_
_
_
_
_

Eclipse lunar e superlua, um espetáculo que pode ser visto parcialmente no Brasil na madrugada de quarta

A maior e mais brilhante Lua cheia do ano coincidirá com um eclipse lunar total, mas que começará quando já estiver amanhecendo em grande parte do país. Entenda o fenômeno

Lua cheia sobre Sanaã, no Iêmen, nesta terça-feira.
Lua cheia sobre Sanaã, no Iêmen, nesta terça-feira.YAHYA ARHAB (EFE)
Juan Miguel Hernández Bonilla
Mais informações
Imagen del cráter Ryder tomada por la sonda de la NASA LRO.
NASA confirma a existência de água na Lua
Mapa Unificado de la Luna
O mapa mais detalhado para explorar a Lua
Soviet cosmonaut yuri gagarin, first man in space, in the capsule of vostok 1, april 12, 1961. (Photo by: Sovfoto/Universal Images Group via Getty Images)
A difícil vida do astronauta Gagarin na Terra

O eclipse lunar total que poderá ser visto na madrugada desta quarta-feira de várias regiões da América do Norte, da América Latina e do Sudeste Asiático coincidirá com a maior e mais brilhante superlua do ano. Pelo horário de Brasília, esse duplo fenômeno começará quando já estiver amanhecendo, às 6h45, e alcançará seu ponto máximo às 8h11 —a depender da região e da luminosidade, será possível ver, no máximo, o início do eclipse, pouco antes que a Lua se ponha pela manhã. Mas você poderá explorar o fenômeno segundo a segundo com o Scientific Visualization Studio da NASA.

A superlua poderá ser vista em todo o planeta, mas o eclipse lunar total será visível apenas no oeste continental dos Estados Unidos e do Canadá, em todo o México, na maior parte da América Central, em algumas regiões da Colômbia e do Equador, no oeste do Peru e no sul do Chile e da Argentina. Francisco Andolz, diretor de missão do Orbitador de Reconhecimento Lunar do Centro de Voo Espacial Goddard, da NASA, destaca que a última vez que ocorreu um fenômeno duplo igual ao desta quarta-feira foi há mais de 400 anos. “A Lua viaja ao redor do planeta em uma órbita elíptica. Duas vezes por ano, nosso satélite passa pelo perigeu, o ponto mais próximo da Terra, e esse momento é chamado de superlua. Não é frequente que isso coincida com um eclipse total.” Andolz esclarece que em 2015 ocorreu algo semelhante, porque a Lua estava perto do perigeu, mas não no ponto mais próximo, como estará desta vez.

O cientista da NASA afirma que quando há uma superlua o efeito visual faz com que, da Terra, vejamos nosso satélite natural 14% maior do que o habitual. “Se compararmos com a aparência da Lua quando está no apogeu, o ponto mais distante da Terra, a diferença visual é de quase 30%”, assinala.

Além de parecer enorme e brilhante, a Lua da madrugada desta quarta-feira se tornará avermelhada. A explicação é simples. Juan Diego Soler, astrofísico do Instituto Max Planck, da Alemanha, afirma que a luz que será vista na superfície da Lua é a produzida pelo Sol depois de atravessar a atmosfera da Terra. “A atmosfera terrestre desvia os comprimentos de onda mais curtos, que correspondem ao violeta e azul, e deixa passar os mais longos, que correspondem ao vermelho.”

As fases do eclipse lunar deste 26 de maio.
As fases do eclipse lunar deste 26 de maio. NASA

Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$

Clique aqui

Por isso, poderão ser vistos todos os amanheceres e entardeceres do mundo refletidos na superfície da Lua em um mesmo instante. Quanto mais poeira ou nuvens houver na atmosfera da Terra durante o eclipse, mais vermelha parecerá a Lua.

O duplo fenômeno lunar será uma boa oportunidade de conhecer melhor aonde irá a Artemis, a próxima missão tripulada da NASA que chegará à Lua em 2024 e será a primeira com uma mulher. Andolz assinala que a Artemis ficará uma semana na superfície da Lua, terá quatro pessoas e será um dos primeiros passos para estabelecer um posto lunar e uma base espacial orbitando a Lua, que no futuro poderá ser utilizada como ponto de partida para Marte e outros lugares do sistema solar.

“Com essa missão, queremos encontrar os lugares propícios para estabelecer as bases lunares. Estamos pesquisando onde há materiais como titânio, alumínio, ferro, e como aproveitar esses recursos para construir as estações”, diz Andolz. “Além disso, estamos identificando onde há água. Sabemos que há água não só nos polos, como também em diferentes partes da superfície.”

Os cálculos do Orbitador de Reconhecimento Lunar que estuda o satélite há 12 anos mostram que pode haver uma xícara de água por dois ou três metros cúbicos de terra. “É muito pouco, mas serve”, diz o cientista. “Sabemos que teremos água para beber, e que pode ser transformada em oxigênio e nitrogênio para respirar e para fazer combustível que nos sirva para próximos foguetes.”

O Orbitador, que envia imagens, níveis de radiação e graus de temperatura, também revelou que o ponto mais frio de todo o sistema solar está na Lua. “A temperatura nas crateras do polo sul da Lua nunca passa de -240º centígrados. Por isso, estamos analisando lugares onde não haja climas extremos para chegar”, diz Andolz.

Soler, por sua vez, afirma que a missão Artemis é muito importante porque “faz quase meio século que nós, humanos, não nos aventuramos além da órbita do nosso planeta, e uma viagem tripulada à Lua é um passo intermediário necessário se algum dia quisermos ver pessoas na superfície de Marte”.

Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_