Bachelet diz sentir “pena pelo Brasil” após polêmica com Bolsonaro
Presidente brasileiro elogiou Pinochet e comemorou morte do pai da alta comissária dos direitos humanos da ONU, assassinado pela ditadura chilena
Michelle Bachelet, ex-presidente chilena e atual alta comissária da ONU para os direitos humanos, disse que sente "pena pelo Brasil", referindo-se à recente polêmica com o presidente Jair Bolsonaro, que elogiou o ditador Augusto Pinochet e comemorou a morte de seu pai, um general assassinado pela ditadura.
"Se alguém diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, bem, que a morte de meu pai por tortura permitiu que o Chile não fosse outra Cuba, a verdade é que me dá pena pelo Brasil", disse Bachelet em entrevista à Televisão Nacional do Chile (TVN).
No início de setembro, Bachelet fez um balanço de sua gestão como alta comissária de direitos humanos, cargo que ocupa há um ano, no qual denunciou a redução de espaços democráticos e "um acentuado aumento da violência policial" no Brasil.
Essas declarações não agradaram Bolsonaro, que ofendeu Bachelet destacando a figura de Pinochet e referindo-se o seu pai, Alberto Bachelet, um general da aeronáutica leal ao presidente Salvador Allende, que foi torturado e morreu logo após o golpe de 1973. "Se não fosse o pessoal de (Augusto) Pinochet, que derrotou a esquerda em 1973, incluindo seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba", disse Bolsonaro.
Na entrevista, que será transmitida pela TVN neste domingo a noite, e a qual o jornal La Tercera conseguiu adiantar alguns trechos, Bachelet enfatizou que a redução do espaço democrático não ocorreu apenas no Brasil, mas é algo que "está em muitas partes do mundo".
Sobre seu papel na crise venezuelana, Bachelet disse que muitos a viam como uma espécie de "Virgem Maria" e acreditavam que, com sua visita ao país, um "milagre" acabaria com a crise política, econômica, social e humanitária, algo que está fora de suas funções na ONU.
"Sou uma alta comissária e quero manter meu relacionamento com o Estado venezuelano para continuar trabalhando e ajudá-los a resolver a situação crítica dos direitos humanos... porque há muitas pessoas que estão lá, que não saíram e que não estão em uma situação boa", disse ela.
Em relação a essa questão, ela também respondeu ao cantor espanhol Miguel Bosé, que pediu que ela "movesse suas nádegas" para visitar a Venezuela. "Eu sei que ele não passou bem os últimos tempos, que teve algumas dificuldades pessoais, mas a verdade é que ele me surpreendeu muito, porque novamente, mais tarde, me escreveu pedindo desculpas (...), mas insistindo no mesmo", disse a ex-presidente chilena, que governou o país em dois períodos: em 2006-2010 e 2014-2018.
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