, que é também porta-voz do Pevolca, e seu diretor-técnico, Rubén Fernández, mostraram certa preocupação com a qualidade do ar. Nas horas anteriores haviam sido detectados níveis muito altos de dióxido de enxofre e sulfureto de nitrogênio, os quais, em alguns momentos pontuais, superaram os limites habituais. Blanco observou, porém, que esta circunstância não significa que estejam sendo superados os níveis máximos toleráveis para a saúde humana.
Tanto Fernández como Blanco pediram à população de Tazacorte que evite ao máximo sair à rua e, quando o fizer, que tome muito cuidado e use máscaras PFF2. Os ventos previstos, além disso, não favorecem a qualidade do ar, segundo a especialista. Por isso o confinamento da população será mantido por enquanto nos bairros de San Borondón, Marina Alta, Marina Baixa e La Condesa. “Estas medidas serão mantidas até que se possa comprovar que os níveis são adequados”, disse Fernández.
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