_
_
_
_

Prédio residencial desaba em Fortaleza: “Vamos ficar até resgatarmos todos”

Nove pessoas foram retiradas dos escombros com vida pelos socorristas e ao menos outras nove seguem desaparecidas. Bombeiros agora dizem que não há mortos

Imagens feitas por moradores do prédio residencial de sete andares que desabou em Fortaleza nesta terça-feira.Vídeo: Reprodução/Redes Sociais
São Paulo / Fortaleza -
Mais informações
As imagens do desabamento de um prédio em Fortaleza

Um edifício residencial de sete andares desabou em Fortaleza (Ceará) por volta das 10h30 desta terça-feira. Ao menos nove pessoas seguem sob os escombros, uma estimativa dos bombeiros com base do relato de familiares sobre os moradores que seguem desaparecidos, e ao menos outras nove foram resgatadas após o desabamento do prédio, que fica no bairro Dionísio Torres, na área nobre da cidade. O Corpo de Bombeiros e a Secretaria de Segurança Pública do Ceará chegaram a confirmar um óbito no final da manhã, mas o governador Camilo Santana (PT) e o próprio comando dos bombeiros declararam no início da noite que não foram encontrados corpos nos escombros. O Governo ainda não explicou a divergência de informações entre os órgãos. Parte das vítimas resgatadas foi levada ao Hospital Instituto Doutor José Frota (IJF), o maior para trauma da região. O edifício tinha 13 apartamentos, todos ocupados.

"Os bombeiros vão procurar em cada fresta. Maquinário pesado nas primeiras horas não se aplica. Vamos ficar 24 horas em operação até resgatarmos todos", disse Eduardo Holanda, comandante do Corpo de Bombeiros, no começo da noite, quando os equipamentos e iluminação para o trabalho noturno eram montados. "Temos cães farejadores. São cães já premiados, que trabalharam inclusive em Brumadinho. Até o momento, todas as vítimas que retiramos foram com vida", seguiu Holanda.

Além do prédio residencial, um mercadinho e casas do entorno também foram prejudicados pelo desabamento. Um caminhão que estava estacionado na rua também foi soterrado. A operação de resgate reúne ao menos 400 pessoas, entre agentes da áreas de saúde, bombeiros e policiais. Diante da falta de contato das pessoas ainda soterradas, os cães farejadores iniciaram as buscas. Foi feita também uma varredura sonora na região para tentar localizar as vítimas. A Perícia Forense segue no local para a retirada de eventuais cadáveres.

Imagem do edifício residencial antes de desabar.
Imagem do edifício residencial antes de desabar.

Forte ruído e contatos pelo celular

O primeiro sinal da tragédia nesta terça-feira foi um forte ruído ouvido em toda a zona. Testemunhas e vizinhos afirmam que viram pessoas dentro do prédio no momento do desabamento e que algumas saíram correndo de dentro do condomínio logo após ouvirem um barulho forte. "Moro aqui perto e ouvi um barulho muito forte. Quando fui na janela, vi muita fumaça e pensei até que era incêndio. Mas não tinha fogo", conta a dona de casa Elaine Rabelo. "Um amigo e a filha dele moram lá no prédio. Tenho fé em Deus que eles vão sair com vida", segue Rabelo.

Soterrados pelos escombros, moradores do prédio que desabou e do mercadinho atingido chegaram a avisar a amigos e familiares sobre o desastre. Sob o concreto, o estudante David Martins Sampaio enviou foto para colegas e facilitou sua localização pelos bombeiros. Retirado do que restou do Edifício Andrea, ele foi encaminhado ao IJF.

O Corpo de Bombeiros orientou que todos os moradores da região deixem suas residências porque ainda há risco de explosões por conta de um vazamento de gás e também de choque elétrico, já que o desmoronamento atingiu a fiação. Abastecimentos de água, luz e gás chegaram a ser cortados no quadrante do prédio. Como a causa do desabamento ainda é desconhecida, a medida é necessária para evitar novos sinistros. Várias ruas do entorno também estão bloqueadas. Durante toda a terça-feira, moradores da região se mobilizaram para comprar água e comida em apoio aos bombeiros.  Psicólogos e assistentes sociais prestaram apoio às pessoas que ainda aguardavam informações sobre seus parentes.

Pistas sobre o desabamento

Um vídeo mostra que as vigas de sustentação do edifício do Dionísio Torres estavam deterioradas, com rachaduras nas colunas. Segundo a Prefeitura de Fortaleza, não há registro formal de obras no prédio. O presidente do CREA-CE, Emanuel Maia Mota, no entanto, afirmou que uma obra havia sido iniciada há alguns dias no local.

Bombeiro comemora encontrar vítima com vida em meio aos escombros em Fortaleza.
Bombeiro comemora encontrar vítima com vida em meio aos escombros em Fortaleza.Mateus Dantas

O governador do Ceará, Camilo Santana afirmou em nota publicada nas redes sociais que determinou o uso de "toda força operacional dos Bombeiros, Samu, Polícia Militar, Defesa Civil e todos os órgãos estaduais" para auxiliar no socorro às vítimas. Santana estava em Brasília e disse que está voltando para Fortaleza para acompanhar o resgate.

Há cerca de quatro meses, outro prédio desabou parcialmente em Fortaleza, no bairro Maraponga. Na época, 16 famílias que moravam no local foram evacuadas porque havia risco de o edifício desabar completamente. Neste caso, um laudo emitido por um engenheiro dois dias antes do incidente afastava risco de desabamento. Esse edifício havia sido construído sem alvará, e o caso ficou sob investigação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (CREA-CE).

A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou em 2012 uma lei com as normas para a inspeção predial na cidade, mas a Prefeitura nunca chegou a aplicar de fato essa lei. Em entrevista, o prefeito Roberto Claudio falou da necessidade de uma apuração rigorosa do desmoronamento, mas minimizou qualquer relação entre a aplicação da lei e os incidentes. "Os imóveis são privados. A inspeção não precisa ser lei. São responsabilidades de manutenção que todos nós temos. O mais importante papel da Prefeitura neste caso é garantir que as obras tenham tido licença, alvará e habite-se (auto de conclusão da obra) e dá-los só se elas tiverem condições adequadas". O prefeito evitou comentar a situação do edifício que desmoronou por não saber se ele tinha o alvará e os licenciamentos necessários. "Não temos ainda informações a dar. Tudo agora é especulação. Eu não quero comentar sobre especulação", afirma.

As vítimas resgastadas com vida em Fortaleza

1) Fernando Marques, 20 anos, foi o primeiro resgatado com vida dos escombros.

2) Antônia Peixoto Coelho, 72 anos. Estado de saúde é considerado grave.

3) Cleide Maria da Cruz Carvalho, 60 anos. Foi encaminhada para hospital com ferimentos no corpo, mas quadro de saúde é estável.

4) David Sampaio, estudante de 22 anos. Sofreu escoriações e foi levado à clinica particular de Fortaleza.

5) Gilson Gomes, 53 anos, estava em um mercantil ao lado do prédio

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_