Nath Finanças: “Dizem que a economia não pode parar na pandemia. Mas para quem?”
Famosa por vídeos e tuítes em que ensina como usar o dinheiro da melhor forma, a estudante de Administração discute como organizar as finanças em meio à pandemia do coronavírus
A educadora financeira focada em pessoas de baixa renda e youtuber Nathália Rodrigues, conhecida como Nath Finanças, só aprendeu a cuidar do dinheiro quando sentiu no bolso os problemas de não organizar suas contas. “Muitas pessoas só aprendem quando ficam endividadas, para tentar sair dessa situação, de pagar juros atrás de juros. Antes, eu vivia para pagar boleto e cartão de crédito. Consumia por questões emocionais”, conta. Há um ano, a estudante de administração, de 21 anos, criou um canal no Youtube para falar de educação financeira de maneira prática e fácil e como evitar as armadilhas que encurtam o orçamento nosso de cada dia. Em entrevista ao EL PAÍS, nesta terça-feira, Nath falou sobre a importância de olhar semanalmente como andam as contas e o saldo bancário e de avaliar quais gastos são realmente essenciais em meio à crise gerada pela pandemia do coronavírus.
Na avaliação da educadora financeira, o auxílio emergencial de 600 reais voltado à população mais vulnerável foi essencial para milhões de brasileiros, mas pecou no quesito organização. “Apresentaram muitos calendários e parcelas em momentos diferentes. O que confunde as pessoas. Mas é muito importante que ele continue durante a pandemia”, diz. O fato de uma parcela da população não saber utilizar aplicativos de celulares e de bancos também dificultou o processo de utilização do benefício, que, primeiramente, só poder ser usado para pagamentos online. “Vivemos tanto numa bolha, onde todo mundo paga por um banco digital ou aplicativo, mas esquecemos que as pessoas continuam utilizando dinheiro. Não é todo mundo que sabe fazer pagamentos por aplicativo”, explica. Nath defende que a educação financeira seja ensinado desde cedo nas escolas e que as instituições financeiras expliquem até o que parece ser óbvio. “Para milhões de pessoas o óbvio não é óbvio”, afirma.
A pandemia evidenciou, segundo a educadora financeira, mais uma vez o tamanho da desigualdade no país. “O pobre não tem a liberdade de escolher se pode ou não trabalhar na pandemia, porque ele muitas vezes possui empregos que não são possíveis fazer em home office. Ele precisa sair para se sustentar”, diz. Nath explica que, mesmo antes das cidades começarem a reabertura dos comércios, a população mais pobre já saía para trabalhar, pegava ônibus e se colocava em risco em aglomerações. “Agora os mais ricos começam a dizer que economia não pode mais ficar parada. Mas a economia não pode parar para quem?”, diz. Assista na íntegra à entrevista.